capítulo 12

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Às vezes nossa única saída é entrar em um jogo suicida onde as chances de ganhar são quase inexistentes.

Stevan, Isabel, Rodheriqueson e até mesmo sua irmã estavam com uma arma apontada para sua cabeça. Segundos se passaram e ninguém moveu nem um só músculo, o tempo parecia ter parado naquele instante.

A sorte era algo que todos passaram a desconhecer naquele estado atual do mundo. Em um momento Nara estava com armas apontadas para sua cabeça e no outros algo a arrastava pelo chão varanda.

—Socorro!—ela gritou, tentou chutar e se desvencilhar do que lhe agarrava mas nada fazia efeito.

Ninguém foi lhe ajudar, seu corpo estava se arranhando todo, já estava sendo arrastada até o meio do afastado. Subitamente seu corpo parou de ser puxado e o aperto em seus tornozelos se tornaram inexistentes.

Meio atordoada levantou seu rosto para olhar ao redor. Se encontrava ao lado do corpo do seu vizinho que estava se decompondo, em um reflexo rápido se levantou pronta para correr ,porém em poucos segundos seu corpo estava sendo lançado de volta ao chão e dessa vez algo pesava a mais sobre si.

A sua vizinha, a mesma que havia esfaqueado seu próprio filho, estava por cima dela, as roupas delas estavam rasgadas e sujas de sangue, o cabelo caia sobre o rosto impossibilitando ela de ver maioria da face do carnificiendo. Nas mãos dela duas facas sujas de sangue se encontravam, ela parecia ter saido de um filme, aliás tudo ultimamente parecia um filme de terror.

Uma risada grotesca foi emitida pela mulher, o medo de Nara só aumentava. Sua mente gritava que precisava fazer algo, mas não tinha saída, havia agido como uma idiota e agora estava arcando com as consequências.

—O seu medo é tão grande mocinha isso torna tudo tão excitante, sua expressão lembra a do meu filho.— A mulher disse com uma voz rouca que não pertencia a ela antes de tudo isso começar.— Te matar de uma vez seria tão tedioso, quero ver até que ponto você pode aguentar viver. Logo mais nos veremos no inferno.

As palavras dela somente fizeram Nara ter mais vontade de lutar, não veria ela no inferno, pois já estavam em um e lutaria até o fim mesmo que sua morte não viesse a tardar.

— Sua forma de matar é tão clichê, chega a me dar sono, matar sem dar a vítima uma chance de se desesperar e fazer algo é muito tedioso.— Nara disse sorrindo, tentaria jogar um jogo onde um erro custaria sua vida.

—Do que está falando?— gritou a mulher.

—Vamos fazer um acordo.— Nara propôs e passou seu olhar pela rua até encontrar uma barra de ferro.—Você sai de cima de mim, eu pego aquela barra de ferro e você tenta me matar. Nós duas sabemos que eu não tenho a mínima chance contra você, mas isso lhe dará a diversão que você tanto deseja.

Emitindo uma risada a mulher se levantou de cima dela.

—Eu sei que jogo você quer jogar menina e tenha certeza que não irá ganhar.— a mulher debochou.

Naquele momento Nara teve certeza que tentar jogar com os carnificiendos era jogo perdido, eles tinham uma inteligência descomunal.

— Que Deus me ajude.— ela sussurrou enquanto pegava a barra de ferro.

— Já disse para você não falar em Deus garota.— uma outra voz rosnou.

Em um reflexo Nara olhou para trás, Stevan estava parado na calçada de braços cruzados. Aquilo só fez a raiva dela aumentar, ele estava ali e não a ajudava em nada.

Antes de conseguir dizer qualquer coisa um golpe veio em sua direção, por sorte conseguiu desviar. Logo tomou uma distância do carnificienso que ria esperando um ataque.

—Por que você não me ajuda?— ela perguntou para Stevan enquanto somente andava para trás com a barra de ferro em mãos.

— Eu não perderia meu tempo com isso, você que entrou nesse jogo, não sou eu que irei te tirar dele.— ele respondeu com indiferença.

Revoltada Nara olhou para trás, em sua expressão ele carregava um sorriso de diversão, ele realmente era um monstro tanto quanto os carnificiendos.

Pela distração ela quase perdeu um braço, a mulher havia tentado a golpear, por sorte ela sempre teve bons reflexos e somente ganhou um pequeno corte.

O rosto do carnificiendo agora era visível, sangue seco estava por toda sua face, um sorriso com dentes aparentemente podres ou demasiadamente sujos estava estampado em sua face, olhar para ela dava arrepios em Nara.

— Mal comecei a brincar e você já não sabe mais o que fazer, que luta chata.— a mulher reclamou.

Nara rapidamente varreu com o olhar toda a área ao seu redor, seu olhar logo focou na cerca da casa de Frabricia, aquela era sua única chance no momento. Ela correu até se encontrar de costas para a cerca, encarou a mulher e sorriu para ela, estava a desafiando e sabia que em poucos segundos ela estaria ali pronta para a matar.

A carnificiendo entendeu o sorriso dela, logo ela estava correndo com as duas facas apontadas para frente prontas para serem cravadas na menina.

O corpo de Nara pareceu paralisar por um instante, a mulher vinha correndo, sabia que se calcula-se o tempo erroneamente tudo estaria perdido. Ela tremia, a mulher estava a uns centímetros dela, o tempo parecia passar lentamente, não conseguia nem se mover, o pavor havia tomado conta de si. Quando pensou que não conseguiria mais, no último instante saiu do caminho e a mulher se chocou contra a cerca.

Sem pensar muito pois sabia que tinha que agir rapidamente, cravou a barra de ferro pelas costas da mulher até a perfurar pelo outro lado. Fazer aquilo lhe causou terror de si mesma, mas não podia fraquejar naquele instante, esperou um pouco para ver se a mulher se mexia, porém nenhum movimento foi feito.

Naquele momento toda a dor pode ser sentida, seu corpo estava todo ralado, suas costas estavam doendo intensamente, mal conseguia ficar de pé, sua perna machucada fraquejava a todo instante. Foi um milagre sobreviver.

Quando virou-se para ir de volta para casa encarou Stevan, ele continuava lá parado e agora a olhava com desdém.

— Você é um idiota!— ela exclamou o encarando com ódio.

Não recebeu resposta dele, subitamente a expressão dele mudou, ele estava abrindo a boca aparentemente para dizer algo, quando outra voz ecoou no local.

— O jogo não acabou ainda!— A carnificiendo gritou.

Nara não viu, foi descuidada demais, enquanto atravessava a rua lentamente se focando somente no ódio pelo rapaz do outro lado, não percebeu quando a mulher se levantou mesmo com a barra atravessando seu corpo e caminhou lentamente pronta para a esfaquear pelas costas.

Ganância - O início do fimOnde histórias criam vida. Descubra agora