Nara não conseguiu dar nem cinco passos antes de ter seu braço agarrado novamente. A pessoa ou carnifiendo imobilizou seus braços, não conseguia atirar muito menos se mexer e isso lhe causava pavor.
3 minutos. Esse foi o tempo que permaneceu parada com uma respiração irregular em sua nuca, podia tentar correr, fazer algo, mas esperava o momento certo, aliás o ser que a segurava também não fazia nada.
— Desculpa. — quem a segurava sussurrou de forma quase inaudível.
— O que? — ela indagou sem entender.
— Por favor não me faça repetir.— a voz repetiu em um tom mais alto.
— Stevan? — ela perguntou após reconhecer a voz.
— Você não entende, mas eu preciso agir dessa forma, eu preciso ser arrogante e um idiota, de outra forma eu não conseguiria suportar esse caos.— ele confessou.
Nara respirou fundo, não conseguia entender a forma dele de pensar.
— Imagina se todos agissem como babacas por pensarem que nem você, isso seria bom?— ela perguntou indiferente.
Stevan respirou fundo, não queria pensar na resposta daquela pergunta, não queria ter que admitir mais ainda seus erros.
— Me larga que preciso procurar minha irmã, que sumiu por sua causa.— ela enfatizou o final, não queria o machucar nem nada do tipo, mas não conseguia deixar de o culpar.
— Eu vim lhe ajudar a procurar. — ele sussurrou, parecia extremamente difícil admitir algo.
— A consciência pesou, foi?— ela perguntou irônica.
Novamente nenhuma resposta, sem paciência puxou o braço com força e saiu andando no meio do breu, já nem prestava mais atenção em nada.
— Shayene!— chamou novamente e nada.
Seu lado racional gritava que era louca por gritar na mesma direção em que sabia que provavelmente algum carnificiendo estava, mas ignorava completamente a razão. Logo alguém agarrou seu braço novamente.
— O que você quer, Stevan? Me larga! — exclamou tentando se soltar.
— Está falando comigo?— a voz de Stevan perguntou, mas ela vinha de longe.
— Não é você que está me segurando?— ela indagou já sentindo seu coração bater aceleradamente.
Não teve resposta, aliás não era Stevan que estava ali, logo escutou passos correndo longe dela. Mas não conseguia prestar atenção nisso e sim nas mãos segurando seus braços.
— Quem é você? — ela perguntou em um sussurro.
Medo. Era isso o que sentia, medo da resposta de sua pergunta, medo do que aconteceria a seguir, medo de algo de ruim ter acontecido a sua irmã.
Logo a luz de uma lanterna foi apontada em sua direção, ela escutou até Stevan xingar, mas não consegui prestar atenção nisso e sim na imagem que viu ao tentar enxergar quem a segurava.
Uma mulher sorrindo diabolicamente com sangue escorrendo de sua boca, seu cabelo antes loiro também se encontrava com várias partes em um tom de vermelho vivo.
— Bu!— ela exclamou.
Essa foi a última coisa que Nara viu e escutou antes de tudo se tornar um puro breu e perder a consciência.
Stevan não conseguia acreditar no tamanho azar que estava tendo. Já bastava a culpa pelo sumiço da pirralha, ainda teria que lidar com um carnifiendo e uma desmaiada.
Não estava em seu melhor estado, seu corpo se encontrava todo machucado e se sentia extremamente dolorido e exausto, porém não podia carregar o peso de mais nenhuma morte. Poderia muito bem tentar correr e fugir sem se importar com o morte evidente de Nara, aliás nem gostava mesmo dela, mas não conseguia fazer isso, não conseguia nem imaginar virar as costas e a deixar morrer.
Pegou a arma em sua cintura e quando mirou para atirar algo se chocou contra sua cabeça, só teve tempo de ver o carnificiendo que segurava Nara sorrir, depois disso mergulhou na escuridão.
Quando Stevan acordou sentiu sua cabeça doer, não conseguia distinguir nada a sua frente, sua visão se encontrava embaçada. Quando enfim conseguiu enxergar o local que se encontrava, no fundo desejou não ter visto.
O local estava cheio de corpos, destroçados, mutilados, esfolados, esquartejados e de outras formas que nem desejava entender como foi parar daquele jeito.
Estava com os pés e mãos amarrados jogado em um canto, sentiu um peso escorado no seu corpo e quando olhou para o lado encontrou Nara, a menina se mantinha desmaiada e apoiada em si.
— Garota!— ele chamou tentando a acordar, mexeu o ombro na intenção de só atingir seu corpo de leve, porém ela acabou tombando para o lado.
— Droga!— resmungo.— Nara, acorda!
Nada. Respirou fundo, essa menina estava atrapalhando todos seus planos. Não sabia quanto tempo havia passado, temia que os outros tivessem ido embora sem eles, mas sabia que eles nunca fariam isso, não até terem certeza de suas mortes.
Olhou ao redor estavam em uma dispensa, a porta se encontrava fechada. "Muito estranho isso" ele pensou, às vezes não sabia se tinham muita sorte por não serem mortos na hora ou o quê. Precisava criar um plano e sair dali.
As cordas em seus pulsos e tornozelos estavam tão apertadas que lhe causavam dor, não tinha mais sua arma, nem nada com o que pudesse se defender. Estava desarmado e literalmente de mãos atadas.
Quando voltou seus olhos pelos vários corpos mortos, o de uma menina chamou sua atenção, lhe lembrava tanto ela e aquilo era extremamente doloroso. Logo desviou o olhar e fechou os olhos respirando fundo, não podia deixar o passado vir a tona, não agora e nem depois.
Logo escutou barulho de passos próximos a porta, continuo de olhos fechado, fingir que ainda estava desacordado lhe parecia uma boa opção.
Logo o som da porta sendo aberta ecoou, escutou atentamente os sons dos passos, provavelmente dois carnificiendos estavam ali. Um deles parecia andar em sua direção. Quando os passos cessaram teve certeza que o carnificiendo estava o analisando.
— Não adianta fingir, sua respiração está muito acelerada para alguém que dorme.— a voz de uma mulher disse.— É tão medroso a ponto de ter que fingir para não ter que nos encarar?
— Um grande covarde.— outra voz feminina falou.
Stevan se enfureceu, não era covarde, não conseguia se segurar quando tentavam atingir seu ego.
— Covarde são vocês! Que possuem tanto medo que nos amarraram só porque sabiam que eu acabaria com vocês! — ele exclamou as fuzilando.
A que estava na sua frente foi a mesma que havia encontrado Nara. A segunda carnificiendo se encontrava mais atrás, logo percebeu que ambas eram gêmeas idênticas, até as roupas que vestiam eram iguais, aquilo fazia tudo se tornar mais macabro.
A primeira se agachou e passou a mão por seu rosto, chegou perto dele e passou a língua por seus próprios líbios sujos de sangue.
— Podemos brincar um pouco antes de qualquer coisa.— ela falou com malícia.
Stevan não conseguia nem acreditar naquilo, com nojo e sem conseguir se conter cuspiu no rosto da carnificiendo.
— Prefiro morrer!
No mesmo instante ela desferiu um forte tapa em sua face.
— Ele tem língua afiada, gosto tanto disso, que tal arrancarmos a língua dele primeiro? — a outra carnificiendo perguntou.
— Não, Clara. Vamos fazer algo melhor, te daremos a opção de escolha.— a primeira falou e sorriu passando a mão por seu abdômen.— Você é muito delicioso para morrer de qualquer jeito, podemos te dar qualquer tipo de morte que desejar. O que vai querer?
— Eu quero é que vocês vão para o inferno! — ele gritou.
Ambas gargalharam.
— Ainda não percebeu, gatinho? Nós já estamos no inferno.— Clara falou.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Ganância - O início do fim
Science FictionApós o seu pai se tornar o primeiro carnificiendo. Nara e a sua irmã, Shayene, se veem ao lado de um grupo de cientistas, precisando lutar para sobreviver num Apocalipse ao qual os filmes de terror não haviam os preparados. Não lutavam contra zumbi...