Capítulo 4

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André

Eu já estou é cansado. A manhã passou numa velocidade. E a faculdade já está lotada. É menino correndo para um lado, é grupos de garotas olhando as estandes e também os caras da faculdade. Parece pura diversão para quem vê de fora.

Já tirei mais de 2 mil fotos, sempre fui assim. Prefiro ter sobrando do que não ter. Olho o cronograma que ainda preciso cumprir. Cada estudante de Jornalismo do terceiro período ficou responsável por um número X de palestra a fotografar. E o professor ficará a cargo da apresentação de dança que encerra o dia.

Aquele movimento todo só me cansa a única coisa que eu quero é que o dia termine. E que após a apresentação da Yasmin, eu consiga escapar e ir para casa alegando dor de cabeça. Não estou mesmo afim de ir na social que os estudantes estão planejando no espaço de festa Spazio Giardini.

Saio do estúdio de Jornalismo e ao virar para ir cobrir a palestra do Augusto vejo a Dani. Ótimo quem eu não queria encontrar.

_ André, você, o garoto que eu queria encontrar hoje. Pedi a Yasmin para me passar seu número, mas acho que ela esqueceu.

A Daniela é daquelas garotas que é linda e sempre teve todos os caras aos pés dela.

_ Pois é, acho que ela comentou comigo mas foi muito rápido. Dani eu estou...

_ Aí lindo, me passa logo vai. Queria te ligar para conversamos melhor, e quem sabe não marcamos pessoalmente.

Dani se aproxima de mim e sua mão toca o meu ombro e começa a descer.

Sorrio e seguro em sua mão antes que ela continue descendo.

_ Vou te passar sim, mas agora eu realmente preciso correr. Tenho que tirar uma foto da palestra do Augusto.

Ela me encara e percebo que está com raiva. Mas o olhar volta ao normal em segundos. Ela segura um fio de seu cabelo e coloca para trás.

_ Okay gato! Hoje vou te ver na apresentação não é? E depois na social. Então conversamos melhor.

Ela se solta e desce e alisa a minha barriga.

_ Aí você é bem duro né?

Ela sorrir e se vira e sai andando ainda sorrindo da fala em duplo sentido.

Eu realmente preciso inventar uma desculpa para não ir naquela social.

Saio correndo e quando chego na porta da sala vejo que não tem quase ninguém. Uma menina passa por mim meio brava e quase me derruba.

Paro na porta e tem um garoto conversando com o Augusto. Vejo ele de costas e fico curioso, o menino é bonito.

Logo o garoto se vira e eu levanto a câmera, não quero que ele perceba que estava o olhando.

Aperto o disparo da câmera e logo, a fotografia está feita. Ainda tirando a câmera do rosto percebo que o menino está me olhando. E aquilo me deixa ao meu mesmo tempo feliz e temeroso. Mas, o reparo totalmente o cabelo curtinho, o olhar escuro mas cada traço em seu rosto me faz querer passar minhas mãos.

Ele só podia ser algum estudante de ensino médio que veio para a palestra do Augusto, mas ele parece ser mais velho.

_ Aleluia você apareceu André! Achei que não ia vim mais. Eu disse que precisava de uma foto. - diz Augusto.

Meu amigo, me faz desviar o olhar do menino para ele. Eu realmente estava atrasado, mas a culpa não foi minha. Como falar que foi a Dani, na frente de um completo desconhecido.

Reparo que o garoto me olhou com mais atenção quando ouviu meu nome, mesmo que tenha sido por poucos segundos antes de olhar para o Augusto.

_ Foi mal, eu fiquei preso em outra palestra, mas acabei de fazer a foto. Você viu o flash

Resolvo mentir, mesmo que seja por agora. Aliás, mentir, esconder, ocultar. São as coisas que mais ando fazendo mesmo.

Sorrio como sempre, acho que é meu escudo. Porque ninguém percebe nada.

O garoto começa a andar e passa por mim, meu corpo está em choque posso sentir. Gostaria de ir atrás dele e saber mais sobre, mas se eu for vai ser meio óbvio. Eu gostaria de saber se ele é gay. Mas e se for? Eu nunca fiquei com um garoto. Eu nem se quer pensei nisso direito.

Respiro e desço até a mesa onde Augusto está reunindo os papéis que utilizou na palestra.

_ Oh, foi mal mesmo a demora. A Dani me segurou no corredor e aí perdi a hora.

Augusto dá um sorrisinho.

_ Ela te segurou foi? Não sabia que a Dani era tão forte.

_ Idiota! Você sabe que ela sabe segurar com palavras mesmo.

_ Eu sei, olha ela está caidinha por você. Fica com ela logo que ela sai do seu pé. Ou sei lá, corta de uma vez. Mas, preciso concordar com o que o Félix disse mais cedo, ela realmente é muito gostosa.

_ Nem tinha reparado, mas não sei mesmo cara. Não quero namorar com ninguém, não quero me amarrar, ando com tanta coisa na cabeça. Vou é dizer que não estou afim.

Augusto me encara.

_ Está tudo bem cara?

_ Está sim, é só cansaço mesmo. Acho que estou meio cansado do período.

Saímos da sala e eu só queria ter tido coragem e falado logo a real para o Augusto, mas não sei . Não é fácil e se não é fácil contar para meu amigo de infância, nunca será para contar para o mundo.

Seguimos pelo corredor, vimos Félix com a Julia e ele está super interessado em ajudá-la na sala de som. Ele nos vê e faz sinal para que não entrássemos. Concordo e seguimos direto para o auditório de dança.

Nem estou crendo que finalmente posso sentar e esperar a Yasmin se apresentar.

Ao entrar no auditório, ele ainda está vazio. Só será aberto dali a uma hora, mas a Yasmin sempre deixava autorizado a entrada nossa. Acho que era a forma dela deixar claro que se perdêssemos qualquer apresentação dela, ela nos mataria.

Assim que me sento no meio do auditório, vejo a Yasmin. Ela está passando alguma parte da dança no palco. O Augusto se senta ao meu lado e ficamos lá quieto só olhando.

Será que seria diferente se ele soubesse sobre mim? Será que ele ficaria na boa de sentar ao meu lado, de se trocar perto de mim? Ou tudo mudaria?

Ser outra pessoa o tempo todo é pesado demais.

Duas Metades (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora