Félix
Eu só quero correr, eu não acredito que ele me falou isso. Claro, eu já desconfiava. Não sou tão lerdo quanto o Augusto, aliás ninguém é!
Mas ouvi aquelas palavras da boca de um amigo de infância não é simples. Não, eu não tenho preconceito. Eu realmente não ligo se ele gosta de homens, de mulheres, de ambos. O problema não é esse e nunca será esse.
Passo pela salão da portaria do prédio. Eu quero correr, correr para o que está dentro de mim não saia.
Já está tarde, eu deveria ter ficado quieto. Mas eu sei o destino dele. Eu sei como um dos meus melhores amigos irá terminar e é isso que me assusta. É isso que não me deixa ficar tranquilo.
Me sento na pracinha do condomínio. E deixo as lágrimas rolarem. Não irei conseguir passar por tudo aquilo novamente. Não irei suportar perder outra pessoa importante para mim. Ainda mais pelo mesmo motivo.
O pior que eu sabia, desde o primeiro momento que me aproximei de André. Aquela noite na escola, quando vi aquele olhar nele quando o Augusto e eu chegamos e tiramos o filho da mãe do Giovani e do Rodrigo da sala.
O André nunca quis nos contar o que aconteceu, mas é óbvio o que rolou. A expressão dele, o Giovani ajeitando o short e o olhar do Rodrigo. Foi só juntar tudo e entender o que eles iriam fazer com o meu amigo.
E depois daquele dia, eu fiz tudo o que podia para o André ter mais sossego. Só que sempre soube. As olhadas, o jeito. O mundo não é um lugar ideal para aqueles que sentem demais, se entregam demais. E o André sempre foi assim.
Algo que sempre percebi é que ele sempre tentou disfarçar e eu não disse nada. Não cabia a mim dizer. Claro, que o Augusto deve ter levado um pequeno choque. Mas a lerdeza dele é imensa. Tanto que nunca notou que a Yasmin o ama.
Meu celular ascende e percebo que é uma mensagem do Augusto. Ele quer me encontrar. Sabia que a mensagem iria chegar. Óbvio que o "super herói" não ia deixar aquela história daquele jeito.
Respondo concordando. Essa noite é a noite das verdades e a que eu carrego vai explicar tudo. Porque sei que o Augusto deve está querendo me matar pela a minha reação.
Volto com calma, preciso está preparado para enfrentar "a fera" que meu amigo deve está e principalmente para contar o motivo da minha reação.
Aviso que estou subindo e ao sair do elevador me deparo com Augusto de cueca e uma camiseta larga, que provavelmente é do André.
_ Ui, isso tudo foi pra mim? - brinco.
Ele me encara e não responde. Pelo jeito está realmente puto comigo.
_ Félix, me conta a real. Por que você deixou o André chorando e correu quando ele contou...
Augusto para de falar, ele se da conta que estamos na porta da casa do André e que qualquer pessoa pode ouvir.
Ele me chama para entrar e entramos em silêncio. A porta do quarto do André está entreaberta e entramos. Olho e vejo que ele está dormindo.
_ Pronto, agora podemos conversar. Não dá para falarmos alto. Mas aqui, é mais difícil alguém ouvir. - diz Augusto.
_ E também não tem o risco de a tia Velma levantar e vê você no corredor de cueca.
Augusto revira os olhos.
_ Okay, me conta a verdade. Eu que sou lerdo entendi logo o que o André ia falar. Então, você já deveria saber né?.
Óbvio penso, mas apenas balanço a cabeça confirmando.
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Duas Metades (Romance Gay)
Teen FictionPaulo ainda não sabe o que fazer do futuro, vindo de uma família pobre, ele trabalha de dia e faz supletivo à noite. Seu sonho é fazer faculdade de Direito e ajudar seu irmão mais novo e sua mãe. André vem de uma família da alta sociedade. Sempre v...