Capítulo 37

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Giovani

Ótimo, tudo saiu como eu queria. André já disse que topa me encontrar. E eu já tenho o local perfeito.

Lógico que quando ele chegar vou avisar para o Henrique soltar o Paulo. Se ele quiser, claro. Porque depois do meu encontro com o André, eu só vou querer minha vingança final. E dependendo do que o André disser, ele só será o primeiro que irei destruir.

Está amanhecendo, sei que o André deve está acordado. Quero encontrar com ele logo, não sei se o tapado do Henrique lembrará de dar o remédio que deixei com ele. Então, quanto antes melhor.

André, iremos nos encontrar hoje as 18 horas da tarde. Você me espera no estacionamento da PUC e eu vou te levar até o local onde ficaremos a sós. Nem tente dá uma de esperto. Se eu perceber que um dos seus machos ou a polícia está nos seguindo, você morre na hora e o Paulo também. Até que seria bem poético hein? Vocês dois morrerem juntos, isso me lembra uma história que vi em algum lugar.

Envio a mensagem e vejo o sol terminar de nascer. Naquela noite eu teria o que sempre quis. De uma forma ou de outra.

Olho para a foto na proteção do celular, é ele. Mesmo eu dizendo que não tinha passado de algo físico. Aquela imagem ainda me remete saudades. Ainda lembro da expressão triste que deixei nele quando disse que podia ter nada entre nós. Que aquilo era errado e pra mim, era apenas um lugar que eu podia enfiar.

Disse e fiz tudo para machucar. Ele tinha que entender que não podíamos ficar juntos. E como o machuquei, ainda lembro dele gritar e pedir para eu parar. Dizendo que eu estava diferente, que nunca tinha feito aquilo daquela forma. Mas, tudo era calculado.

Até mesmo eu o deixando chorando e indo embora. Foi algo que se eu não fizesse, seria pior o adeus.

Aquele meu prazer secreto, aquele que se vazasse destruiria minha vida por completa. Meu pai sempre me ensinou a ser homem. Sempre deixou claro que um homem tem que ser pegador de mulher. Que a pior coisa que podia acontecer era um homem se deitar com outro. E todas as vezes que ele me via olhando para o Luis, ele me batia.

A verdade é que meu pai sempre desconfiou. Mesmo quando eu não me entendia. Lembro de todas as surras que levei, a primeira eu devia ter meus 4 anos. Ele me levou ao shopping e não sei o motivo mas gostei de uma boneca. Ele me puxou pelo braço e no estacionamento me bateu. O primeiro tapa na cara veio com o aviso para não chorar, pois para ele homem não chora. O segundo veio com o lembrete que homem não brinca de boneca.

Depois daqueles primeiros, durante toda a minha vida, todos os momentos que lembro dele é ele me dando uma surra. Quando o Félix deu um jeito do pai dele nos mudar de cidade, meu pai me espancou muito. Ele não quis saber o que tinha acontecido. Apenas chegou e disse que teríamos que nos mudar e que a culpa era minha. E naquele dia, ele só parou quando mãe me viu sangrando.

Quando mudamos de cidade, eu tentei fazer tudo aquilo que ele falava e as surras pararam. E quando comecei a levar mulheres e mulheres lá pra casa, foi quando ele me deu as coisas. Dinheiro, carro, viagens.

Chegar bêbado em casa era ótimo. Ele ria junto comigo e eu sempre ouvia que era o garoto dele. E como eu bebia, era assim que eu levava tudo.

As meninas nunca foram o problema, sempre tive todas que quis e mesmo lutando comigo mesmo. Era difícil. Eu tinha que está louco para pensar em alguém. Só assim ia. Mas claro, todas as garotas queriam ficar comigo. Na época do ensino médio, eu era o mais procurado. Rico, alto, malhado. E não só as alunas, professoras, mães, tudo eu peguei.

Tudo estava no eixo até que ele chegou na escola. Sorriso que me deixou fissurado. Logo passou o rodo na escola, só que não parava de me olhar quando estávamos só nós dois. E um dia, no banheiro da escola quando estávamos nos trocando, a sós, ele se abaixou e me chupou. Sem falar nada, sem explicar nada. E foi ótimo. Dali em diante não paramos mais. Mas claro, tudo era escondido. Ele continuou sendo o delicioso pegador e eu também. Mas quando a gente se encontrava a sós, o céu era o limite. E assim foi por anos. Até que, veio a minha chance de sair de lá. E ele veio com o papo de amor. Naquela noite fiz tudo que quis da minha forma, pois sabia que nunca teria perdão. E não teve.

Olho pela janela, me perdi nos pensamentos e a hora passou. O sol já está no alto e eu levanto. Preciso me arrumar. Mais tarde encontrar com o André e pela primeira vez sentir o que desejo.

No celular duas mensagens estão lá. Uma é da cachorra da Dani perguntando se vamos nos ver hoje. Ontem ela reclamou que não foi o que ela queria , mas já está aí querendo mais.

Claro que ela ia querer. Na primeira vez nossa, a fiz delirar muito. É só eu beber que tudo dar certo.

Respondo dizendo que hoje não daria e claro que omito que sequestrei o Paulo. Não confio totalmente nela.

Ela não responde mais e eu sei que ela não gostou, mas paciência. Logo ela vai ser só mais uma que eu comi e que ficou pedindo mais.

A outra mensagem é do André, ele concordando com o local e a hora que mandei. Claro que ele ia, não tem muito o que ele pode fazer.

Ligo para o Henrique e ele atende logo dizendo que Paulo ainda não acordou. Já o aviso que ele precisa ficar de olho. Nada pode dar errado. São só algumas horas e depois o André será meu. Todinho meu. E depois dele, posso dar o jeito definitivo no Félix. Uma bala, é tudo que eu preciso.

Duas Metades (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora