Capítulo 33

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Paulo

_ Tá bom, amor, também te amo. Pode deixar que vou me cuidar.

Desligo o telefone, ainda preciso voltar e assistir à última aula. Só sai porque o André não parava de me ligar. Entendo a preocupação dele, mas aqui, no meio bairro, eu estou seguro. Sou cria daqui, se tem algo que as pessoas aqui fazem é se proteger.

Me viro para entrar e vejo Henrique. O que ele está fazendo ali?

_ Henri...

Henrique
(1 hora antes)

Cansado do meu irmão, ele realmente pensa que é a pessoa mais foda do mundo. E ele não passa de um viado escroto. Se ele soubesse o quanto de merda que eu já ouvi por conta dele. Quanta zoação. Fora que, foi por culpa dele  que nosso pai acabou traindo a mãe. A vergonha de ter um filho que dá o rabo.

Sentado vejo um carro parando perto da minha casa. E o cara retira o celular e fotógrafa meu irmão. Quem é aquele playboy? Por que está fotografando o meu irmão? Desço e dou a volta na rua parando perto do carro.

_ Qual foi? Fotografando a minha casa? Ou o viadinho do meu irmão? - digo em frente à janela do carro.

Pelo jeito do garoto. Ele se assustou.

_ Você quem é? - pergunta.

_ Eu que te pergunto, você está na minha quebrada.

_ Okay. Meu nome é Giovani e sim, eu fotografei a fruta do seu irmão. Tenho negócios a tratar. E ele vai ser apenas um joguete pra mim.

Bom, eu gosto do que ouço.

_ Interessante. Não me importa os seus joguetes. Eu só quero saber uma coisa. Meu irmão vai sofrer se der certo o que você quer? Se sim, quero ajudar! Já está na hora do Paulo ter uma lição. Ele escolheu essa vida, merece sofrer.

Giovani me olha e dar uma gargalhada bem sinistra.

_ Bom, eu não quero me sujar diretamente. Mas, se você me ajudar podemos dar um baita susto no seu irmão. Um susto que ele nunca vai esquecer.

_ Eu topo! - claramente quero uma chance de tirar o sorriso bobo que o Paulo anda. Ele vai aprender que é uma bicha escrota.

_ Bom, eu quero dar um susto nele. Apenas isso. Ele vai sair hoje para algum lugar? Se sim, dá para fazer o que estou pensando.

_ Ele tem supletivo. Vai sair agorinha de casa e correr para lá. - digo.

_ Ótimo, vai ser lá. Você vai precisar me ajudar. Não vou matar seu irmão, isso já te adianto. Só quero que ele fique incomunicável durante 48 horas. Porque aí eu consigo o que eu quero. Então, vou da uma paulada nele. O que já vai deixar ele desacordado. Nisso, você entra. Você vai levá-lo para algum lugar e deixar ele lá. Eu tenho uma substância que vai o dopar. Você vai precisar dar outra pra ele amanhã. E nisso, ele ficará sumido o tempo que preciso. Agora, caso você queira fazer qualquer coisa a mais com ele, não quero nem saber. Eu só preciso que seu irmão fique incomunicável por 48 horas.

Um lugar, isso é fácil, eu tenho o barraco onde rola as festas do meu grupo. Fácil deixar ele lá.

_ Bom, fechado! Você só vai precisar me ajudar a levá-lo até o local. Não é longe. Mas não vou aguentar levar ele sozinho sem chamar atenção.

_ Okay. Entra aí, e vamos esperar seu irmão. A hora certa vai chegar - diz Giovani.

Entro no carro e mostro onde é o local do supletivo. Ali esperamos.

Henrique ( Momento do rapto)

_ Porra, seu irmão é muito cdf ele não sai da porra da sala hein!

Realmente, o Giovani está certo, já estamos aqui plantados e nada do Paulo sair pra fora do prédio.

Eu olho de novo, e nossa sorte muda. Ali está, o Paulo saindo com o celular no ouvido.

_ Eu vou da a volta. E quando eu der o sinal que não tem ninguém vindo. Você age! Aqui o povo se cuida demais. Então, se alguém ver o Paulo levando uma paulada vão interferir. - digo e saio do carro.

É hoje que meu irmãozinho vai sentir o medo e um pouco da dor. Ele vai entender o que eu sinto todos os dias por ter que aturar alguém como ele. E saber que tudo que deu errado em minha vida foi por culpa dele! Só dele!

Dou a volta e me aproximo devagar. Não tem ninguém perto. Volto e aviso para o Giovani. Paulo está no celular e não percebe as nossas aproximações. Vejo quando ele desliga. E aproximo mais rápido.

Ele me olha.

_ Henrique é...

Giovani o acerta e eu o seguro. Meu irmão cai nos meus braços tão impotente. Tão fácil de destruir.

_ Anda, vamos logo. Quero levar ele logo para o local. Ninguém pode nos ver.

Com a ajuda do Giovani levamos Paulo para o barraco. Sei que lá ninguém vai nos incomodar. E é fácil esconder de mãe também. É só falar que estou na casa do Zé esses dias. E o Paulo, invento que ele me falou que ir ficar na casa da gostosa da Jessica. Aquela deusa que se me desse condição eu ia levar para o paraíso.

_ Toma, está aqui. Você precisa dar pra ele hoje de madrugada e amanhã também. Não esquece. Porque se não, ele pode acordar. Se fizer isso, pode ter certeza que seu irmão vai sofrer uma dor imensa. - diz Giovani.

Giovani se vira e eu fico lá, a sós com meu irmão, com o cara que destruiu a minha vida e a minha família. Eu posso fazer o que eu quiser com ele e ninguém saberá. Eu posso matá-lo aqui e ninguém iria descobrir.

Olho para o Paulo deitado e pela primeira vez em muito tempo eu fico feliz. Paulo sempre foi imbatível, sempre se sentiu único, e ninguém o via como eu. Acho que só nosso pai o enxergou de verdade. Um viado nojento que podia ter escolhido não viver essa vida. Mas ele nunca pensou em nós, apenas nele.

O faço engolir um comprimido e me sento sabendo que as próximas horas serão incríveis. Só espero que Giovani o faça sofrer. Porque nisso, não vou sujar minhas mãos e mesmo assim, irei ver meu irmão se definhar. Só 48 horas. Apenas isso para destruir a vida daquele que destruiu a minha família.

Duas Metades (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora