Capítulo 52

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Yasmin

Ouço Dani falando com alguém ao celular. Ela está do lado de fora do apartamento. Quanto tempo fiquei desacordada? Eu não faço ideia, mas pelo o que ouvi entre os momentos de lucidez foi que o Giovani iria encontrar com o Félix na rua perto do apartamento.

Percebo que estou solta, nem amarrada fui. Eles confiaram mesmo que iriam sempre me deixar desacordada.

Levanto da cadeira e me escondo atrás da porta. Eu preciso sair daqui. Só preciso passar pela Dani. Eu fui tola de achar que ela queria ajuda. Que queria conversar.

Demorei muito mais que deveria para perceber a cobra que eu chamei de amiga, e mesmo depois de tudo eu achei que ela não seria capaz de fazer o que fez. E agora, estou aqui.

Tá bom, mãe. Eu ligo para a senhora quando pousar em Paris. Não se preocupe comigo, sua filha deu o maior golpe. Igual a senhora me ensinou a fazer.

Ela está indo para Paris? Então é isso? Ela vai fugir com o Giovani. Tudo isso para ter mais dinheiro, mais riqueza? A Dani sempre foi muito ambiciosa, sempre foi muito gananciosa. Lembro de tudo que fiz por ela. As festas que fomos, os vestidos que ela amava quando eu liberava da loja. Mas tudo isso, eu sempre fiz de bom grado. Só que, aos poucos eu vi o lado dela mais mesquinho. E agora, isso! Eu achando que ela tinha sido manipulada, chantageada e no fim das contas ela me traiu. Traiu alguém que dizia ser amiga.

Está bem, vou desligar. Beijos mãe!

Ouço Dani abrindo a porta e me preparo. É a minha única chance para que eu saia dessa e impeça a loucura toda.

_ MEU DEUS! CADÊ VOCÊ PUTINHA? - Berra Dani ao não me vê na cadeira.

Passo por trás dela e a empurro na cama. Enquanto ela tenta levantar passo pela porta e a bato. Corro no corredor e para a minha sorte o elevador está parado. Entro correndo e o fecho. Escapei. Mas ainda não acabou.

Saio pelo hotel em disparada, e corro para o local do encontro. Ouço as sirenes da polícia passando perto. Será que eles armaram para o Giovani? Será que tudo vai acabar bem?

Aperto o passo e mesmo ainda zonza, não paro de correr. Eu os avisto de longe. A polícia está parando, eu estou chegando, eu estou chegando. Vejo de longe o Félix e o André.

Eles estão bem, tudo vai acabar bem sim!

BUM!!

Não, não, não, isso não está acontecendo. Mesmo um pouco de longe eu consigo vê. O tiro e Félix caindo.

Mas não consigo acreditar. Eu quero morrer.

Volto a correr e a polícia já cercou eles. Paro e vejo um segundo disparo. Giovani atira na própria cabeça.

Tudo acontece rápido, a polícia sai até ele eu berro. E corro empurrando todos. Eu preciso ir até meu amor. Meu bad boy que no fundo vestiu a capa branca e bancou o herói.

Corro e me abaixo. Félix está no colo de André que chora sem parar. Me ajoelho perto deles.

_ Me desculpa, Yasmin. Esse tiro era para mim. Mas o Félix entrou na frente e eu não pode fazer nada. Ele quis bancar o herói. - diz André entre as lágrimas.

Eu o olho e entendo. Não tem como não entender. O Félix sempre cuidou de nós. De mim e dele principalmente.

_ Eu sei, o Félix sempre foi assim. Ele nunca iria deixar um de nós se machucar ou morrer com ele perto. Esse é o nosso amigo, o nosso bad boy, o defensor de todos. Aquele que sempre disse que tinha mais trevas do que luz. Mas nunca entendeu que as trevas também brilham como a luz.

Paro de dizer e olho para o rosto de Félix. Ele está me olhando, mas quando coloco as mãos em seu peito, fico com ela molhada de sangue.

_ Eu sei que você está ouvindo Félix, então nem ouse em morrer e me deixar. Eu te proíbo. Você não pode me deixar, você não pode ir embora agora, logo agora que estamos nos entendo. Logo agora que eu percebi que você é amor da minha vida. Logo agora que entendi o quanto você é especial. Félix.

Preciso respirar para continuar, não consigo falar muito sem chorar.

_ Félix, você foi meu protetor, meu guardião quando eu mesmo não sabia. Você foi meu Romeu e me amou escondido quando eu mesmo não sabia o que era o amor. Você foi meu Travis Madox e me levou para o céu! Você foi e é tudo que eu espero de alguém. Por favor, não me abandone agora. Por favor, lute pela vida, lute por nós, lute por mim mais uma vez. Por favor fique e viva ao meu lado. Por favor, eu quero ter uma vida ao seu lado. Não quero que seja apenas um capítulo, eu quero que você seja o livro todo.

_ Yas...mim...

Ele tenta fala, e eu o calo. Ele precisa guardar suas forças.

_ Só me escuta, Félix. Poupe suas forças. A ajuda está chegando. Félix, eu te amo! - Digo diretamente.

Abaixo meu rosto e lhe dou um selinho e torço para aquele não seja o último.

A ambulância chega e os paramédicos o tiram da gente. Vejo o pai dele de longe, ele também está chorando e entra na ambulância com ele.

André me abraça e eu retribuo. E ali, fico com ele. Abraçando o meu melhor amigo e vendo o homem que eu amo indo em uma ambulância.

Fecho meus olhos enquanto abraço o André. E rezo para que tudo isso melhore. Esse não pode ser o fim da nossa história. Esse não pode ser o fim do bad boy do nosso grupo.

À noite nos cobre e os polícias nos levam para a delegacia. Falo tudo, falo de quando cheguei da Dani e depois da fuga. O delegado anota tudo. Mas a única coisa que eu quero é ir para o hospital.

Meus pais chegam e sem entender nada começam a ouvir a história toda. Eles surtam, mas me levam junto com o André para o hospital.

Ao entrar no hospital, meus amigos estão lá. Augusto chora em um canto sendo amparado pela Jessica. Paulo corre e abraça André. E aquilo me emociona muito. André também sofreu muito nessa história.

O médico aparece no corredor e sinto um calafrio.

_ Quem é o pai do Félix? Tenho uma notícia para dar...

Duas Metades (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora