André
Aquele dia tudo parecia estranho, acordou chovendo, eu não estava totalmente animado, e naquela época, com meus 12 anos, eu ainda gostava muito de ir para escola. Mesmo que fosse apenas mais um.
Olho pela janela do quarto e tudo volta...
Era uma sexta feira e todos estavam empolgados, pois iríamos ter a primeira noite do pijama. Um evento marcante para os alunos, já que, só iriam nelas os alunos da sétima e oitava série, ou seja, os maiores.
Desde que entrei na extinta quinta série, todo mundo falava da noite do pijama na escola. Que era à noite que todo mundo curtia a rodo com os amigos e comia besteira.
Claro, iam vários professores, mas todo mundo queria ficar bem longe deles.
Como a noite só começa às 17 horas, passei o dia todo debaixo da coberta. Eu não queria muito ir, mas meu pai já tinha intimado a minha ida. Segundo ele, era o momento que ele tinha se tornado homem. E que todos os filhos dos amigos dele também iriam.
Claro, esse sempre foi meu pai. Onde os filhos dos amigos iam eu tinha que está lá.
Meu pai fez questão de me levar e quando me deixou na porta da escola me deu um pacote e disse que era para eu me divertir. Só dentro da escola que soube que era um pacote de preservativos. É claro que eu sabia o que era. Nesse ano o que mais tinha no colégio particular eram aulas sobre educação sexual. Ninguém queria que os futuros herdeiros tivessem uma mancha no nome da família.
Entrei e fui direto para a biblioteca. O local que sempre fiquei. Onde conheci tantas coisas sem sair da cadeira. Mas, claro, tinha que está fechado.
Procurei um professor que me mostrou a sala onde os garotos da sétima série A dormiriam. Deixei minha mochila num canto e sentei. Na mochila tinha levado escondido o meu exemplar de Harry Potter e as Relíquias da Morte.
Li tanto que quando reparei as luzes da escola já estavam acesas. Parei bem na morte do meu personagem mais querido. Me levantei e a garotada estava toda no pátio, ou a maior parte. De fato, eu desligo do mundo enquanto leio.
Caminho para a cantina, lá também está lotado e é fácil saber o motivo. O cheiro da pizza atrai todos.
Entro e pego um pedaço, avisto os dois filhos dos amigos do meu pai e a menina que vivia com eles. Estudamos na mesma escola, mas simplesmente nos cumprimentamos. Como acontece, quando nos encontramos nos eventos de nossos pais.
A professora Glória entra no refeitório e avisa que é para todos se reunirem no pátio, pois iriam fazer uma roda musical. Típico de escola.
Me levanto e sento mais afastado, nunca gostei de ficar no meio das pessoas. Ainda mais estando todas as sétimas séries e todas as oitavas.
A única coisa que eu quero, é que a professora libere para irmos brincar, no meu caso, quero voltar ao meu livro.
As músicas são legais, mas não conheço muito. Logo a professora nos libera para irmos aproveitar a noite com os amigos, lanchar ou até mesmo assistir ao filme que eles alugaram para à noite.
Me levanto e vou para sala, sei que a uma hora dessas ela vai está mais vazia do que agora, que já não tinha quase ninguém. A minha turma é mega animada, então todos os garotos devem estar atrás de alguma menina.
Pois bem, eu não sou assim. Nunca me senti atraído fisicamente ou emocionalmente por uma menina. É claro que nunca contei isso a ninguém. Não é algo que se conta.
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Duas Metades (Romance Gay)
Teen FictionPaulo ainda não sabe o que fazer do futuro, vindo de uma família pobre, ele trabalha de dia e faz supletivo à noite. Seu sonho é fazer faculdade de Direito e ajudar seu irmão mais novo e sua mãe. André vem de uma família da alta sociedade. Sempre v...