Capítulo 27

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Paulo

Nenhum sinal do André ainda, e isso não é bom. Não consegui pregar o olho e a Jessica já me pediu para me concentrar umas dez vezes desde que cheguei na livraria.

Eu realmente preciso saber do André. Pela hora ele deve está em aula, mas não consigo mais esperar.

Pego e ligo para ele. O celular chama, chama e finalmente ouço a voz que preciso.

_ Oi Paulo, desculpa o sumiço. O resto do dia ontem foi péssimo. E acabou que quando vi suas mensagens já era tarde e hoje vim correndo para a faculdade. Eu sai da sala só para te atender.

Aquela voz que ontem quando nos encontramos estava feliz. E agora, está uma tristeza que me preocupa.

_ Eu fiquei preocupado com você. Achei que o pior podia ter acontecido.

_ Calma, Paulo, as coisas estão péssimas mas não farei nenhuma loucura. Calma. Hoje vamos almoçar? Pode ser aí na livraria, eu preciso economizar agora. Longa história, mas aí te conto.

Concordo e marco com ele. Mas, algo não está bem. Desligo o telefone e espero.

_ E aí, conseguiu falar com o André? Está mais calmo - diz Jéssica chegando ao meu lado no balcão.

_ Consegui, mas não estou nem um pouco calmo. As coisas estão pesadas pra ele e marcamos de nos encontrar aqui para almoçarmos. E depois, eu sei que estou abusando, mas teria como nos ceder o apartamento um pouco? - digo e sei que estou corando.

Jessica começa a rir da minha expressão.

_ Olha aqui, meu loft não é um bordel e nem um motel não hein. Mas, okay. Podem ir sim pra lá. Só que, limpem tudo se sujar algo. - diz Jéssica

_ Aiai, vou nem dizer nada. Mas obrigado. Você está sendo um anjo.

_ Relaxa, mas vamos trabalhar; enquanto seu príncipe encantado não chega. Quero trabalho firme e forte. E não esquece, você precisa passar nas provas semana que vem hein. Já está tudo combinado para você começar no cursinho. - diz Jéssica.

Claramente sei que preciso passar para ontem nessas provas. Tudo pode mudar e eu nem posso errar. Nunca pensei que minha vida estaria assim. Tantas decisões. Uma chance. Tudo tão intenso. E ao mesmo tempo, um garoto que me faz me sentir tão leve. Muito mais do que me sentir até hoje.

A manhã se estende e ao olhar para a porta vejo Augusto e André entrando. André está diferente. Olheiras cobrem seus olhos e uma tristeza é o que ele passa.

Ele me olha e vem até a mim, ele literalmente se joga em cima de mim. Eu o seguro e ele me abraça forte. Ah meu André. Como eu queria tirar essa dor de você.  Queria deixar ele protegido. Passar por essa fase é tão difícil.

_ Oi meu amor, estava com saudades. Me conta tudo que aconteceu.

_ É uma longa história. Mas vou te contar sim. - diz André ainda me abraçando.

Augusto nos olha e dá para perceber que ele está preocupado com o amigo.

_ Paulo, por favor, não deixa o André inventar de ir embora sozinho. Ou eu, ou o Félix vamos encontrar com ele. Não sabemos o que o Giovani pode fazer e depois de ontem. Melhor não arriscarmos.

André se solta e se vira para o amigo.

_ Ei, não preciso de guarda - costas não! Pode parar com isso. - diz André.

_ Sem discussões. Por favor!

André revira os olhos para Augusto.

_ Pode deixar, Augusto. Vou cuidar bem dele. Pode ter certeza disso.

Duas Metades (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora