Capítulo 15

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Augusto

Caminhar ao lado da Yasmin me faz voltar aos velhos tempos quando ela tinha balé e eu futebol e sempre acabava voltando com ela. Já que o André não fazia inglês naquele dia e claro, o Félix nunca pegou muitas atividades além da escola.

Fazia tempos que não ficávamos só nós dois.

_ Augusto, o André vai lhe contar uma coisa e por favor seja compreensivo. Ele vai precisar muito da gente, porque não faço ideia da reação do Félix.

_ Eu estou ficando bastante preocupado com isso. O André fez algo grave assim?

_ Não é grave, mas pode mudar muita coisa. Só o entenda okay? E lembre que ele é o nosso amigo. Eu sei que você já deve saber o que é. Você é lerdo, mas nem tanto.

O que ela está tentando dizer? Eu realmente quero saber mesmo.

_ Bom, chegamos, vou subir e me mande mensagem assim que o André falar com você. E se você for um imbecil com ele, nunca mais me procure.

_ Primeiro, eu não faço ideia do que você está falando. Segundo, eu nunca seria um babaca com meu amigo.

_ Espero.

Ela se vira e entra no prédio, quando vejo o elevador se fechar volto andando. O que Yasmin está querendo dizer? Eu não sou lerdo, sou?

Subo para o apartamento do André e mando mensagem avisando que estou na porta. E a porta se abre.

_ Nossa, vocês estavam...

Não é André e sim Félix que passa por mim.

_ O que foi? Onde você vai?

_ Só me deixa, eu não sei lidar com o que ele me disse. Me dá um tempo.

_ O que foi? É algo tão grave assim?

O que pode ser, o estado do Félix. Ele não fica assim faz tempos.

_ Eu não sei lidar, eu não sei lidar.

Félix entra no elevador e sai. O que está acontecendo?

Entro na casa do André e vou direto para o quarto. Sei que ele está lá.

Entro e o olho, o meu amigo não está nada bem. E isso está claro. Meu coração aperta, e aquele olhar me destrói. A última vez que o vi foi na noite da escola quando realmente nos aproximamos.

_ Cara, o que aconteceu? Você aí chorando, e o Félix encontrei com ele na porta. E ele está transtornado. Não quis me falar nada, apenas saiu.

_ Eu contei a verdade para ele. E ele não aceitou. Ele me odeia, mas eu mereço isso. Eu sou um monstro.

Aquelas palavras me destroem mais. Ele não é um monstro mas eu começo a entender. Aquelas falas, a reação do Félix.

_ O que você contou? Me fala.

Eu já consigo imaginar o que foi, mas é ele que precisa me dizer. E como o Félix reagiu daquela forma?

Desde aquela primeira vez que olhei de verdade para André eu sabia que eu precisaria cuidar daquele menino. André sempre foi sensível demais. Fofo demais. Pessoas assim, principalmente garotos, acabam sofrendo muito.

Mas, foi olhar o garoto que eu salvei do Giovani e ter a certeza também que iria fazer de tudo para nunca mais vê aquele olhar de medo.

_ Fecha a porta - me pede André.

Eu a encosto e ao me virar tudo e encaixa. Ele não quer que os pais ouçam. Ele não está pronto para isso. Mas vai me contar.

Duas Metades (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora