Capítulo 13

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Paulo

O que está sendo essa noite! Eu não poderia imaginar que uma festa podia ser tão intensa.

Aqui olhando para André que está inquieto ao meu lado percebo que aquele garoto já passou por muita coisa e pelo o que ouvi do amigo dele, irá enfrentar uma barra gritante essa noite.

Não sei o que falar, quando os amigos se afastam e ele espera comigo, quero o confortar e dizer que tudo vai ficar bem. Mas, será que vai? Não é fácil se assumir. Não é nada fácil contar para seus amigos, sua família e não é fácil viver com isso.

A sociedade ainda é muito preconceituosa e sem falsa modesta, muitos não toleram pessoas como nós.

_ Paulo, eu sei que você não esperava nada disso. Muito menos esse "drama" todo. Eu também não. Eu só queria que a noite tivesse parado na varanda, naquele beijo que foi o momento mais feliz em minha vida. - diz André.

Olho para ele e ele ainda segura a minha mão e sei que para André está fazendo isso num local onde varias pessoas o conhecem é como se expor para o mundo pelado. Como eu quero o levar comigo, como eu quero ser a proteção dele. Mas, sei que não posso.

Nos conhecemos hoje, nos beijamos hoje foi algo tão intenso. Parece que eu o conheço a vida toda e não, apenas há algumas horas.

Eu o pego pela mão e o puxo para um canto mais afastado. Eu o abraço. André encosta sua cabeça no meu ombro e chora. Cada lágrima dele me apavora. Tenho tantas perguntas, e quero saber tanto da vida daquele garoto. Mas, sei que não tenho o direito de falar algo agora. Apenas fico ali com ele.

Eu conheço aquele medo, aquela preocupação em ser descoberto. Em ter alguém o provocando, alguém que pode fazer da vida dele um inferno. No meu caso, eu apenas perdi o cara que dizia ser meu melhor amigo.

_ Calma André, eu não sei muito sobre sua vida. Na verdade, não sei nada. Só que, pelo o que vi dos seus amigos você não tem muito o que temer. Fora que, se não sente pronto, você não tem obrigação de falar nada. Ah, e não ligo de concordar com sua amiga não. Caso perguntem, pode confirmar que sou o menino com quem ela ficou. Não quero causar lhe nenhum problema.

André levanta a cabeça e me beija. Eu retribuo e diferente dos outros, aquele beijo é intenso, é firme. Correspondo com todo o fulgor. Quero que ele saiba que eu estou ali por ele.

Suas mãos começam a decorrer minha cintura e eu faço o mesmo. Sinto um leve volume se formando e sei que preciso interromper aquele beijo.

_ Vai com calma, assim vamos acabar virando sensação na internet.

André me olha e da um sorriso de canto. Só que, sei que ele está longe.

_ Paulo, eu vou contar a verdade. Não quero ter que mentir mais para eles. Ainda mais agora, o Giovani voltou e não tem muito o que eu possa fazer. A Dani ouviu, e claramente amanhã todos já vão estar sussurrando. E mesmo que eu não confirme nada, mesmo que todos saibam que é uma mentira. Nada disso vai mudar. Eles vão comentar. E sei que meus amigos irão me defender, então prefiro contar tudo. Não irei me abrir para o mundo, não ainda, espero que você entenda. Meus pais são complicados.

Ah eu entendendo e nunca iria obriga-lo a se assumir para todos. Cada um tem seu tempo, cada um sabe o seu limite. Eu tive o meu, e ele teria o dele. E não seria eu que iria discutir isso.

_ Eu entendo, não se preocupe. E se você quiser, eu vou está aqui também. Quero lhe conhecer muito ainda, quero saber tudo sobre você. Além de claro, saber se esse volume aí aumenta mais. - digo.

Ele sorrir com vontade. Sabia que iria o distrair.

_ É melhor você ir, seus amigos estão esperando, eu vou procurar a Jessica e a professora Miih e o noivo dela. Mas não se preocupe, não irei falar nada, já disse, que não irei lhe expor.

André me puxa novamente e me beija. E que beijo. Eu poderia passar horas e horas só o beijando. Sentindo seu gosto, seu toque, seu cheiro.

Ele para de me beijar e se afasta, quando está virando ele acena e eu retribuo. E ele para. Eu não entendo, mas ele mostra o celular.
Vou até ele, ainda arrumando a minha roupa.

_ Você quer o meu número né? - digo sorrindo.

_ Sim.

Eu passo e ele se despede correndo. Só espero que ele seja bem tratado naquela noite. Porque sei que nada mais será fácil para ele. Mesmo que ele ainda não tenha percebido isso.

Volto para as mesas e avisto a Jessica. Ela está sentado ao lado da Miih e do noivo dela.

_ Ah a Cinderela apareceu, vai me conta onde você esteve. Achou seu príncipe encantado? Porque essa cara sua é que se divertiu muito. - diz Jéssica assim que me vê chegando.

_ Mais ou menos. Vamos apenas dizer que o príncipe tem problemas com a bruxa má e seu corvo.

Jessica me olha intrigada.

_ Deixa ele, amiga. Pelo visto o conto de fadas dele só está começando né? Já que a bruxa ainda está viva. - diz Miih.

Aí eu adoro aquela moça, e olha que faz menos de 24 horas que a conheço.

_ Mas Paulo, não se preocupa normalmente os contos de fadas terminam bem, então se não está, é que a história ainda não chegou ao clímax e ao final. Porque olha pra mim, achei meu príncipe e estou noiva.

Realmente a Miih parece bem feliz. Ela tem uma energia pra cima, e isso faz toda a diferença.

Jessica e ela voltam a conversar e eu me perco. Só quero saber como está o André, como será que está sendo a conversa dele com os amigos.

_ Aí eu estou chocada, mas agora tudo faz sentido. Aquele André sempre foi mega estranho. Nunca o vi com menina nenhuma, e quando eu quis ficar com ele, ele correu. E parecia que estava assustado. Eu achei que ele era virgem, mas pensando agora, tudo faz sentido.

Ouço o nome de André e me viro, e vejo uma menina com uma roupa bem Sex. É a garota que estava com o braço na cintura dele mais cedo. Ela está com um garoto que me lembra o Dean de Supernatural, meu crush supremo, que o André nunca saiba.

_ Minha princesa, a verdade sobre ele é essa. Na época da escola, ele tentou me chupar numa noite que teve festa no colégio. Ele queria porque queria, e não somente a mim, mas a um amigo meu da época. Era nojento. Porque ele se jogava para os meninos. Mas nisso, acho que o Félix e o Augusto fizeram ele de putinha. E quiseram acabar com a concorrência e o Félix fez com que meus pais fossem transferidos.

_ Uai, você ia ficar com ele? Achei que você era macho.

O sorriso no rosto da garota em dizer isso me enoja.

_ Eu sou, eu sempre corri dele. E se você quer saber como sou macho, vamos lá pra casa que saberá ó tamanho do machão que sou.

Ela sorrir e me olha, desvio o olhar para não perceberem que estava ouvindo ambos.

Então, são aqueles os dois filhos da puta que estão atormentando o André. Reparo se a Jessica ou a Miih ouviram e pelo visto não. Mas, o noivo de Miih me observa e algo me diz que ele escutou tudo.

Peço mentalmente para que se ele ouviu não diga nada para a noiva. Contudo, muitos podem ter ouvido também.

Realmente, o André estava certo, uma mentira espalha que nem vento. E nada pode mudar isso depois que ela é solta...

Duas Metades (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora