Capítulo XXIV

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Sento no sofá da minha sala de estar, olho para o teto branco e suspiro alto. Essa história de um irmão adotado não foi nada agradável de ouvir. Eu não tenho nada contra ele, até por que eu não conheço, mas isso tudo é tão ridiculamente insano que eu não posso acreditar. Quando na minha vida antiga meus pais iriam adotar um adolescente chinês? Nunca! Mas agora vem essa notícia do nada. Acho que tá faltando um parafuso a menos na cabeça da minha mãe e todos na do meu pai por concordar com isso.

Me deito de lado, ligo a televisão. Não passa nada muito interessante, a neve cai lá fora, e deixa o tudo extremamente frio. E eu odeio frio, especialmente o natal. Provavelmente o nosso natal desse ano vai ser muito diferente do ano passado, com uma pessoa a mais na família e alguma extravagância da minha mãe pra variar.

Meu celular toca, essa deve ser a vigésima vez desde que eu saí da casa do Itachi. Provavelmente é ele tentando saber o por que do meu surto do nada, ignoro mais uma vez, ele deve me intender uma pouco pelo menos. Minha mente está uma grande confusão com esses vários acontecimentos recentes, o casamento, ver o Naruto e saber o que aconteceu me deixou meio sem sentido, logo depois meus pais falam sobre adotar um adolescente e também tem esses sentimentos estranhos se misturando dentro de mim, isso tudo misturado com esse tempo frio e minha frustração de não saber o que fazer. Tudo isso está me deixando louco, e nesse momento o que é necessário pra mim, é fugir desse lugar, dormir e esquecer tudo com algumas horas.
E é o que eu faço.

Acordo com um pouco de dor nas costas, e um agradável cheiro de café, sento novamente e olho ao redor e vejo ela na cozinha em frente ao fogão, sorrio, só pode ser um sonho. É, parecido com o outro, e dessa vez provavelmente vamos transar na mesa e eu vou acordar na minha cama. Levanto do sofá e caminho em sua direção, ela canta uma música baixo e parece entretida de mais nos ovos fritos, a abraço por trás e cheiro seu pescoço, ela se assusta e da uma leve pulo pra trás, me afasto.

- O que foi isso? - ela pergunta com um semblante confuso. Eu sorrio, é claro que até no sonho ela vai agir assim.

- Nada. - Digo, a puxando pela cintura e aproximado de mim. - Me diz você, o que está fazendo na minha cozinha sem eu ter aberto a porta? - ela abaixa a cabeça.

- Sua mãe me pediu pra ver como você estava, já que saiu daquele jeito no jantar.- Suspiro, por que isso me persegue até aqui?

- Ok. Pode dizer pra ela que eu estou bem.- Chego meu rosto perto do seu.- Muito bem. - Meus lábios se unem com os seus em um beijo lento e quente. Meus dedos vão de encontro a sua nuca, aprofundo mais o beijo, seus olhos ficam abertos como se não estivesse entendo o por quê disso, bem, nem eu sei o por quê. Mais isso não deve ter nem uma importância, afinal é um sonho, e sendo assim, tanto faz o que ela pensa agora. A suas costas batem compra a geladeira, ela ainda continua do mesmo jeito, e eu, bem, minha ideia de transar na mesa ainda está batucando na minha cabeça.

De alguma forma, acabo a levando para a mesa e a deito, continuou a beijo, deitado por cima dela. Sua respiração está ofegante e a minha também, isso é tão real que me sinto pronto pra qualquer coisa. Minhas mãos vão até os botões da sua calça jeans e então sinto uma ardência no meu rosto, um tapa, e é mais real do que parece. Ela me olha com os olhos arregalados e vermelha, sue expressão é de incredulidade.

- Que merda você acha que tá fazendo? - Ela grita alto, bem alto.

- O quê? - Falo sem entender nada. Meu rosto arde pra caralho.

- Que merda era o que você estava fazendo, Sasuke? - Ela grita novamente me empurrando de cima dela. Então senta na mesa e passa as mãos nos cabelos. Tento me equilibrar.

- Como assim? - A olho exaltada, tentando processar tudo o que está acontecendo.

- Você me acha o que? Uma mulher fácil ou quê? Qual é o seu problema? - levanta da mesa e chega perto de mim e me empurra novamente. - Qual é a merda do seu problema?

- Espera, isso tá confuso de mais.

- Como assim confuso? Não parecia nada confuso pra você enquanto você estava tentando transar comigo! - se afasta de mim e anda pra os lados. - Meu deus, que merda aconteceu aqui?

- Porra isso é só um sonho, não tem como fingir que tava tudo indo bem? - irritando.

- Sonho? Que merda você tá falado?- Fala incrédula.

- Espera, então isso tá acontecendo mesmo? - Pergunto.

- Que droga você usou? Ta bêbado? Ou o quê? - pergunta indo em direção a sala e pegando sua bolsa.

- Espera, não vai. Deixa eu me explicar.- Ela para e respira fundo.

- É bom ela ser boa mesmo.

- Droga, isso não era pra acontecer, desculpa. - falo sem jeito. Mais que merda eu fiz.- Eu não sei o que dizer tá legal.- Suspiro.- Me desculpa, eu pensei que era um sonho.

- Um sonho? Então quer dizer que você tem sonhos eróticos comigo? - Fala ainda mais alterada.

- Não eu... - O que eu vou dizer? Se eu dizer que não é uma mentira, e se eu dizer sim, vou parecer um tratado. - Tanto faz.

- Tanto faz? Ai meu deus, você só pode ser louco mesmo!- Diz abrindo a porta. - Eu pensei que você só estava carente pelo que ouviu no jantar, mais quer saber? Você não passa de mimado de merda! Sonho? - Suspira. - Essa é a primeira vez que vejo um idiota inventar uma desculpa dessas.- Diz batendo a porta com força.

Suspiro. Merda que tá acontecendo? Ou melhor o que acabou de acontecer?

Um som estridente e irritante me espanta, percebo que estou no sofá do mesmo jeito que a noite passada, a tv está ligada, meu celular toca descontroladamente. Levanto e cento no sofá, olho ao redor, apenas eu, respiro aliviado. Era só um sonho/sonho/pesadelo? Sei lá, mais me sinto bem mais aliviado agora, pego meu celular. As chamadas são de Itachi, mais de 30. Acho que ele passou a noite toda me ligando. Decido atender.

- O quê foi? _ pergunto sem muito interesse.

- Por que você saiu daquele jeito? - pergunta sério.

- Por que mais eu iria sair? O teatro que a mãe e pai armaram não foi o motivo suficiente? Essa história de família perfeita não cola Itachi! - digo calmo.

- Tem como você para de ser infantil pelo menos uma vez na vida Sasuke! - Fala alto, Itachi nunca falou assim comigo. Suspiro.

- O quê é que você quer? - mantenho a calma.

- O que você acha? Nossa mãe ficou sem o que fazer. Ela achava que você iria apoiar a ideia dela. É tão difícil assim pensar um pouco nós outros?

- É! É sim Itachi, é difícil pensar nos outros, é difícil pensar em mim! Porra! Você acho que isso é uma boa ideia? Essa história de adotar um adolescente assim do nada? - suspiro. - Pra você é fácil falar, sempre foi o querido do nosso pai, sempre teve teve tudo, sempre foi o melhor.

- O que te faz pensar que sempre foi fácil pra mim? O que você sabe sobre mim, Sasuke? Nada! Não sabe o que eu tive que fazer pra chegar a onde eu estou. Nada foi fácil pra mim, eu tive que me esforçar muito pra ter o que eu tenho hoje! Então cala a merda dá sua boca e para de vitimizar! E vê se vem falar com a nossa mãe, ante que vá na sua casa e quebre a sua cara! - grita a última frase, desligando logo em seguida.

Suspiro cansado, o que merda tá acontecendo com a minha vida? Levantou e vou tomar um banho, tenho que ir falar com a minha querendo ou não.

CONTINUA...

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