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Alanna.

Desci a rua enquanto as lágrimas rolavam livremente pelo meu rosto, eu já não me importava em limpar ou esconder. Eu estava me sentindo pesada, queria tomar um banho e ficar longe de toda essa confusão que eu causei pra mim mesmo.

— Alanna! – ouço a voz da Daí.

Acredito que ela já imaginava tudo que aconteceu, esperei ela falar um monte pra mim, mas ela apenas me abraçou tirando um pouco do peso que eu estava sentindo.

— Prima, me leva pra casa por favor! – peço chorando e ela limpa minhas lágrimas.

— Para de chorar cara, você sabe que eu não sei lidar com você assim! – ela diz triste.

Esperei ela pegar o carro dela e ela me deu uma carona até minha casa. Entrei segurando o celular que eu tinha até esquecido que existia e vejo meus pais sentados no sofá.

— Oi mãe, oi pai! – falo com medo.

— Oi Alanna? Oi? Você não tem vergonha na cara mesmo né, quando será que você vai amadurecer em, me diz! – minha mãe fala com o tom de voz alto e eu apenas abaixo a cabeça.

Ela estava certa.

— Pega suas coisas Alanna, seu tio está vindo te buscar! – meu pai fala e eu arregalo os olhos.

— Pai me da só mais uma semana, eu prometo que vou embora! – peço.

— Vai pegar suas coisas Alanna, ele já está chegando! – minha mãe diz. Os dois saíram da sala me deixando sozinha, me jogo no sofá cobrindo meu rosto com as mãos.

As palavras do Michel não saiam da minha cabeça e eu só queria esquecer dele, isso já ia ajudar 80% dos meus problemas. Me dei por vencida e fui arrumar minhas coisas, não mandei mensagem pra ninguém e nem me importei de ligar o celular. Apenas arrumei minhas coisas e fui para fora quando ouvi uma buzina, era meu tio!

— Oi tio! – falo sorrindo sem mostrar os dentes e ele sai do carro.

— Oi minha linda, está com um rostinho tão triste, você não é assim não maluca! – ele diz rindo e eu dou um sorriso.

— Só alguns problemas tio, mas já já passa!

— Então tá, vou lá pegar suas coisas! – ele diz e da dois tapas no carro.

Dois meninos saíram dos bancos de trás eles deveriam ser os traficantes que ficavam de segurança pro meu tio. Nem me importei! Entrei em casa e fui dando as coisas para eles, meus pais não sairam do quarto para comprimentar meu tio pois tinha “ranço” de traficantes. Esperei que eles fossem se despedir de mim, mais isso não aconteceu então fechei a porta do meu quarto me despedindo daquele cantinho que foi meu por tanto tempo e fui embora.

Horas depois
(...)

Michel.

— Tá pronto? – Gabriel pergunta pela quinta vez.

— Eu nem queria ir, não tô com cabeça pra festa! – falo de saco cheio.

Eu queria ouvir ela falar com todas as letras que beijou aquele cara e não queria mais nada comigo, Alanna era e é minha porra ninguém vai mudar isso!

— No papo, eu também nem tô animado mas aquela amiga da Juliana vai tá então não vou dormir sozinho hoje! – Gabriel diz animado e eu sorrio.

Saímos de casa e eram 21:40 pm. Fomos pro telhadão da favela, de longe já ouvimos o som e nem com isso me animei, aquela desgraçada não deixava meus pensamentos por um minuto para poder ter minha sanidade de volta.

— Meu amor, eu sabia que você viria! – Juliana diz me dando um beijo no meio de todo mundo.

— Agora podemos cantar o parabéns! – alguém gritou e eu parei o beijo.

— Vamos lá comigo, quero você do meu lado! – ela diz me puxando pela mão e eu fui.

Eu era um merda com ela mais eu tenho que admitir que ela era foda comigo, já tava na minha vida a tanto tempo e apesar de eu nunca ter assumido ela, ela sempre teve por mim. Alanna era uma coisa fora do normal que eu não tinha nem nome para dar, talvez uma paixão que ia passar com tempo. Por isso não posso deixar de lado quem me fortalece a tanto tempo por quem chegou agora e tá pouco se fudendo pra mim!

Depois daquele show todo eu fui para perto dos moleques, enquanto eles conversavam animados, eu tentava controlar a guerra que havia formado dentro de mim, um lado me mandava ir atrás da Alanna e o outro pediu pra mim esquecer ela de vez.

— Vou bater uma meta ali, daqui a pouco apareço! – falo pros moleques e saio daqui.

Subo na minha moto e desço a favela no maior veneno, eu estava indo contra minha própria vontade atrás dela, eu sabia que tinha coisa a mais, foda-se se beijou ou não, eu preciso ouvir isso mil vezes da boca dela para me conformar.

Parei em frente da sua casa, toquei a campanhia e uma mulher loira, de estrutura média me atendeu.

— A Alanna está aí? – pergunto.

— Alanna não mora mais aqui! – a mulher diz sem esboçar gestos.

— Aonde ela? eu preciso conversar com ela! – falo.

— Ela está com o tio dela, na favela do jacarézinho! – a mulher diz com rebulsa.

— Ok, obrigado! – falo saindo dali.

Dou um soco no cabo da moto e olho para a rua já deserta, eu precisava conversar com ela, nem que seja pela última vez.


Alanna | Contramão [Em Revisão] Onde histórias criam vida. Descubra agora