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Alanna.

— Eu preciso ir lá! – falo sentindo meu coração se atrapalhar nas batidas.

— Vamos pra delegacia moça! – o policial diz frio.

— Eu quero meu pai tia! – Léo diz com os olhos marejados, eu estava com um aperto no coração horrível e com uma sensação pior ainda e parecia que tudo que eu estava sentindo ele também estava.

— Seu pai é um traficante de.. – o policial começa a dizer e eu logo o interrompo.

— Mede as suas palavras pra falar com ele, sobre o pai dele! – falo nervosa.

— Vamos moça, quanto mas rápido irmos mas rápido você pode ir no hospital! – outro policial diz.

Por fim acabo sendo vencida pelo cansaço, segurei a mão do Léo e saímos de casa. Quando saímos todos os nossos vizinhos nos olhavam incrédulos e eu sentia a vergonha se apoderar no meu corpo diante daquilo tudo, eu e Léo entramos na viatura e seguimos para a delegacia brasileira dali.

Eu estava tão em choque com as palavras daquele jornalista que eu nem conseguia chorar, minha ficha ainda não tinha caído e eu não conseguia entender como as coisas podem mudar tão rápido daquele jeito.

Eu só estava evitando pensar no pior pelo meu filho, sei que isso não estava e nem vai fazer bem para ele.

(...)

— Eu não vou prestar contra meu marido! – falo seca enquanto o delegado me encarava.

— Você sabe das coisas que ele fez no Brasil? sabe o que ele quis deixar para trás e vir pra cá achando que ia viver um conto de fadas com a família perfeita dele? eu não te conheço garota mas sei que você é nova e deveria saber que bandido não fica vivo por muito tempo e seu marido pelo que fiquei sabendo.. – o delegado diz com um leve sorriso enquanto coçava a nuca.

— Eu não te perguntei porra nenhuma, eu já disse que não vou prestar contra meu marido e não vou repetir essas palavras de novo! – bato as mãos na mesa e me retiro daquela sala as pressas.

Léo estava sentado do lado de fora, peguei em sua mão e se retirei da delegacia com ele. Fomos andando até um ponto de táxi e no caminho eu tentava me lembrar do nome do hospital que o jornalista tinha dito.

(...)

— Michel Soares! – falo na recepção.

— Ele está em cirurgia agora não pode receber visita nas próximas 12 horas! – a mulher diz e eu a olho desesperada enquanto deixava as lágrimas correrem pelos meus olhos.

— Eu só quero ver ele, por favor! – peço.

— Eu não posso me desculpe.. – ela diz com pena.

Passei as mãos no rosto pedindo calma até as próximas 12 horas, eu não sei como vou aguentar por tanto tempo. O que me conforta é saber que ele está ali e vivo!

— Você está com fome? – pergunto para Léo e ele nega de cabeça baixa.

Eu nunca tinha o visto daquele jeito e ver assim pela primeira vez me deixava triste, eu queria o animá-lo mas como? eu estava acabada e só queria acabar com aquilo tudo, queria voltar correndo para o Brasil com o Michel bem e com a gente. Coisa que até horas atrás parecia simples agora parecia ficar impossível!

(...)

— Tia, tia acorda.. – ouço a voz do Léo e abro meus olhos ajeitando minha coluna que doia demais.

— O que foi? – pergunto.

— Tem um homem lá fora querendo falar com você! – ele diz voltando a se sentar.

Sai da sala de espera e ajeitei meu cabelo que já batia na minha cintura, não via a hora de cortar um pouco.

Sai dos meus pensamentos quando dei de cara com Bruno, ou sei lá quem for realmente ele. Senti uma pontada forte no pé da barriga e gemi alisando a mesma, ver ele na minha frente hoje em dia me dava nojo por tudo que ele já havia feito comigo no começo da minha gestação, eu o odiava!

— Sentiu minha falta? – Ele diz com um sorriso de canto e eu desviei meus olhos dos dele.

— O que você quer? Nem fora do Brasil você deixa a gente em paz.. – falo negando.

— Você nunca deixa de ser marrenta né, tomare que seu filho não nasça com esse seu gênio forte por que do pai não tem nada de bom para puxar! – ele diz e eu controlo minha vontade de o enforcar ali mesmo.

Mal sabe ele que eu e Michel somos da mesma raça, e que ele tem uma mini cópia que está sentadinho dentro da sala de espera enquanto a outra está aqui dentro e não para de me chutar.

— Tomara que ele não nasça com uma língua grande igual a tua! Fala logo o que você quer! – mando e ele ri enquanto nega a cabeça.

— Vim só te avisar que você tem 2 horas para sair do Paraguai, seu namorado tão bom não tem documentos para ficar no país, então.. – ele dá os ombros.

— Eu vou sair daqui só com ele!

— Ótimo, manda as enfermeiras desligarem os aparelhos dele, vamos ver se ele é tão bom quanto dizem!

— Some daqui! – falo tentando controlar minha raiva enquanto sentia meu filho chutar em meu ventre sem delicadeza nenhuma.

Ele saiu das minhas vistas e eu me sentei chorando tudo que eu queria chorar, abracei minha barriga e senti duas mãozinhas passar pelo meu pescoço, meus meninos, eu não sei se conseguiria estar sendo tão forte se não fosse por eles, Deus realmente escreve certo em linhas tortas e os dois foram meus presentes na hora exata!

Agora para completar só faltava o Michel e para piorar eu nem sabia como o deixaria aqui sozinho no hospital enquanto eu volto para o Brasil.

Levantei minha cabeça e dei um beijinho na testa do Léo enquanto pensava como iria resolver essa situação toda.

———————

O que acham que Alanna vai fazer para conseguir se manter perto do Michel agora?

Alanna | Contramão [Em Revisão] Onde histórias criam vida. Descubra agora