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Michel.

Acordei ouvindo o meu radinho tocar, minha ressaca tava brava demais, tinha que maneirar na cachaça se não ia perder o fígado logo logo.

Ouvi Lorena resmungar e revirei os olhos, depois que a Juliana soube que Alanna estava grávida surtou.

Disse várias coisa pra mim uma delas é que não preciso acompanhar ela no tratamento mais, diz ela que prefire estar sozinha do que ao lado de um ingrato como eu. Deixei ela ir, nem corri atrás, quem correu atrás foi a Lorena, amiguinha dela, me pertubou até vir parar na minha cama!

— Fala aí! – digo me levantando e pegando meu radinho.

— Aí chefe tem uma mulher chamada Patrícia aqui na entrada, tá querendo falar com você! – ouço a voz do pedrinho.

Patrícia? Patrícia era a mãe do meu filho, aquela desgraçada tirou o moleque de mim por causa do papai advogado que não podia saber que tinha um neto, filho de um favelado como eu. Eles proibiram qualquer contato com o moleque, era foda, mas depois de um tempo aceitei a situação e deixei como está. Sirvo pra essas coisas mrm não!

— Já desço aí! – falo ainda sem entender o que ela queria comigo depois de tanto tempo.

— Neném volta pra cama! – Lorena diz me abraçando por trás.

— Se ajeita aí e vai embora, preciso resolver algumas coisas! – falo tirando seus braços de mim.

— Dormi tão bem com você, só faltou você me levar naquele quarto enorme que você esconde tanto! – ela diz ignorando o que eu tinha acabado de dizer.

Depois que Alanna foi embora não deixei outra mulher entrar no nosso quarto, o cheiro dela ainda estava lá me fazendo lembrar dela todos os dias.

— Já foi? – pergunto ignorando as palavras de Lorena e ela bufa.

Ela foi embora e eu me arrumei pra mais um dia, minha perna já estava 100% graças a Deus. Desci pra cozinha e só bebi uma água fazia tempos que não sabia o que era um arroz e feijão, estava sentindo falta da comida da minha vó e da minha mãe, hoje mrm vou na arena ver elas.

Sai de casa e subi na moto, desci o morro acelerando como sempre. Vi Daiana descendo o morro com a Millena e o Jp, eles pareciam animados conversando, tinha certeza que eles sabiam aonde Alanna estava, queria ver ela, ver como estava sua barriga, minha mãe vivia dizendo que ela estava linda e o nosso filho saudável mas não me deixava ver uma foto da miserável!

Ela havia me bloqueado em tudo, perdi totalmente o contato com ela, na verdade não tenho por que não quero. Ainda não parei um tempo pra pensar na gravidez dela, queria pelo menos saber o sexo do bebê, saber se ele estava bem, tenho direito disso mas ela também o direito de ficar em paz e talvez a paz dela fosse longe de mim.

Cheguei na entrada do morro e vi Patrícia, ela não tinha mudado muito, continuava uma mulher muito bonita. Seus olhos claros sempre seriam seu charme!

— Oi Michel! – ela diz séria.

— O que quer? – pergunto direto.

— A gente precisa conversar, a sós... – ela diz e percebo que estava apreensiva, talvez fosse medos dos moleques, filhinha de papai nunca teve contato com uma comunidade.

— Vamos subir pro qg! – falo e ela nega rapidamente.

— Eu não vou entrar aí!

— Então não podemos conversar! – falo ligando a moto.

— Tabom, tabom! – ela cede, percebi que fez um sinal para o carro preto estacionado logo a frente.

Pedi pros moleques levarem ela pro qg em um carro, não ia colocar ela na minha moto, não merece essa moral!

(...)

— Vai solta a voz! – falo me sentando e ela abaixa a cabeça.

— Michel eu preciso ir embora por um tempo, me envolvi em coisas erradas e agora preciso resolver isso em outro lugar! – ela começa a dizer.

— O que eu tenho haver com isso? – pergunto confuso e com medo das palavras seguintes.

— Você precisa ficar com o Léo! – ela diz e eu arregalo os olhos.

— Tu ta maluca cara? olha pra mim e vê se tenho cara de babá! – falo nervoso.

— Você não vai ser babá, vai ficar com seu filho e é só por um tempo! – ela diz e eu nego.

— Tu tirou meu direito de ser pai e agora depois de anos quer me entregar o menino assim? cadê aquele filho da puta do seu pai que me ameaçou quando eu era um nada? pede ajuda pra ele! – falo e ela começa a chorar.

— Meu pai faleceu a um ano atrás. Mas enfim, se você não pode me ajudar tudo bem, eu me viro! – ela diz se levantando.

Porra, mil vezes porra!

— Eu fico com o moquele! – falo me levantando e ela se vira.

— Obrigado! – ela diz e eu assenti.

Descemos a favela do mesmo jeito que subimos. Estava nervoso, não sabia cuidar nem de mim, como vou cuidar de um moquele de 7 anos?

Paramos na entrada da favela e ela foi até o carro tirando o moleque de lá, senti meu coração acelerar de nervoso, nem entendia essas paradas. O moleque tava grandão e não tinha nada haver com a mãe, minha genética era forte, Alanna que se prepare!

— Eai moleque! – me abaixo pra ficar em seu tamanho e ele cruza os braços.

— Espero que cuide bem de mim! – ele diz marrento.

Moleque abusado do caralho, tô fudido mrm. Nem acredito que vou ter que aprender a ser pai depois de tanto tempo, a vida gosta de brincar comigo!



Alanna | Contramão [Em Revisão] Onde histórias criam vida. Descubra agora