Capítulo 3 - Justiça!

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"As juras mais fortes consomem-se no fogo da paixão como a mais simples palha." — William Shakespeare

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Raven

Depois de algumas horas olhando constantemente para fora da janela, a sua procura, senti uma decepção que invadia meu coração. Não seria possível. Ele se esquecera do nosso encontro? Justo no primeiro?

Eu sabia que ele tinha uma mente avoada, mas não tanto quanto imaginava. Mesmo decepcionada, decidi encontrá-lo. Talvez ele não queria me encontrar. Pois queria que eu o encontrasse. 

Com uma determinação eminente no rosto, decidi procurá-lo. Vesti minhas melhores vestes e fiz um penteado. E senti que meu coração palpitava, além de minhas mãos tremerem. Aquele estranho sentimento voltava a aparecer, a cada vez que me encontrava com ele. Talvez eu estivesse ficando louca e ele só esteja querendo sair desta situação. Mas eu precisava ter certeza do que sentia, por isso, precisava encontrá-lo. 

Quem diria que eu teria um encontro às escondidas com ele? Se ao menos alguém de minha família soubesse, estaria encrencada. Mas para minha sorte, a casa toda estava em silêncio, todos haviam saído, porém, ainda sim, estava nervosa com tudo aquilo. Pois sabia que a sorte não era minha melhor amiga.

Sabia que, apesar do centro da vila ser bem movimentado, passaríamos despercebidos por dentre as pessoas, os poucos que me conheciam, não se importavam com quem eu estava. Pois todos estavam sempre ocupados com muito trabalho.

Lembrei-me de Gael me dizer que Dona Nena estava em um encontro com os camponeses. Também não nos atrapalharia. 

Foi então que peguei minha manta com o capuz e sai pelos fundos de casa. Ainda bem que Thunder, o meu cavalo, me ajudaria com o meu plano. Ele me aguardava no pequeno estábulo, atrás de nossa casa.

Corri o mais depressa que pude. A cavalgada foi rápida. A capital era um aglomerado de pequenas casas e comércios lado a lado, no centro, um grande poço de água para os habitantes. Desci de Thunder e o amarrei em uma cerca. A vila estava cheia, mercadores de rua com poções, bebidas e bijuterias. Vozes complementavam os ruídos da cidade, além dos largos passos de carroças e cavalos.

Andei vagarosamente, olhando a procura de Gael. Foi quando finalmente o vi.

— Gael! — gritei acenando.

Assim que gritei, ele também me viu, sorriu e veio em minha direção. E ao se aproximar, de repente não sabia como agir naquela situação, então o cumprimentei com um aperto de mão.

— Veio sozinha?  ele perguntou, olhando ao redor.

— Thunder me trouxe... — olhei para meu cavalo, próximo a cerca. — Demorei a entender que queria que eu o encontrasse. Pensei que tivesse me esquecido...

— Me desculpe se a fiz pensar assim... — ele disse desapontado. — Eu nunca me esqueceria de você... Mas não fui buscá-la para que não suspeitassem do nosso encontro.

— Bom... Não havia ninguém por lá. O que foi um alívio para mim... — eu sorri e caminhei com ele.

Gael apenas sorriu e pegou minha mão.

— Eu imagino como você deve ter se sentido! Se seu pai descobrisse... — ele sorriu olhando em meus olhos. — Nunca aceitaria ficar longe de você.

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