Capítulo 5 - Encontros inesperados

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"Aqueles que não são capazes de aceitar quem realmente são, estão destinados a falhar. Assim como eu falhei no passado."

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Gael

— Droga! — gritei.

Me jogaram em uma cela suja e pequena. Não haviam janelas ou demais adicionais. A luz do sol mal passava entre as grades. Além do mal cheiro evidente dos demais presos ao lado. Este é último lugar que qualquer um queria estar: a prisão do castelo. Com medo de passar o resto de minha vida neste maldito local, fiquei desesperado:

— Me soltem! Eu não fiz nada! — gritei, segurando as barras da prisão.

— Você não é o primeiro que diz isto. — retruca o guarda que estava de costas para minha cela. — Se não fez nada, por que está aqui? Espero que apodreça nesta prisão, haha! — ele saiu as gargalhadas.

— Merda! — com raiva, soquei a parede da prisão. Foi assim, que percebi que alguém estava lá, pois esta pessoa se projetou no fundo da cela.

— Quem está aí? — perguntei, mas o prisioneiro não respondeu. Então, tornei a perguntar, me aproximando. — Quem está aí!?

— Por favor, não me machuque! Eu lhe imploro! — respondeu um velho barbudo, que estava preso a correntes. Sua voz era rouca e suas roupas estavam rasgadas. Parecia que estava ali a muito tempo.

— Não se preocupe, não farei nada.
— suspirei. — Aliás, quem é você?

— Se dissesse você riria de mim. Acabei na desgraça. — sorriu. — Desculpe... Esqueci-me dos velhos costumes... Bom, sou Ricardo. Ricardo 1°. E quem é você?

— Teu nome é bastante peculiar... Bom, meu nome é Gael — eu disse, me assentando no chão frio.

— O que trás um jovem a este miserável local...? Se sinta honrado, pois será meu primeiro companheiro de cela.

— Isso não me parece animador... — disse cansado.

—  E então? O que fez? Matou alguém?

— Não. — respondi.

— Roubou dos ricos?

— Não.

— Se embebedou e beijou um guarda?

— Não! — retruquei irritado.

— Humm... O que fez então? — perguntou o curioso.

— Me meti em uma briga. Acabei por bater em um guarda. Depois me caçaram.

— Isso é interessante... Sinto falta de poder lutar. De poder dormir em conforto, ou até mesmo ver o raiar do sol. De poder ser livre, pra ser exato. A minha vida agora, é deprimente.

— O que o trás aqui? — perguntei meio receoso. — digo... O que fez para tal?

Em meio a um pequeno segundo de silêncio, o velho ruivo levantou seu rosto e disse:

— Me meti em uma grande confusão. Haha! Haha! — é, o velho endoidou. Começou a rir da própria desgraça. Espero não ficar assim.

— Você é louco. — concluí revirando os olhos.

— Com dez anos neste inferno, você se acostuma. Passei a ver minha situação de outra forma. Então como eu ia dizendo... Acabei por ser enxotado de meu reino. Em quem eu confiava, me passou a perna. Ou talvez tenha sido eu, quem tenho feito isso...

— Reino? — me levantei assustado. — Você já foi...?

— Exatamente. — me olhava, concordando. — Loucura não? Pra quem tinha tudo, acabar por pedir esmolas.

— Mas como...? — continuei perguntando. Mas antes que pudesse obter respostas, fui interrompido, por um guarda que me chamava.

— O rei quer te ver. Quem sabe não eliminamos mais um? — disse o maldito, entre um sorriso amarelado.

Então, quando ele abriu a cela, saí correndo entre os corredores e os guardas vieram atrás de mim. Foi uma ideia completamente idiota. Mas ainda assim, não queria morrer tão cedo. Ainda tinham tantas coisas que gostaria de fazer. Mas acabei desacreditado, pois alguns me alcançaram e acabaram me acorrentando. Continuamos andando, agora por um espaço completamente diferente. A decoração era branca ou extramamente colorido. Tudo em sua devida ordem ou lugar. Estava a noite, então por todos os lados haviam tochas e lamparinas. Chegando ao final do corredor vi o rei em pessoa. Meus pés e mãos pararam neste exato momento, assim como meu coração. Esperava então, que pelo menos, ele tivesse misericórdia de mim.

— O que está fazendo? — ele me olhou de cima em baixo. — Não acha que vai conseguir escapar não é? Até porque ainda temos muito pra conversar... — disse ele, olhando desta vez, no fundo dos meus olhos. 

Usava roupas luxuosas: um manto vermelho, um cetro dourado, uma coroa com especiarias. Nos conduziram á enorme sala do rei, onde o grande trono se matinha no fundo da sala, onde ele havia se assentado. Me perguntei a mim mesmo, o que seria de minha vida agora. Depois algemaram-me e me colocaram de joelho, de frente a ele.

— Tanto tempo sem nos vermos Gael, queria realmente negociar e por os assuntos em dia...

— M-mas de onde você me conhece? — indaguei com o sangue gelado em meu corpo.

— Bom... Então a velha não é tão inútil. Tem certeza que não se lembra de nada? De mim? — ele disse.

— Teria me lembrado. — respondi.

— Entendo... Talvez o destino tenha programado para nos encontrarmos.

Ele disse e eu fiz uma careta.

— Não pense coisas estranhas. — ele me repreendeu. — Foi preso. E está aqui agora, para ser julgado. Então me diga com suas palavras, o que você fez.

— Não fiz nada. — respondi rapidamente. — Apenas... Defendi uma mulher injustiçada.

 — E acha que defendendo os pobres, ganhará algo em troca? — gargalhou. — Quem se importa com eles? Só servem pro trabalho... 

Não sabia se ele estava dizendo aquilo para me irritar ou era realmente o que pensava, mas mesmo assim respondi raivoso:

— Faço aquilo que você não faz. Covardes não lutam, assim como você. — olhei para ele. — Isto é revoltante! Faça alguma coisa pra ajudar o povo! Você merecia sofrer pra saber como é a vida de cada um de nós!

— Cale sua boca! — o rei gritou, batendo seu cedro no chão. — Não se esqueça que está perante o rei, seu imbecil! Guardas! Levem-o para a cela. Não quero ouvir sua voz. E que ele pereça de fome! E claro... — disse mudando o tom de voz. — Tenha uma boa noite... — disse, se retirando.

Desesperado, gritei mais uma vez:

— Me soltem! — tentei me soltar, mas as correntes eram resistentes. E então, aplicaram mais uma vez sonífero. Agora, não sei onde estou...

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The VigilantesOnde histórias criam vida. Descubra agora