"Todos nós temos a oportunidade de estar do outro lado, mas, nem sempre fazemos as grandes escolhas"
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Raven
(Antes)
Até então, me escondia no topo de uma árvore. E para minha felicidade, conhecia aquela floresta como a palma de minha mão. Esperei até o momento oportuno em que os guardas passassem em minha frente. Posicionei meu arco e flecha, enquanto permaneci com os ouvidos atentos, já que estava escuro. A lua, era minha única guia.
Respirando profundamente, me contentei em concentrar em minha audição. E em menos de segundos, percebi uma movimentação. Atirei rapidamente uma das flechas.
"Essa não!" — pensei.
Foi por um mero centímetro que não atirei em Gael. Minha péssima mira, as vezes era útil. Queria ao menos, ter a habilidade de meu pai.
Logo após, ouvi as cavalgadas se aproximando e percebi que deveria agir. Preparando novamente minha arma, apontei em direção a perna dos soldados. Não queria matá-los e nem seria capaz disso, então apenas atirei para atrasá-los.
Certo! Consegui acertar algumas flechas nos guardas. Espero que ao menos, tenho ajudado um pouco Gael.
Alguns guardas recuaram e pararam seus cavalos, pois estavam feridos, enquanto outros continuaram perseguiam ele.
"Fique bem Gael..." — desejei no fundo do meu coração, que ao menos, ele conseguisse sair a salvo dali. Saí do topo da árvore e fiquei atrás de seu tronco para descansar, mas ainda atenta, caso algo acontecesse.
Sabia então, que não teria um minuto de paz. Ouvi passos. Não, não eram apenas passos, são... Cavalgadas! Uma tropa pra ser exata. Só pra capturar Gael? Quantos mais vieram?
— Acharam o garoto? — um dos soldados perguntou, se aproximando do ferido, que estava assentado na árvore.
— O rei pediu pessoalmente que o pegassem — outro deles disse.
— Estão atrás dele. — respondeu com dificuldade.
— Está muito ferido? — o capitão perguntou preocupado.
— Não se preocupe, estou bem. Apenas atiraram em minha perna. Com certeza queriam apenas me atrasar. Se não, teriam me matado.
— Quem atirou a flecha? O garoto?
— Teve um arqueiro. Alguns soldados foram feridos por ele. Deve estar por estes arredores. — disse o soldado que cuidava do ferido.
— O que estão esperando? — o capitão gritou para sua tropa. —
Vamos procurá-lo!— Sim senhor! — concordaram.
Estava escondida próxima a eles. Ouvindo atentamente tudo, fiquei nervosa. Estavam falando sobre mim. O que faria se eles me achassem? Correria ou continuaria aqui? Decidi esperar em cima de uma árvore, até que eles fossem embora.
Então ao amanhecer, fui embora. Peguei meu cavalo que estava entre as moitas escondido e o soltei.
Enquanto cavalgava, pensava em Gael e no que tinha nos acontecido. Gael era meu melhor amigo e o único que entreguei meu coração e agora, tudo parecia estar distante.
Também comecei a me preocupar sobre como Dona Nena reagiria ao saber do sumiço de Gael. Além de minha família. Espero que papai realmente não tenha dito nada sobre mim.
Estava assustada, com medo de terem feito algo contra ele. Por isso, voltei para casa, torcendo para que Gael já estivesse na sua, quando chegasse na vila.
Ao colocar meu cavalo no estábulo, entrei para dentro de casa, onde todos estavam reunidos, inclusive Dona Nena, que parecia preocupada com algo. Estavam assentados na mesa de jantar, enquanto conversavam baixinho. Quando perceberam minha presença, pararam de falar.
Em uma surpresa evidente, minha mãe ao me ver, corre em minha direção e me abraça.
— Querida, você está bem? — ela pergunta me analisando.
— Estou sim... — olhei ao redor. — Aconteceu alguma coisa...? — digo, olhando todos preocupados.
— Ainda bem... — suspirou, alisando meu cabelo.
— É o Gael querida. Ele... Desapareceu... — dona Nena dizia, andando de um lado para o outro.
— Como assim...? — tive que fingir surpresa, pois não poderiam saber no que ele havia se metido.
— Sumiu, simples assim... — minha irmã se levanta e vai para outro lado.
— Se você souber alguma coisa... Se ele te disse algo, fale. Pois pode ser importante... — meu pai me olhava, como se esperasse que eu soltasse algo.
Eu sabia que Gael me faria prometer que não contaria nada, e então eu neguei. Disse que não o via a dias atrás. Todos eles ficaram ainda mais preocupados.
Meu pai resolveu avisar aos vizinhos e a todos que se propusessem ajudar a procurá-lo. Continuaram as buscas pelos próximos dias. Os ajudei, espalhando cartazes pelas cidades, mas ainda, tomando cuidado para que os guardas não me reconhecessem. Mesmo que os outros perguntassem aos soldados se o viram, mentiam e diziam que nunca o haviam visto.
Não contei a eles ainda o que havia acontecido. Eu sabia que o que eu estava fazendo não era o certo, porém sabia também que não havia escolha para mim. Pois mais uma vez, minha única esperança era ao menos encontrá-lo.
— Raven...? — meu pai me chamou em um canto. Estávamos na pequena cidade de Tiderood.
— Sim? — me aproximei com receio.
— Não precisa me contar o que aconteceu. Mas... Sabe que a vida de Gael está em risco.
— Eu sei... — disse suspirando. — Eu tentei salvá-lo, mas... — algumas lágrimas caíram do meu rosto. — Eu não consegui...
Meu pai me puxou para um abraço, me consolando.
— Não podemos prever o que pode ou não pode acontecer, filha... A única coisa que podemos fazer agora, é esperar. Esperar que o tempo, resolva as coisas...
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The Vigilantes
AdventureO que faria ao saber que seus pais escondem segredos de você e que todos a sua volta, mentem da mesma forma? Raven, decide mudar tudo isso. Porém ao revirar seu passado e descobrir seu destino, seu futuro e de todos que ama pode estar em perigo. "Co...