Capítulo 7 - Memórias

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"Neste mundo, apenas seja quem você quer ser. Só não seja idiota ao ponto de desejar algo impossível".

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Gael

Minhas mãos tremiam nas barras da prisão, enquanto escorregava na parede, perdendo o equilíbrio. Sentia meu corpo inteiro tremer dos pés á cabeça. Minhas pupilas haviam dilatado e parecia que o chão e as paredes estavam rachando de alto a baixo. Eu podia ver minha vida indo embora naquele exato momento. Mas em segundos, voltei a realidade.

— Ahh! — gritei assustado, ao jogarem um balde de água fria em meu rosto. 

Eu poderia ter odiado aquele homem, mas por estranho que pareça, foi seu horrível gesto que me dispersou.

— Parece que aquilo realmente teve efeito. — o soldado disse á um homem que transcrevia em uma folha seus pensamentos.

— É claro que os efeitos vieram. — ele me analisou e eu também. Seus cabelos eram cinzas, assim como sua barba. Não parecia ser muito vaidoso, já que suas unhas eram enormes. Parecia até ser uma das lendas que contavam. — Se não tivessem que o levar ao rei, ele seria uma ótima cobaia.

— E acabaria matando mais um com seus experimentos. — o guarda retrucou. — Espero que a igreja não saiba o que está fazendo. Se não, uma hora ou outra, vai acabar morto como aquelas bruxas.

— Isso não é bruxaria, é alquimia! — gritou irritado. — Cabeças de minhocas! Quem dera pudesse ter alguém que me entendesse! Agora levem esse garoto para o rei Daniel... — ele mudou seu rosto impassível, para assustado rapidamente. — Antes que ele corte minhas mãos...!

Me acordaram ás 6 horas da manhã, pois me lembrava de ver o sol nascendo pela janela. Estava acorrentado, com hematomas e machucados por todo o corpo; também com um pano amarrado em minha boca. Minhas lembranças eram falhas, mas eu me recordava exatamente de seu rosto. O maldito rei.

— Acordou bela adormecida? — ele caminhava até o seu trono, enquanto eu, estava nas escadarias abaixo, ajoelhado. — Bom, queria terminar nossa conversa, tenho muito a contar... Fiquei um pouco irritado ontem, você fala demais... Hoje não será assim, não é mesmo? — perguntou sorrindo para mim. Um sorriso diabólico, que fez meu sangue gelar novamente.

Ele saiu de seu trono de repente, andando de um lado para o outro, como se pensasse antes mesmo de falar:

— Você deve estar se perguntando, porque o rei em pessoa falaria comigo? Ou porque mandei uma tropa exclusiva para buscá-lo. Obviamente nunca te direi. Colocaria minha própria vida em risco. Porém... Serei uma boa pessoa. Darei pistas para você. Adoro charadas! — ele continuou. — Minha mãe e meu pai me disseram: "Neste mundo, apenas seja quem você quer ser. Só não seja idiota ao ponto de desejar algo impossível". E eles estavam errados. Eu consegui algo impossível, me tornei rei. 

Desapontado, caminhou em minha direção:

— Estou te achando muito quieto, não quer dar uma palavrinha? — ele soltou o pano que estava em minha boca e eu mordi sua mão.

— Seu desgraçado! — Ele disse se afastando, com raiva. — Então é assim...? Pensei que queria minha ajuda Gael. Que queria saber quem são seus pais ou seu passado... Já que por um descuido, nos encontramos novamente. — disse, segurando suas mãos uma contra a outra, para aliviar a própria dor.

— E como você me ajudaria? — perguntei com receio.

— Com charadas! Como eu amo! — ele sorriu. — Já consigo ouvir o embaralhar das cartas. — disse olhando para o teto.

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