Capítulo 32 - Minha história

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" Eu não podia vê-los irem embora daquela forma. Simplesmente não se pode deixar ir embora, alguém que você ama..."

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Daniel

É eu sei. Vocês devem estar pensando porque raios eu narraria esta história. Pelo simples fato de ser minha vida. Senhoras e senhores... Os direi sobre minha história. O que farão pensar se sou um vilão qualquer, ou um anti-herói que teve seus motivos para fazer tanta merda. Espero que estejam preparados...

— Mamãe...? Papai...? — perguntava correndo pela casa. — Onde estão? — corria desesperado. Vi apenas suas sombras indo adiante. — Não vão! Por favor... — tentava alcançá-los... — Não!

— Daniel... Está tudo bem... — minha mãe me abraçava. — Estou aqui. Foi apenas um pesadelo. — dizia para me acalmar, mas eu apenas chorava.

Eu me lembro de estar em meu próprio quarto. Odiava a solidão daquele cômodo, o que fazia com que pesadelos se aflorassem em minha mente. Mas naquele dia, ela estava lá. E eu me perguntava se estaria ali para sempre.

— Me promete... — comecei a dizer, desesperado. — Me promete nunca me deixar?

— Eu não seria capaz disto. — negou assustada. — E como pode pensar uma coisa destas? — me olhava fingindo estar brava.

— Me desculpe...

— Bom... Que tal irmos lá para fora? — meu pai disse, entrando no quarto. — Preciso te mostrar uma coisa...

— O que está aprontando Gotth? — minha mãe perguntou a ele.

— Vamos lá fora... — meu pai respondeu, me pegou e me levou em suas costas.

— Cavalinho! — brinquei. 

Todos rimos. E fomos para fora de casa.

Já estava escuro. Se viam apenas pequenas luzes de lamparinas e o estrelado céu.

— Chegamos. — ele concluiu, me aterrissando no chão. Se sentou no chão e me acomodou do lado dele, de modo que fiquei entre ele e mamãe. — Está vendo aqueles pontinhos no céu? — me perguntou, apontando.

— Sim... — sorri encantado. — São muitos!

— Esses pequenos pontinhos, marcam a vida de cada pessoa no céu. — ele continuou dizendo.

— Mas como faço pra virar uma delas? — perguntei com curiosidade.

— Bom... — pensou. — Eu não sei. — se virou para mim. — E para que quer virar uma estrela?

— Pra que eu pudesse estar onde vocês estivessem. Mesmo muito longe... Eu poderia ver onde estavam. — disse e automaticamente me abraçaram bem forte.

— Não diga estas coisas... — minha mãe chorava. — Oh! meu filho...

— Não vamos te deixar. — meu pai disse para mim se afastando do abraço aos poucos. — Nós te amamos. — disse em um tom doce.

E a cada vez que olho para o céu, me lembro destas palavras. Sinto como se tivessem acrescentado 2 estrelas lá. Pois vidas especiais são marcadas de alguma forma. E eles marcaram minha vida.

Foi por isso que fiz aquilo: medo, insegurança. O medo de perder alguém é desesperador. E hoje o que posso dizer... É que sinto muita falta deles, pois não pude salvá-los.

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Os caçadores são uma linhagem de assassinos profissionais. Aceitam todo tipo de trabalho e viviam em uma vila ao Norte da Inglaterra. Meus pais eram. E talvez esta seja a parte que eu mais odeie.

The VigilantesOnde histórias criam vida. Descubra agora