Capítulo 43 - Traidores

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"Tudo bem... Se é assim que quer, lutarei com tudo. Só não se arrependa depois."

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Raven

Não, não. Eu ainda não acredito. Talvez isso não passe de um delírio ou um pesadelo meu.

— Por que...? — implorava olhando nos olhos de cada um. 

Pudia ver que estavam arrependidos, mesmo me acorrentando em uma das colunas da parede. Ainda assim, continuaram ao meu lado, segurando os meus braços.

O silêncio ecoava pela sala, até que decidi intervir. Daniel estava com os braços cruzados, observando a situação.

— Eu já sabia de Tear. — continuei dizendo. — Quando disse que havia um traidor no grupo me referia ela, não a vocês. — disse desanimada. — Por quê? Darla e Félix. — olhei para eles. — Vocês são as últimas pessoas que eu pensaria que poderiam me tra...

— Pare! — Félix me interrompeu. — Não piore as coisas. — dizia, desviando seu olhar. — Eu sei que sou culpado. Não precisa dizer o óbvio. Mas esta foi minha escolha. — virou-se para as duas. — Nossa escolha.

— Por que!? — tornei a perguntar. — Me diga... Por favor...

— Isso não é da sua-

— Tudo bem. — Félix parou Tear, suspirando continuou dizendo. — Quer saber mesmo...? 

Eu apenas afirmei.

— As cartas.

— Cartas? — refleti por um instante.

Assim, me lembrei automaticamente delas. As cartas do rei. Comecei a negar constantemente com minha cabeça. Eu percebia agora o qual idiota estava sendo. Eu pensei que eles... Haviam se arrependido. Então tudo foi em vão!?

— Me diga então Raven... — olhou para mim. — Não faria de tudo para trazer quem ama de volta a vida?

— Eu, não... 

— Não minta pra mim. — instigava. — Eu sei que faria. Principalmente se fosse Gael. 

Ele estava certo. O que eu poderia dizer?

— Você disse que seguiria em frente. — tentei convence-lo.

Ele gargalhou.

— Seguir em frente? Eu até fiz isso, mas percebi que quando menos eu esperasse, você voltaria para ele. Por mais que eu fizesse de tudo pra ficar ao meu lado... — apertou ainda mais um de meus braços. — Bom.... Já fez a sua escolha. E eu a minha.

Agora eu pude entender. Ele fizera aquilo para se vingar de mim, por um amor não correspondido. Chegava a ser idiota, mas não julgava. Eu não devia ter dado esperanças para ele, pois eu sabia que no fundo, amava Gael.

— Eu sinto muito se não sou a pessoa certa pra você. — admiti, com os olhos baixos.

— Não diga que...

— Já chega Félix. — Darla o olhava. — Vamos terminar logo com isso. — Imagino que também queira saber o meu motivo. — ela disse e eu concordei. — Eu tenho um filho. E eu não sei onde está.

— Como...? — perguntei com curiosidade.

— Antes de me tornar pirata, era tudo muito difícil. — dizia com a voz pesada. — A tripulação era masculina. Eles não me aceitariam como pirata, então tive que ser uma escrava para poder entrar. — suspirou. — E quando eu menos esperei estava grávida. Tudo que eu queria era me livrar daquilo... Até que ele nasceu. Feinho e inocente, eu não poderia deixá-lo sozinho. Mas ele o tirou de mim. — apertou suas mãos em meu braço. — O capitão. Um dia me jogou no mar e eu quase morri, se não fosse Félix. Meu irmão soltou minhas algemas e me levou até a beira. Depois deste dia... Nunca mais vi meu filho.

The VigilantesOnde histórias criam vida. Descubra agora