Capítulo 36 - Sentimentos

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" Eu sei... Infelizmente eu sei como é perder alguém importante."

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Raven

Por quê? Eu me perguntava constantemente. O que eu fiz pra que merecesse tudo isso? Eu apenas ajudei as pessoas, assim como meu pai! Por que eles tiveram que morrer? Quantos fazem coisas ruins e mesmo assim não recebem o que merecem, como Daniel. É injusto! 

Eu cansei... Eu... Cansei.

Corremos tanto e pegamos tantos atalhos que chegamos antes mesmo do anoitecer. O sol estava quase se pondo.

Todos estavam fora de casa, estavam treinando. Pensei que iriam descansar, mas preferiram lutar. Se eu tivesse ficado aqui, sentiria uma culpa maior do que sinto agora. A culpa de não poder ajudar alguém. A culpa de que mesmo que você faça o possível para concertar as coisas, sempre acontece algo para atrapalhar tudo. Tudo. O que me pergunto: Será o mundo injusto ou eu que tenho má sorte? Prefiro acreditar nos dois.

— Raven! — Félix abandonou sua espada no chão. — Já está de volta? — sorriu, vindo até mim.

Como não respondi, ele perguntou:

— Quem é esse baixinho? — perguntou segurando sua risada.

— Eu sou Victor, irmão dela. — disse e desceu do cavalo. 

Eu ainda estava lá, olhando para o nada, sem conseguir me mover.

— E não sou baixinho! — meu irmão reclamou.

— É mesmo...? — o fitou com o olhar.

— Não é o que parece... — o pirata dizia rindo.

— Não estou pra brincadeiras hoje. — abaixou seu olhar. — É sério...

— O que aconteceu...? — perguntou, quase sussurrando. — Com ela?

— Acho melhor você não perguntar. — olhou para mim. — Ela precisa de um tempo... Para assimilar as coisas. — fingiu um falso sorriso. — Pode me mostrar a casa?

— Tá legal... — disse entrando na casa, ainda olhando pra mim. — Fique bem... — sussurrou, próximo.

Até que percebi o quanto Storm estava impaciente. Estava com fome. Desci e o acariciei, para acalmá-lo. Encostei meu rosto ao seu. Sabia o que estava sentindo, estava confuso como eu. Me afastei aos poucos, o levando ao estábulo. O alimentei e vi Thunder do outro lado com ciúmes. Sorri meio triste e fui abraçá-lo. Eles me entendiam melhor do que qualquer um neste momento. Não precisavam de palavras, apenas gestos.

— Eu também senti sua falta. — foi o que consegui dizer ao meu companheiro.

Sentia cada vez mais uma abismo crescente em meu coração. Aquele silêncio chegava a ser assustador. Já não sabia o que fazer, apenas que precisava que o tempo passasse rapidamente. Não que adiantasse alguma coisa, pois não posso mais voltar atrás.

Meus pés me levaram para perto de um barranco. Era do lado da cachoeira. 

Eu não faria alguma besteira. Sabia que já bastavam de mortes por hoje.

Me assentei em algumas pedras, vagarosamente. Coloquei meu rosto nos joelhos, com os braços cruzados. E automaticamente comecei a chorar muito. Tudo que eu sentia parecia se esvaziar aos poucos. Mas ainda não conseguia entender tudo que aconteceu, até agora.

— Pai... — me lembrava. — Mãe... Loren...

— Raven? — alguém me chamou, me despertando do transe.

The VigilantesOnde histórias criam vida. Descubra agora