Capítulo 13 - Resquícios do passado

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"Heróis não nascem com poderes ou habilidades. Estamos no mundo real, Raven. Se quer se tornar alguém que as pessoas possam se lembrar e se orgulhar, deve traçar sua própria jornada. A jornada do herói..."

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Rei Daniel

Entediante. Estes últimos dias estão longe de serem o que eu esperava. Pensei que ser rei, seria empolgante. Com guerras, conflitos, vagabundos para prender, lutar, brigar e muito sangue. Mas está sendo o completo contrário disso. Apenas sentado pra esquentar o trono. E claro, os moradores pedintes. A cada dia uma reclamação do meu governo e alguns ricos querendo cargos importantes. Não os julgo por sonharem, pois nunca terão o que pedem.

Continuava pensativo segurando aquela pintura em minhas mãos. Não compreendo por que ainda não a joguei fora, deveria ter queimado com as outras coisas, mas algo me impede. E isto, não é saudade dos meu pais. Parece que restara alguma humanidade em mim.

Encostado naquele trono frio, ouvi passos vindos da grande porta. Então ergui meu olhar pra ver quem era.

— Vossa majestade... — disse o servo se prostrando. — Me perdoe o incômodo... Mas trago notícias do teu reino.

— Sobre o que exatamente? — pergunto entediado, com uma de minhas mãos apoiada em meu queixo.

Respirando profundamente, como se fosse para criar coragem, ele dizia vagarosamente:

— Alguns pedintes da capital, reclamam que estão fartos do trabalho pesado e estão famintos. Além de claro-

 Ele dizia, mas o interrompi revirando meus os olhos, dizendo:

— Tem alguma notícia que realmente importa? — indaguei.

— S-sim... — disse ele surpreso. — Vasculhamos o vilarejo que pediu. Estava todo queimado. Casas destruídas, uma calamidade total. Mas haviam objetos desgastados e como tua ordem, trouxemos eles.

Com curiosidade e medo ao mesmo tempo, declarei:

— Pois mostre-me. — impus.

Ele assim saiu da sala. E minutos depois, trouxe consigo um pequeno baú sujo, com todos os objetos que me interessavam, restantes de minha cidade. Por um momento um arrepio percorreu todo o meu corpo, mas ainda assim persisti abrí-lo.

— Está aqui meu rei. — pôs ele a caixa em cima de uma mesa próxima ao trono. — Se me der licença... — disse ele se retirando.

— Pois bem... — disse antes de levantar e começar a revirar as coisas.

Olhava o caixote com medo. Não sei se estou preparado. Deveria esquecer de uma vez por todas... Mas simplesmente não consigo. Por quê?

Meio hesitante, comecei a vasculhar o caixote. Aquela caixa estava imunda, totalmente empoeirada. Tossi e continuei revirando. Uma tristeza imensa invadira meu coração. Eu sabia exatamente a quem pertenciam aquelas coisas. Brinquedos diversos, livros, algumas moedas antigas, armas e pinturas de família. Pinturas da minha família. Aos poucos me senti um pouco tonto, me endireitando próximo a mesa.

— Merda... — reclamei, colocando uma das mãos em minha testa.

Percebi imediatamente a besteira que fizera. Eu tentava mais uma vez me lembrar de meu passado, o mesmo que eu jurei esquecer. Mas a cada tentativa frustada, tentava me confortar com o que restava. Não era suficiente. Nunca foi. Com meu coração acelerado com o medo visceral em meu peito, ergui minha voz em uma tentativa de ajuda:

 — Célio! — gritei para chamar o empregado.

Ele rapidamente veio até mim.

— S-sim, majestade? — perguntou ele tremendo.

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