Capítulo 20 - Cartas

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"Eu tinha desistido de tudo isso... Mas seu pai me salvou".

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Henri

Estava cochilando em um navio cargueiro. Meio espreguiçado, comecei a pensar em tudo que acabara de acontecer. Eu realmente os vi. Os Vigilantes, novamente. Ainda me lembro das palavras do velho:

— Um dia você terá de aceitar seu destino Henri. Você nasceu para ser um de nós.

— Eu não sirvo para isso velho. — admiti desanimado. — Sabe que a única coisa que sei fazer é roubar alguma coisa.

Ele olhou para mim com compaixão e disse:

— Não há nada que não podemos mudar com o próprio esforço. E você rapaz... Tem um coração enorme.

Eu apenas assenti. Ele sabia o que eu andava fazendo. Roubava para dar aos pequenos, aquelas crianças abandonadas. Pois eu me via nelas. Sabia o quanto era ruim viver naquele estado e precisava fazer alguma coisa para mudar isso. E agora que tenho a chance de fazer algo... Tenho muito medo. E se eles não me aceitarem? Poderei mesmo mudar? Acho que não estou pronto...

Continuei a refletir:

"Obrigado Robin, espero não desapontá-lo". 

E acabei adormecendo.

Raven

(3 horas antes)

Continuamos conversando naquela rodinha. Alguns contavam histórias sobre sua vida, outros apenas ouviam. Mas mantínhamos uma boa companhia.

— Eu era vizinha de Gael e Raven. Mas meus pais preferiram mudar para capital para trabalhar... Então, depois nunca mais os vi. — Teodora sorriu para Gael. — Até agora... — ele sorriu, sem graça.

— E você, Darla? — perguntei, para mudar de assunto. — Desde quando conhece os vigilantes?

— Humm... — ela bebia uma cerveja. — Alguns piratas tem um acordo com os Vigilantes.

— Um acordo? — indaguei com curiosidade.

— Sim. Nós também "roubávamos dos ricos", na verdade de qualquer navio, mas isso não vem ao caso.

— Meu pai concordou com isso? — questionei com receio.

— Seu pai... — começou a dizer pensativa. — Ele nós odiava, até precisar de nossos serviços. Trocávamos produtos. E também protegíamos uns aos outros. É como uma "bela amizade". — ela riu cinicamente.

— Entendo... — concordei. — E desde cedo, está neste ramo?

— Hum...? 

— Navegar. Ser pirata. Essas coisas... — continuei dizendo.

— Desde que eu nasci, minha jovem. — ela respondeu. — Mas é um sentimento contraditório. Tudo, pode acontecer.

Percebi que assim como Félix, ela não estava gostando nem um pouco de tocar no assunto, então resolveu falar de outra coisa.

Limpou a garganta. 

— E você? — limpou a garganta perguntando. — Desde quando decidiu seguir os passos do seu pai?

— Até um tempo atrás, quando eu descobri tudo.  

— Espera. Você não sabia? — ela perguntou assustada.

— Não. Papai me escondia tudo. — admiti com tristeza. — Todos escondiam o meu futuro de mim.

Eu possuía a incrível habilidade de estragar os melhores momentos. Este não foi diferente.

The VigilantesOnde histórias criam vida. Descubra agora