Epílogo

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Daniel

— Eu não disse, meus amigos...? Acabaríamos nos encontrando de novo. O show acaba de começar!

Raven

Estávamos quase dormindo tranquilamente. Gael e eu conversávamos. Deitados um do lado do outro e eu, de barriga para cima, pois meu filho estava demorando para nascer, mal podendo dormir de lado.

O aconchego nos braços de Gael, me fazia lembrar do dia anterior. O melhor dia de toda a minha vida. O que eu imaginava, é que alguma estava errada, pois sempre que vivencio algo bom, acontece algo ruim em seguida.

— Não acha que... Está tudo tranquilo demais? — perguntei, enquanto ele mexia em meus cabelos.

— O que quer dizer com isso? — perguntou rindo.

— Eu não sei... — tentei dizer, preocupada. — Sempre que está tudo tranquilo demais... Alguma coisa acontece e-

Alguém começou a bater na nossa porta.

— Como agora. — disse desanimada.

— Só ignore... — Gael me aconselhou. — Amanhã eu vejo o que aconteceu.

E as batidas continuaram, até que quem estava do lado de fora entrou. Era um guarda e seu rosto pingava gostas de suor constantemente.

— Vossa majestade, me perdoe tamanha intromissão, mas... Preciso avisá-lo.

— O que foi? — meu marido se encostou na cama, ainda com os lençóis abaixo da cintura.

Eu continuava me escondendo envergonhada, mas ouvindo cada palavra atentamente.

— Um... Um prisioneiro fugiu. — disse com fôlego curto. — Os guardas estão em sua busca.

— Daniel fugiu? — ele reclamou rapidamente. — Eu sabia!

— Não, não meu senhor. — o soldado se justificava. — Quem fugiu foi-

— Olha só... — disse entrando no quarto. — Parece que cheguei a tempo.

Nos assustamos com a chegada de Leonor.

— Leonor... O que faz aqui? — perguntei assustada.

— Bom... — começou a dizer. — As coisas podem ficar bem feias... 

Olhamos para ela ser entender.

— Minha Tia fugiu.

— Mas era isso que eu ia dizer! — o soldado disse indignado.

— Pra onde ela foi? Você sabe? — Gael perguntou.

— Infelizmente eu sei... — disse pessimista. — Mas não quero ir até lá...

— E porque não? — continuou a perguntar.

Suspirou e nos encarou dizendo:

— Nena está mexendo com magia negra.

— O que isso significa? — indaguei com curiosidade.

— Na melhor das hipóteses... Que ela vendeu sua alma e conhece agora... Todos os feitiços proibidos. 

— E para o que ela pode usá-lo...? — tentei acompanhar sua lógica.

— Pra qualquer coisa. — admitiu. — Mas acredito que seu objetivo seja apenas um: ressuscitar nosso clã. Ela quer trazer de volta a vida... Todas as bruxas. E isso... — riu nervosa. — Não é nada bom...

Daniel

— Eu avisei que as coisas piorariam... Mas antes devo apresentar um incrível diálogo que tive com a velha. 

Eu estava tranquilo, deitado em minha prisão, trocando de posição para ajeitar minhas costas. Aquilo era realmente horrível.

— Inacreditável. — murmurei. — Estão vendo meu sofrimento?

— Falando sozinho, de novo? — Nena perguntou, andando pelo corredor.

— Isso não é da sua conta. — depois que percebi o que estava acontecendo, me levantei surpreso. — Usou suas macumbas para se soltar?

— Eu não uso macumba! — gritou irritada. — São feitiços!

— A mesma coisa.

Mal-humorada abriu minha cela da prisão.

— Não, não, não. — neguei ao ver seu rosto. — Eu não vou participar dos seus planinhos.

— Não quero que participe, estou apenas te soltando. — explicou. — Agora fuja.

Pensei um momento, um bom tempo na verdade e continuei ali de braços cruzados.

— O que está esperando, idiota? — olhou incrédula para mim. — Fuja!

— Eu não sou como você, Nena. — a encarei de braços cruzados. — Prefiro... Ficar por aqui.

Ela riu sarcástica.

— Daniel... Ainda está esperando seu quartinho? Acha mesmo que eles virão te soltar?

— O meu quarto está sendo preparado...

— Pensei que você fosse mais esperto.

Percebi o quão ridículo foi meu comentário. Estavam mesmo me enganando?

— Bom... Deixarei a cela aberta. Mas eu espero... Espero mesmo que você não tenha mudado. Fuja em quanto há tempo. Até logo! — disse desaparecendo.

Pensei e pensei por tempo demais. Andava de um lado pro outro na prisão. Meu cérebro parecia estar fritando. Sem nem pensar, rapidamente me fechei na cela. Devo ter fritado meus últimos neurônios. 

Me sentei no chão frio, encostando minha cabeça em meus braços.

— Que merda... Eu fiz?

E até agora, me pergunto o que fiz naquela hora. Mas graças ao meu bom feito, recebi minha recompensa.

Eles acabaram me soltando...

— Adeus meus amigos prisioneiros! Adeus meus leitores! Arrisco dizer que esta é minha história. 

E segui livremente pelos corredores, esbarrando pelos guardas que corriam atrás da velha.

— E como disse... Este é o meu felizes até que dure. — suspirei. — Me desculpem... Não achei frase melhor.


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