Duzentos e dois anos se passaram desde que Prythian se libertou das garras afiadas de Hybern. Feyre e Rhysand tiveram filhos e o segundo é Akinli um dos jovens mais poderosos do mundo.
Desde muito novo Akinli procurava pelo o amor, mas o que ele não...
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Eu estou caminhando pelas ruas de Velaris quando minha melhor amiga, Rue, vem ao meu encontro.
— Sabe, realmente não acredito que aconteceu aquela batalha e não pude lutar com vocês — ela gesticula de um modo engraçado.
— Você precisa superar, Rue — solto um riso esganiçado. — Se passaram dois anos, desde a guerra.
Dois anos desde que meu irmão mais velho, Anakin, descobriu ter um laço de parceria com Taryn, a herdeira da Corte Primaveril. Os dois a princípio não queriam o elo e acabaram indo atrás de um livro que o desfazeria, mas tudo saiu do controle. No final uma guerra contra Amarantha e Clythia não pode ser evitada.
Conseguimos vencer, nossas esperanças sobreviveram, o amor que temos por Prythian foi maior que o ódio das irmãs.
— Jamais — Rue cruza os braços torcendo o nariz. — Eu passei cinco meses longe, e tudo virou de cabeça para baixo!
— Não dá para mudar o passado.
Passo as mãos uma na outra para me aquecer, o Solstício de Inverno está mais gelado que nunca, jamais presenciei um inverno como esse.
— O que vai fazer na Queda das Estrelas? — questiona.
— Você sabe Rue, o mesmo de sempre.
— Pela Mãe, Akinli — minha amiga suspira triste. — Todo ano você senta no telhado da Casa do Vento e observa as estrelas, seu modo de festejar é muito antiquado.
— Eu gosto do meu modo de festejar — faço uma careta —, além disso não é a noite toda, só uma pequena parcela do tempo.
— Não sei o porquê de você gostar tanto de olhar o céu.
— No começo era só um passatempo — coloco minhas mãos dentro do casaco. — Agora... Desde a guerra parece que algo dentro de mim mudou, parece que há algo me ligando as estrelas, gosto de sentir isso.
— Você é estranho — Rue dá um tapinha no meu ombro. — Mas deve seguir o que acha certo, talvez te traga algo bom.
Encaro Rue, sua pele marrom brilha com o pôr do sol, seus cabelos cacheados estão uma completa desordem mas isso a deixa mais bonita.
Sorrio com a cena. Desenhar esse exato instante de Rue seria uma das melhores coisas que faria na vida.
— Você precisa me deixar desenhar...
— Não comece, Akinli. — Ela revira os olhos.
— Mas...
— Sei que a arte está no seu sangue, mas não precisa fazer isso toda hora.
Suspiro derrotado. Meus irmãos, Anakin e Aster, não gostam de pintar, desenhar, esculpir... Nada. Fui o único que puxei os dons de mamãe, quando eu era criança passávamos horas em seu estúdio pintando enquanto eles brincavam.
Isso me fez ter o temperamento menos extravagante, mas não posso negar que o humor é igual o de papai.
— Pessoal! — uma voz que conhecemos muito bem nos chama.
Viramos e vemos o último integrante do trio mais bagunceiro de Velaris.
— Griffin! — eu e Rue exclamamos correndo na sua direção.
— O que está fazendo aqui? — dou um abraço nele.
— Achei que a recepção seria mais calorosa — desdenha, me afasto e minha amiga o abraça.
— Não que eu não esteja feliz por ver você, mas apenas surpreso. Saiu a três meses para treinar nas montanhas da Corte Primaveril para o Exame Outonal, voltou mais cedo do que eu imaginava.
— Eu treinei o suficiente — dá de ombros. — Resolvi passar a Queda das Estrelas em casa.
— Você está diferente! — Rue replica.
Ela está certa. Sua pele branca agora fora substituída pelo bronzeado, os cabelos verdes estão menores e uma cicatriz pequena envolve o queixo.
— E precisa nos contar muitas coisas. — aponta o dedo para seu rosto.
— Vamos para o restaurante da beira do rio, então?—- pergunto.
— Sim! — Griffin responde imediatamente, o encaramos — O que? Faz tempo que não como comida de verdade.
Rimos. Faz tempo desde que conseguimos ficar os três juntos, houve tantos acontecimentos que nos separou...
De qualquer modo, é bom que o trio esteja de volta.
✶⊶⊷⊶⊷❍⊶⊷⊶⊷✶
Depois de muitas risadas e histórias vou para Casa do Rio. O lugar está silencioso, confesso que sinto falta de toda barulheira de quando estávamos na Casa do Vento, esperando as reformas daqui ficarem prontas.
A Casa do Vento agora é apenas para reuniões, todos tem seu próprio lar, inclusive Anakin que se mudou depois de casar a um ano atrás com Taryn.
Foi o casamento do século. Prythian inteira comemorou a união da filha da primavera com o filho da escuridão, só pararam de festejar após três meses.
Antes que eu possa ir para o quarto sou pego de surpresa pela minha mãe.
— Estou planejando uma festa surpresa para Amren — diz enquanto subo as escadas.
— É bem possível que ela já saiba — respondo me virando.
— Não! Faz três anos que não faço nenhuma, ela não desconfiaria nesse — mamãe faz uma expressão que me lembra Aster, as duas poderiam ser consideradas irmãs.
— Tem certeza? — cruzo os braços.
— Ela não vai — afirma e eu concordo. — Faz tempo que você não aparece no estúdio, as crianças estão perguntando sobre você, Akin — muda de assunto.
— Eu sei — suspiro. — Talvez seja porque a Queda das Estrelas esteja próxima ou o Exame Outonal, mas sinto algo agitado dentro de mim. Prometo que depois das festas irei aparecer lá.
— Tudo bem querido — ela sobe uns degraus e me dá um beijo na testa. — Talvez você só esteja ansioso para que algo aconteça.
