Uma semana depois, o domo em volta de Orynth ainda continua intacto. Amren e os outros tentaram de tudo, mas parece impossível, nada que façam desfaz isso.
— A magia deles é muito complexa — Amren fala para nós na tenda de reuniões. — Pode demorar meses ou até anos para conseguir acabar com a barreira.
— Anos? — minha mãe pergunta com a voz embargada, a outra concorda.
Encaro a rainha, seu rosto está com uma expressão cansada, meu pai passa a mão por sua coluna para aliviar a tensão. Desvio o olhar. É difícil ver os dois assim, depois de tudo que fizeram e sofreram para que Terrasen se reerguesse novamente.
— Os Duegons vão voltar, não há como negar que querem Serina e nosso mundo, só estão esperando algum momento oportuno — comenta Fenrys.
Isso é outra coisa que eu não quero encarar, aqueles guerreiros estão atrás de mim. Os Duegons estão atrás das chamas que revelei.
Não sei como isso saiu de mim, mas sei que não existia. A única certeza que tenho é que me deram esse poder. Que foi jogado no meu poço de magia por aquela voz. Aquela voz sobrenatural que nunca ouvi antes.
Mesmo eu tentando invocá-las novamente, nada acontece.
— Perda de tempo — falo. — Não consigo fazer as chamas de novo.
— Talvez eles tenham um jeito — Lorcan murmura.
Engulo em seco olhando de relance para Akinli. Ele morde o lábio inferior, preocupado.
— De qualquer modo, vamos pensar no agora — Manon cruza os braços. — Precisamos treinar ao máximo o exército para um possível ataque e redobrar os esforços para tentar achar algo que possa desfazer essa magia.
Todos presentes na sala concordam.
— Reunião encerrada — mamãe suspira fundo.
Saio do lugar sem um rumo definido, não quero treinar e muito menos conversar mais sobre minha magia misteriosa. Tudo que eu desejo agora é descobrir um jeito de acabar com o domo.
Com a cabeça baixa e os pensamentos a mil não percebo quando trombo com alguém.
— Desculpe — levanto o olhar me deparando com Alluka.
— Oh, deuses! — faz drama — Aonde está minha melhor amiga, Serina? Ela era uma jovem muito determinada.
— Minha determinação ultimamente está em prova, Allu.
— Ah, qual é Se? Sua determinação é o que faz de você a próxima Khalayo.
— Khalayo? — pergunto abismada — Só Brannon foi chamado assim.
Por causa do fogo surreal do antigo rei, ele foi apelidado como Khalayo. Na língua antiga significa Fogo Sagrado.
— Seu ato heróico está se espalhando pelos quatro cantos do mundo, dizem que suas chamas rosadas brilharam mais forte do que qualquer outra coisa contra nossos inimigos.
— Uau, isso eu não sabia.
Ela dá de ombros.
— Sempre achei que seria a primeira a receber um título — solto um risada.
Alluka era uma das poucas pessoas que conseguiam me arrancar risos em momentos de desespero.
— Eu também, Alluka.
— De qualquer modo Serina, jamais duvide da sua determinação. Porque ela é o que faz você ser tão você. Vamos sair dessa, como todas as outras vezes ao longo do tempo.
— Obrigada, por tudo.
— Eu que tenho que agradecer, você salvou minha vida. Aliás, como está em relação ao laço? E não tente desviar do assunto espertinha, dessa vez não irá escapar.
— Tudo bem, você venceu — levanto os braços. — Não sei, realmente não sei o que eu sinto por, Akinli. Digo, nós temos uma atração grotesca, mas não sei se é amor, Alluka. Tenho certeza que não posso viver sem isso. Quando vejo meus pais, seus pais, os pais dele felizes de um jeito tão inexplicável, eu percebo o quanto quero isso para mim, quero poder acordar de manhã e pensar o quão sortuda sou por ter aquele alguém. Com tudo isso que está acontecendo ainda não sei. Por isso não aceitei o laço.
— Não tenha pressa, Se — ela me lança um meio sorriso. — O amor pode ser tão rápido como uma estrela passando pelo céu, você simplesmente vê a pessoa e sabe que é ela ou pode ser tão lento como uma tartaruga. Nos pequenos gestos, falas, olhares, o fato é: o amor não tarda. Descobri isso quando acordei de manhã e pensei o quão sortuda sou por ter Tarwen na minha vida.
Respiro fundo, nesse momento todas as minhas preocupações sobre o laço parecem ter sumido. Porque agora eu tenho certeza que saberei quando for amor, talvez demore dez, cem, mil anos, mas eu saberei se um dia amar Akinli.
— Desde quando você ficou ótima em dar conselhos? — pergunto encabulada.
— Desde que eu comecei a ser preparada para ser rainha — faz uma careta. — Agora chega de conversa fiada, precisamos treinar para acabar com aqueles malditos — ela anda para a direção oposta.
— Já disse que você fala como a sua mãe, às vezes? — ergo o cenho.
Alluka ri, eu acompanho. Me sinto mais alegre depois dessa conversa e pronta para acabar com os Duegons.
✶⊶⊷⊶⊷❍⊶⊷⊶⊷✶
Estou prestes a deitar, quando meu parceiro aparece na minha tenda de bermuda, e, sem camisa.
Tento não encarar o abdômen definido, e as linhas aparentes em forma de V. Chega quase a ser tortura.
Quase.
— Você poderia ter colocado uma blusa — falo irritada.
— A graça é ver você falhar miseravelmente em não me desejar com os olhos — pisca.
— De quem você puxou esse humor?
— Sem dúvida do meu pai — dá de ombros. — Sempre foi assim, sabe? Anakin uma mistura dos dois, eu com a de papai e Aster com a de mamãe.
— Entendo muito bem — balanço a cabeça.
— De qualquer modo eu tenho algo para te dizer.
— O que?
— Existe uma criatura em Prythian, que sabe de tudo. Se realmente tiver algo que dê para desfazer o domo, ele vai saber.
Me animo imediatamente.
— E quem é? — pergunto.
— Biaron.
✶⊶⊷⊶⊷❍⊶⊷⊶⊷✶
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Corte de Chamas e Luz Estelar 𝙖𝙘𝙤𝙩𝙖𝙧 + 𝙩𝙤𝙜
FanficDuzentos e dois anos se passaram desde que Prythian se libertou das garras afiadas de Hybern. Feyre e Rhysand tiveram filhos e o segundo é Akinli um dos jovens mais poderosos do mundo. Desde muito novo Akinli procurava pelo o amor, mas o que ele não...