Sinais Do Apocalipse II

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***Plínio

Acordei ouvindo o som de um estrondoso trovão. A chuva torrencial continuava a cair incessantemente lá fora.

Ao abrir os olhos assustado, percebi que havia pegado no sono deitado sobre o peitoral de Gabriel. O loiro permanecia imóvel em um sono sereno, vê-lo daquele jeito, dormindo tão tranquilamente; me fez notar o quanto ele parecia vulnerável.

Provavelmente algumas horas já haviam se passado desde que eu tinha pegado no sono alí junto com ele. Tentando não acordá-lo, me levantei lentamente da cama. Devido a escuridão, que era consequência do mau tempo, acendi os abajures de cabeceira.

Uma forte ventania invadia o quarto através da janela. As cortinas eram balançadas com força, a chuva havia começado a ser empurrada para dentro com a brutalidade do vento.

Caminhei até à janela aberta, na intenção de fechá-la. Raios iluminavam o céu carregado de nuvens turvas. O som dos constantes trovões ecoavam por todos os lados. Para mim, aquela já não parecia mais uma chuva comum. Do lado de fora, vários pontos de alagamento já podiam ser vistos em alguns lugares específicos, as fortes enxurradas carregavam lama e pequenos galhos secos.

Fechei a janela que produziu o som de um click assim que eu girei o trinco da mesma. Quando me virei para voltar para a cama, notei que Gabriel estava acabando de acordar... Ainda com o olhar bêbado de sono, o loiro me encarava confuso, ele passou uma das mãos pelo rosto pálido e perguntou:

- Ainda chovendo?!

- Sim... E muito! - Respondi sentando-me na beirada da cama.

Outro forte som de trovão cortou o ar. Como eu estava distraído, foi inevitável não me assustar com o intenso barulho repentino... Tive um leve espasmo. Gabriel, percebendo que eu havia sido pêgo de surpresa pelo som, segurou uma de minhas mãos e disse:

- Calma... Foi só um trovão, Plínio...

- Eu já não sei de mais nada... - Fiz uma pausa e dei um suspiro. - Já fazem horas que essa chuva começou, e no entanto, a intensidade não diminuiu, muito pelo contrário, parece estar ainda pior!!!

- Calma... Logo logo, vai passar. - Ele me puxou com delicadeza para que eu voltasse e me deitar junto a ele.

Assim que tomei lugar ao seu lado na cama, ele me abraçou com força. Eu não podia negar que tantos raios e trovões já estavam me deixando bastante tenso. Eu nunca antes havia presenciado tempestade tão severa em WorldHidden.
Fiquei parado entre os braços do rapaz, meu olhar permanecia fixo ao teto enquanto o mundo parecia desabar lá fora...

- Está com medo? - Gabriel, que estava com seu rosto bem junto ao meu, perguntou quase que sussurrando.

- Um pouco... Estou meio assustado com todo esse barulho. - Fui sincero.

- Estou aqui com você, não é nada demais, você vai ver... É só uma tempestade. - Ele continuava tentando me tranquilizar em meio àquela tormenta.

Respirei fundo... Eu tentava não ter pensamentos negativos. Queria aproveitar aquele momento ali com o loiro que eu tanto adorava. Devido a todos os problemas que estávamos passando, era muito raro termos a oportunidade de curtirmos algum momento a dois, eu queria aproveitar. Mesmo que parecesse impossível.

Estar na companhia de Gabriel fazia eu me sentir mais seguro, mais calmo... Tê-lo ao meu lado, de certa forma me dava forças, eu conseguia ter mais coragem. Queria que momentos como aquele fossem eternos, queria não pensar em coisas negativas.

O Belo e O Fera: Despertar [Livro 2]Onde histórias criam vida. Descubra agora