***Beatriz
Fomos materializadas no grande salão do Conselho Dos Clãs. O local não estava tão limpo e organizado quanto eu me lembrava...
Alguns móveis estavam fora do lugar, outros de ponta-cabeça, havia uma quantidade considerável de pessoas espalhadas por todo o ambiente, cada um ajudando como podia para que o local voltasse a ficar em ordem.
Suzana estava agarrada em meu braço esquerdo e apertava com força. Ela parecia estar apavorada. Logo supus que a mesma se encontrava em estado de choque, com certeza a situação com aquelas pessoas na rua escura mexeu muito com ela.
- Você já pode se acalmar, Suzana... Agora estamos em segurança. - Tentei tranquilizá-la.
A mulher lentamente foi soltando o meu braço à medida que seu semblante ia ficando mais relaxado e seu olhar menos apavorado.
- Perdoem-me pela bagunça, suponho que já devem saber o que houve aqui. - Disse professora Lourdes calmamente. - Estamos tentando organizar o local depois do que aconteceu. E me desculpem também pelo mal jeito, cheguei muito de surpresa ao local do incidente.
- Não há porque se desculpar, altíssima... Salvou nossas vidas! Eu nunca terei como agradecer o suficiente. - Dirigi-me à superiora fazendo uma discreta reverência.
- Foi aquele desgraçado do Pavel quem deixou esse lugar assim, não foi?! - Suzana nos desviou a atenção. Ela estava visivelmente com ódio.
- Infelizmente sim... - A velha feiticeira respondeu lamentosa. - Fomos pegos de surpresa, mal pudemos reagir. Não imaginávamos que Pavel tivesse um plano tão ardiloso em andamento. Jamais poderia imaginar que outros feiticeiros estivessem aliados a ele.
- Aquele maldito! Sempre se livrando de tudo! Faz todas as maldades que faz e acaba impune!
- Tente se acalmar, Suzana... Nada nesse mundo fica impune. Mais cedo ou mais tarde, ele há de pagar por todo o mal que está nos causando. - Professora Lourdes se mantinha inabalável tentando tranquilizar a mulher.
- Altíssima... - As Interrompi. - Aquelas pessoas que encontramos na rua... Quem eram? São feiticeiros aliados do dito cujo?
Professora Lourdes abaixou a cabeça e eu pude notar que seu semblante se tornou lamentoso... Em seguida ela caminhou até uma poltrona e se sentou cruzando as pernas. Levantou a cabeça, e me encarou dizendo:
- Infelizmente são apenas seres humanos normais.
- O que a senhora quer dizer com infelizmente?! - Eu estava confusa com o que ela acabava de me revelar.
- O que aconteceu com aquelas pessoas? - Suzana se meteu na conversa. - Claramente não estavam em seu estado normal!!!
- É por isso que eu disse: "infelizmente". - A feiticeira-mor continuou a explicar. - Aquelas pessoas estão enfeitiçadas. Isso tudo agora vai dificultar ainda mais as coisas para nós.
- Como assim, altíssima?! - Perguntei surpresa cobrindo a boca com uma das mãos.
- Parece que Pavel usou a poção nominada "o vazio" nessas pessoas. Provavelmente ele deu um jeito de colocar em algo que as pessoas bebem normalmente. Precisamos descobrir em quê... Pra daí então, podermos reverter com a poção que quebra esse encantamento hediondo!
- Que loucura! Mais essa agora?!!! - Suzana se indignou ainda mais.
- Então até lá... - Continuou professora Lourdes. - Você que é uma humana normal, Suzana, aconselho que não beba coisas de procedência duvidosa. Nem mesmo água do abastecimento local, estamos desconfiados que a poção foi colocada no reservatório de água da cidade, pois cada vez estamos registrando mais incidentes de pessoas sob esse encantamento. Já colocamos uma equipe responsável para investigar isso. Então... Beba água engarrafada.
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O Belo e O Fera: Despertar [Livro 2]
FantasiAh o tempo... O tempo pode ser tão bom... O tempo cura feridas, nos amadurece, traz novos conhecimentos. Mas esse mesmo tempo também pode ser ruim. Esse mesmo tempo pode tirar coisas e pessoas que você ama, pode te ferir profundamente, pode te cei...