Isolados

963 112 38
                                    

***Plínio

Eu não conseguia sentir outra reação a não ser de pavor ao encarar o rosto daquele homem na tela. Aquele rosto transparecia maldade, cinismo...

Gabriel levantou-se da janela e caminhou até a cama juntando-se a mim. Assim que se acomodou ao meu lado, eu pude sentir ele segurar minha mão com firmeza. Sem dizer qualquer palavra eu sabia o que ele queria dizer, é como se ele falasse que estava ali ao meu lado. Eu sentia que o intuito dele era me proteger.

Beatriz ainda sem desviar os olhos da TV, deu alguns passos para trás e se sentou na cama, juntando-se também a nós.

Pavel, munido de toda a sua frieza e cinismo, começou a falar:

- Olá minhas ovelhinhas assustadas... Eu sei que estão me assistindo. Eu jurei que me vingaria, jurei que meus planos acabariam dando certo, se lembram? Acho que à essa altura do campeonato vocês já se deram conta de que não podem contra mim. Agora falta muito pouco para eu atingir o meu objetivo final.

- Que desgraçado mais doente! Como eu tenho nojo da cara desse sujeitinho asqueroso! - Gabriel estava revoltado.

- Eu não consigo entender como alguém pode ser tão frio. - Comentei.

- Olha a cara de cínico dele, que ranço... - Disse Beatriz.

- Quanto aos humanos que ainda não foram afetados pela minha poção, espero que estejam me ouvindo bem... Pois é só uma questão de tempo, eu vou encontrar vocês, não precisam se preocupar! É hora dos poderosos tomarem o poder! Durante muito tempo, nós seres mágicos, fomos obrigados a nos escondermos, nos mantermos em silêncio, para que vocês criaturas patéticas vivessem suas vidinhas medíocres como se não existíssemos... O mundo era de vocês, mas esse tempo passou. Agora eu vou tomar o controle! Eu vou decidir quem vai viver, e quem vai morrer... E aqueles que se opuserem a mim já estarão condenados... Agora me dirijo diretamente ao Conselho Dos Clãs de WorldHidden...

- Lá vem... - Sussurrou Gabriel preocupado.

- Gente... - Beatriz nos olhou de lado. - Vou avisar à feiticeira-mor e aos outros sobre isso, talvez eles não estejam assistindo!

- Faça isso, por favor. - Concordei na mesma hora.

Nossa amiga imediatamente levantou-se da cama, estalou os dedos e desapareceu. Agora eu e Gabriel havíamos ficados sozinhos naquele quarto, prestando total atenção em tudo que aquele homem tão medíocre tinha a dizer. Ele continuava com suas palavras frias e maldosas:

- Acho que já deu pra perceber que o poder do Conselho sobre os seres mágicos não deu certo. Vocês estragaram tudo, queriam ser soberanos e donos da verdade absoluta, quando na verdade... Não passavam de manipuladores. Manipuladores que usavam o poder que tinham para amedrontar os seres mágicos que julgavam inferiores... Usavam disso para mantê-los sob controle. O Conselho é uma fraude. Agora ele não existe mais... Observem bem...

O homem fez sinal para que a câmera filmasse algo que estava fora do alcance das lentes. Lentamente a câmera foi se virando para a direção em que o homem havia apontado. Foi inevitável o susto com a imagem que veio a seguir.

Lá estava doutor Albert... O homem que tinha tanto poder sobre nós, amarrado e amordaçado numa cadeira por cordas brilhantes, provavelmente encantadas por algum feitiço muito poderoso.

Seu olhar era assustado. Alguns ferimentos eram bastante evidentes em seu rosto. Seu olho esquerdo estava inchado, parecia uma bola de golfe. Haviam duas pessoas encapuzadas com as mãos nas costas de pé, uma em cada lado da cadeira. Enquanto a imagem mantinha-se focada naquela cena que muito me preocupava, Pavel dava continuidade ao seu discurso de horrores:

O Belo e O Fera: Despertar [Livro 2]Onde histórias criam vida. Descubra agora