***Beatriz
Algumas horas já haviam se passado após eu ter reencontrado com meus pais. Explicar toda a situação para eles foi bastante difícil. Eu tive de convencê-los que eu precisava urgentemente sair tão fora de hora para tentar achar Thales. A segurança de meu pequeno amigo e minha estavam em jogo, era preciso agir rápido.
Meus pais se mostraram bastante resistentes à minha idéia, o que era compreensível, levando em conta o susto que eles vivenciaram a dias atrás. Pensar ter me perdido para sempre, com certeza, mexeu muito com eles, estavam muito mais protetores agora.
Mas eu não podia vacilar, tive que investir todas as minhas fichas para convencê-los de que eu precisava sair na tal busca, pois se algo de ruim acontecesse com o Thales, o mesmo fim me aguardava.
Demorou bastante tempo para eles entenderem a real gravidade da situação. Mas meus pais sempre foram super inteligentes e sensatos, sabiam que não havia outra saída.
Eles até insistiram em me acompanhar, porém, a feiticeira-mor os convenceu do contrário, disse que precisava de bons feiticeiros presentes no Clã para ajudar a proteger o local. O medo de um novo ataque do mago Pavel era evidente, o clima no Conselho era bastante tenso.***
De volta ao grande salão, reencontrei Suzana. A mesma estava bastante abatida. Agora era chegado um momento muito mais delicado, convencer a mulher de que ela não poderia sair comigo em busca do filho, pois seria uma tarefa muito perigosa.
Me aproximei de onde ela estava sentada, seu pensamento parecia vagar ao longe. Ela nem mesmo notou minha presença. O salão àquela altura já estava bem mais arrumado e limpo, e a quantidade de pessoas espalhadas pelo ambiente dando os últimos retoques havia diminuído de maneira bem significativa.
Parei em frente Suzana e a encarei por alguns segundos, ela ainda não havia me notado ali. Respirei fundo e imediatamente resolvi a resgatar de seus pensamentos profundos:
- Suzana...
- Oi... - Ela ergueu a cabeça piscando várias vezes seguidas. Era como se tivesse despertado de um transe.
- Preciso conversar algo muito importante com você.
- Pode dizer, minha querida. - Disse ela ao mesmo tempo em que ajeitava uma mecha de cabelos atrás da orelha.
Eu estava visivelmente tensa. Sabia que a mesma apresentaria uma forte resistência e iria, a todo custo, tentar me convencer a deixá-la sair comigo naquela noite fria e perigosa.
- Bem... Eu não sei direito como te dizer isso, mas... - Quando eu ia continuar a explicar a situação para ela, uma voz suave e rouca me interrompeu.
- Olá, garotas! - Era professora Lourdes que adentrava o grande salão.
Em mãos, a feiticeira-mor trazia uma pequena bandeja de prata, e sobre a mesma, uma xícara.
Ela se aproximou de Suzana se curvando delicadamente para que a bandeja ficasse ao alcance da mulher e disse:- Fiz esse chá para você. Vai te ajudar a se manter aquecida e relaxar pelo menos um pouco, diante de todos esses acontecimentos.
- Obrigada. - Agradeceu Suzana pegando a xícara e levando-a até a boca lentamente, dando um gole em seguida.
A feiticeira-mor voltou a posição ereta e ficou parada à frente da mesma a observando por alguns instantes.
Suzana deu mais uma bebericada e olhou para mim. Seu semblante parecia estar ainda mais abatido. Ela soltou um bocejo e me perguntou:
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O Belo e O Fera: Despertar [Livro 2]
FantasíaAh o tempo... O tempo pode ser tão bom... O tempo cura feridas, nos amadurece, traz novos conhecimentos. Mas esse mesmo tempo também pode ser ruim. Esse mesmo tempo pode tirar coisas e pessoas que você ama, pode te ferir profundamente, pode te cei...