O Último Refúgio

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***Miguel

Parece que enfim Pavel havia conseguido o que queria com aquela transmissão na TV. Ele havia instaurado o pânico na pouca população mágica que havia restado a salvo dentro da barreira mágica.

O grande salão estava lotado de pessoas no início daquela tarde. Crianças choravam, adultos reclamavam em voz alta e cobravam uma providência da feiticeira-mor. A mesma tentava acalmar os ânimos exaltados, porém não estava tendo muito sucesso.

Assim que terminei de descer as escadas, fui tentando abrir caminho entre a multidão. Eu precisava encontrar meus amigos.

- Pessoal, vocês podem tentar se acalmar, por favor?! - Ouvi a voz de Beatriz gritar.

Quando olhei para a direção que a voz da garota havia vindo, notei que ela estava acabando de se juntar à professora Lourdes na frente do salão diante daquela grande multidão de pessoas amedrontadas.

- Como podem nos pedir calma em um momento como esse?! - Alguém gritou do meio da multidão.

- Por favor... - A garota continuou a falar em um tom ainda mais alto. - Se vocês continuarem com esse barulho todo, não há como a mor se pronunciar... Eu tenho certeza que ela pensará em alguma solução para isso tudo!

Eu engoli em seco. Eu temia pela nossa amiga... Se aquela multidão resolvesse sair do controle ali, não conseguiríamos detê-los. Eles eram muitos.

- O que a altíssima tem a nos dizer?! Que estamos condenados?! Isso nós já sabemos! - Outra voz berrou em meio as outras pessoas.

- Só ouçam o que ela tem a dizer, por favor?! - Beatriz pediu uma última vez. Seu olhar estava sério. Sua respiração ofegante...

Aos poucos o ambiente começou a ficar em silêncio. Parecia que a garota havia enfim, conseguido chamar a atenção de todos.
Depois de breves minutos, a mais velha começou a falar calmamente:

- Eu sei que estão todos amedrontados agora, e entendo isso. Mas a última coisa que devemos fazer, dada as atuais circunstâncias, é entrar em pânico! Agora, mais do que nunca, temos que nos unir, meus irmãos! Precisamos pensar juntos em uma forma de deter de uma vez por todas os planos malignos daquele homem!

- O diretor geral está morto! Sem ele não teremos a menor chance! - Alguém questionou.

- Sim... - Concordou a professora. - O nosso líder foi executado, mas isso não significa que temos que perder nossas esperanças e desistir! Temos de lutar pelo que acreditamos!

Eu olhei ao redor. Todos prestavam bastante atenção no que estava acontecendo lá na frente. Do outro lado do grande salão, eu pude avistar Rafael junto aos nossos outros amigos. Eles se mantinham encostados em uma das paredes mais afastadas.

Comecei a passar entre a multidão, meu objetivo era chegar até meus amigos. Enquanto eu seguia meu percurso com bastante dificuldade, a feiticeira-mor continuava seu pronunciamento:

- Existem muitas coisas que vocês não sabem, meus irmãos. Mas creio que é chegada a hora de eu revelar a vocês. Acho que não faz mais sentido algum manter em segredo o perigo que se aproxima!

Dadas àquelas palavras da feiticeira-mor, eu já suspeitava o que viria a seguir. Com certeza ela revelaria tudo que todos precisavam saber, eu esperava que ela fosse o mais sincera possível, pois haviam muitas coisas que nem mesmo eu ainda havia entendido.

Finalmente consegui chegar ao outro lado do salão. Rafael me olhou com surpresa e disse:

- Cara, que loucura toda é essa?! Dessa vez o Pavel perdeu a linha de vez mesmo!!!

O Belo e O Fera: Despertar [Livro 2]Onde histórias criam vida. Descubra agora