Sete Dias IV

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***Miguel

Já era começo de noite. Eu tranquei a porta de entrada da minha casa e caminhei até o portão de chegada, onde meus amigos ainda me esperavam fora da van preta de Gabriel.

Não nevava. Eu vestia uma calça jeans escuro e um casaco de lã preto. A noite estava particularmente com um clima estranho no ar, talvez isso se devesse ao fato de ser a primeira vez que eu levava meu corpo para fora de casa desde o velório de Thales.

Zack e Fred estavam mais próximos ao portão, enquanto Gabriel se encontrava encostado na porta da van. Assim que me aproximei, o loiro de cabelos encaracolados perguntou:

- E então, cara... Vai ficar tudo bem? Tem certeza que não quer uma carona?

- Não precisa. Vai ser bom eu dar uma caminhada, já que não saio de casa já faz um tempo. - Recusei.

- Você é quem sabe. Por mim não vejo problema nenhum em te levar até lá. - Gabriel se mostrou um pouco insistente.

- Valeu, mesmo... Mas eu preciso de um tempo sozinho até chegar lá. Assim, quem sabe, eu tome mais coragem de encarar Suzana.

- Hum... Então tá bom. A gente já vai indo então. - Avisou ele entrando no veículo.

- Até logo, Miguel! - Despediu-se Fred também embarcando em seguida.

- Ei... - Chamou-me Zack se aproximando e apoiando uma das mãos sobre meu ombro enquanto me encarava. - Vai dar tudo certo, cara! Se a mãe do Thales quer te ver é porque ela realmente gosta muito de você e quer o seu bem. Não fique pensando tão negativo.

Eu apenas acenei com a cabeça e em seguida o rapaz se afastou, sendo o último a embarcar na van que em seguida deu a partida.

Fiquei ali parado por um tempo com as mãos nos bolsos até que o veículo virasse a esquina. Em seguida, comecei a caminhar.

Durante meu percurso eu ia observando a cidade ao redor. Meus pensamentos se mantinham distantes da realidade. Eu realmente estava muito inseguro e uma forte dúvida me consumia. Eu tinha medo de olhar Suzana de novo... Eu não sabia se estava preparado para encarar o sofrimento dela mais uma vez.

Depois de alguns minutos de trajeto, me dei conta em que havia chegado à praça central da cidade, agora faltava muito pouco caminho até a casa de Thales...
Em um canto mais afastado da praça, onde havia pouca iluminação, pude perceber um pequeno grupo de pessoas que me pareciam jovens, todos estavam conversando bastante descontraídos.

Assim que estava um pouco mais distante daquelas pessoas, ouvi uma voz gritar:

- Miguel!

Eu parei imediatamente e olhei para trás... Porém, eu não consegui ver quem havia me chamado. Inconscientemente eu pendi minha cabeça para o lado e fiquei observando enquanto uma das pessoas que estava naquele grupo se levantava e dava uma corridinha em minha direção.

Quando o rapaz já estava a poucos passos de mim que consegui reconhecer seu rosto.

- Oi! - Disse ele soltando fumaça pela boca devido ao frio.

- Ah... E aí, Plínio! Como está? - Fui educado.

Plínio havia nos ajudado bastante em um momento muito difícil. Ele era um rapaz de aparência descolada e rebelde, mas esse ar de rebeldia parava na aparência mesmo, já que ele em todo o momento que esteve conosco se mostrou ser um rapaz muito gentil e educado. Então, o mínimo que ele merecia era ser tratado com gentileza de minha parte.

O Belo e O Fera: Despertar [Livro 2]Onde histórias criam vida. Descubra agora