Doçura Irresistível

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***Gabriel

Naquela manhã, eu estava deitado em minha cama, mechendo no celular. Agora aquele aparelho parecia ser tão inútil quanto as minhas tentativas frustradas de dormir a noite.

Conseguir pegar no sono, havia se tornado uma tarefa bastante difícil. Eu pensava que, não somente eu, mas também todos os meus amigos, estavam passando pela mesma dificuldade.

O celular indicava que não havia qualquer sinal de cobertura. Assim como a TV, internet e telefones fixos também não estavam funcionando. Pavel realmente havia deixado o mundo todo sem comunicação. Era até inquietante demais imaginar que alguém fosse capaz de causar tamanho dano. Eu me preocupava com as outras pessoas ao redor do mundo, como será que estavam se virando diante daquela situação tão calamitosa?

Através das finas cortinas brancas da janela, eu podia notar que o dia lá fora não estava tão claro como nos anteriores. Resolvi me levantar. Era hora de me preparar para enfrentar mais um dia totalmente incerto, cheio de incertezas e loucuras...

Caminhei até à janela e abri as cortinas. O dia estava nublado e ventoso. Agora eu tinha certeza que de fato, o sol havia resolvido não dar as caras naquela manhã. A impressão que eu tinha, era de que uma forte tempestade estava se aproximando. As nuvens estavam totalmente turvas...

As pessoas silenciosas, já como de costume, continuavam a cercar a barreira mágica, em números cada vez mais assustadores. Era inacreditável que tantos humanos haviam ficado sob o efeito da poção do vazio. Eu sentia uma certa agonia por aquelas pessoas. A cada dia que se passava, elas ficavam mais sujas e feridas... Sem dúvida alguma, muitas delas já deviam estar sofrendo de desidratação, fome; mas não sentiam nada devido ao efeito daquela maldita poção que havia as transformado em verdadeiros zumbis sem alma e sem sentimento!

Cansado de olhar para aquela cena triste, resolvi tomar um banho e escovar os meus dentes. Depois que terminei de fazer meu ritual de higiene matinal, vesti um roupão limpo. Eu estava decidido a não sair do meu quarto, não sentia vontade.

Voltei para cama, deitei-me e fiquei encarando o teto por um longo período... Comecei a lembrar-me da conversa que tinha tido com Beatriz e Plínio no dia anterior, onde mais uma vez eu terminei a discussão agindo como o babaca que sempre fui. Eu não conseguia aceitar certos fatos que eu julgava fantasiosos demais. Eu permanecia cético quanto a interferência de um ser superior a tudo que estava nos acontecendo.

Eu não conseguia acreditar na tal existência de seres divinos, eu sempre fui um cara muito mundano. E eu duvidava muito que, se de fato existisse um ser superior, ele permitiria a existência de criaturas como nós. Principalmente os vampiros e os licantropos que com certeza eram considerados as maiores aberrações aos olhares humanos.

Mas uma certa culpa começou a me invadir. Eu havia agido de forma muito  grosseria com a única pessoa que vinha me tratando tão bem em muito tempo... Plínio.
Aquele cara de olhos grandes, cor de esmeralda que me encantou tanto sem eu nem me dar conta de como começou ao certo. Eu me sentia mal cada vez que agia de forma ignorante com ele, era algo que eu teria de começar a mudar caso não quisesse perdê-lo. E eu não queria. Já estava envolvido demais. Não podia facilitar a perder a única pessoa que havia demonstrado me amar de verdade.

Algumas batidas na porta me fizeram emergir de meus pensamentos sufocantes. Eu virei meu rosto para a direção da porta e gritei:

- Quem é?!

- Sou eu... Plínio!!! - A voz tão conhecida e educada do cara que havia, de certa e inacreditável forma, me domado, aqueceu meu gelado coração.

O Belo e O Fera: Despertar [Livro 2]Onde histórias criam vida. Descubra agora