***Miguel
Beatriz agora estava parcialmente limpa, enrolada em uma manta enquanto bebericava uma xícara de chá quente que Suzana a havia preparado. Ela ainda se mantinha em silêncio e eu conseguia perceber que ela tremia um pouco.
Plínio havia feito algum tipo de feitiço para acelerar o processo de recuperação da garota, o que foi de grande ajuda.
Enquanto a garota se mantinha imóvel e com o olhar vazio sentada no sofá, eu, Suzana e Plínio nos encontrávamos de pé a frente dela a observando curiosos e preocupados. Afinal, não é todos os dias que vemos alguém miraculosamente "voltar dos mortos". Ou melhor, nunca havíamos visto ou tido notícias de nada parecido.
Beatriz deu um último gole na xícara de chá e em seguida a pousou sobre a mesinha de centro. Ela não conseguia erguer a cabeça e nos olhar diretamente.
Eu que já estava um pouco impaciente demais com todas as surpresas daquela noite, pigarreei e perguntei em seguida:
- E então, se sente melhor?
Beatriz apenas acenou em positivo com a cabeça. Em seguida ela deu um suspiro profundo e perguntou ainda sem nos encarar:
- O que aconteceu?
- Como assim "o que aconteceu"?! - Na hora eu fiquei surpreso com a pergunta dela. - Você não se lembra?!
- Bem, eu... - Começou ela com um tom de voz triste. - Eu me lembro de estarmos no castelo de Pavel e depois... Depois... - Ela fez uma pausa e começou a chorar.
- Beatriz, você está bem?! - Suzana preocupada se lançou ao encontro da garota a afagando os cabelos desgrenhados.
- O Thales! Onde ele está?! Eu preciso vê-lo!
- Bia, você não se lembra o que aconteceu depois da batalha no castelo? - Plínio se mostrou confuso.
- Como assim? - Replicou a jovem. Agora ela havia erguido seu olhar molhado em nossa direção.
- O seu plano que executamos, você não se lembra? - Questionei.
Beatriz, então, ficou com um olhar vazio encarando o nada por alguns instantes. Era muito difícil decifrar o que ela estava pensando. Tudo naquela noite estava esquisito demais. Eu não estava sabendo lidar com a situação.
- Precisamos encontrar o Thales! - Em um tom um pouco alto a garota revelou seus pensamentos.
- Como assim, "achar o Thales"?! Meu filho está morto! - Suzana surpresa se afastou de Beatriz.
- Não. Não está, Suzana. - Interrompeu Plínio.
- Como não?! Eu velei e sepultei o meu menino... Do que vocês estão falando?!!! - A mulher estava incrédula. Seus olhos começavam a ficar marejados.
- Você precisa se acalmar um pouco, Suzana... - Pedi enquanto me aproximava dela e apoiava minha mão em seu ombro. - Eu também estou querendo entender o que está acontecendo aqui... Quero saber do que esses dois estão falando!
- É isso mesmo que vocês ouviram... Eu não sei como, mas... Se eu estou aqui e viva... Isso significa que eu não quebrei minha promessa. Thales não está morto, precisamos ir até ele! - Explicou Beatriz.
- Mas que absurdo é esse?!!! Como isso é possível?!!! - Suzana continuava sem acreditar no que ouvia.
- Olha... - Beatriz agora se levantava do sofá em um salto. Parecia novinha em folha. Aos poucos eu pude perceber a velha essência da garota a invadir por completo. - Primeiro temos que achar o Thales, as demais respostas vêm depois! Onde vocês o enterraram?
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O Belo e O Fera: Despertar [Livro 2]
FantasíaAh o tempo... O tempo pode ser tão bom... O tempo cura feridas, nos amadurece, traz novos conhecimentos. Mas esse mesmo tempo também pode ser ruim. Esse mesmo tempo pode tirar coisas e pessoas que você ama, pode te ferir profundamente, pode te cei...