Conversa Franca

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***Plínio

Fui despertando do meu sono lentamente, passei as mãos pelo rosto e em seguida olhei para o meu lado. Já como eu esperava, Gabriel não se encontrava ali.

Logo imaginei que pelo ocorrido da noite anterior, ele com certeza estaria se sentindo super desconfortável. Eu agradeci por não ter deixado aquela loucura seguir adiante, eu sabia que o mesmo iria se arrepender. Agora eu temia que a amizade que havia surgido entre nós estivesse abalada.

Eu já não sabia se tinha feito a coisa certa ao me abrir com ele daquela forma. Eu sequer fazia idéia da verdadeira opção sexual dele... Um peso na consciência decaiu sobre mim de imediato. Agora já era tarde, eu tinha feito toda a merda!

Me levantei da cama, arrumei-a mais ou menos... Em seguida fui tomar uma boa ducha por alguns minutos e escovar os meus dentes.

Saí do banheiro ainda enrolado na toalha; meus cabelos ainda estavam bastante molhados. Me sentei na cama e comecei a revirar minha mochila em busca de umas roupas para vestir, batidas na porta fizeram o meu coração acelerar imediatamente, seria Gabriel? Uma enorme insegurança me invadiu.

Depois de alguns instantes, tomei coragem, respirei fundo e gritei:

- Está aberta!

A porta do quarto foi se abrindo lentamente provocando um discreto rangido. O garoto de cabelos loiros encaracolados colocou o rosto para dentro, pude notar uma certa timidez em seu semblante, algo que eu jamais havia visto antes. Meio desajeitado e com a voz serena, ele perguntou:

- Bom dia!... Posso entrar?

- Claro. - Sorriso tenso.

Gabriel adentrou o cômodo com uma pequena sacola em mãos e a depositou sobre a cômoda, depois caminhou até a cama e se sentou um pouco distante. Ele exalava um perfume cítrico e estava com roupas diferentes, o que indicava que ele já havia tomado seu banho matinal. Seus cabelos ainda estavam úmidos, o dando uma aparência ainda mais sexi. Após uns instantes de hesitação, ele me olhou e disse:

- Eu saí pra me alimentar, aproveitei e passei numa padaria... Trouxe alguma coisa pra você comer, espero que goste...

- Poxa... Que gentil! Não precisava se incomodar. - Eu estava claramente esboçando um sorriso bobo de canto de boca.

- Ah, não foi nada... - Começou ele. - É o mínimo que eu poderia fazer depois de todo o trabalho que te dei ontem à noite.

- Não faz isso, cara! - Eu o cortei no ato. - Não fala assim! Eu gostei muito da noite de ontem. Nunca havia me divertido tanto.

- Que bom! - Ele sorriu ainda demonstrando um certo desconforto.

Um breve silêncio tomou conta do ambiente. Eu estava em dúvida se deveria tocar no assunto que ele havia mencionado antes de dormir... Eu queria, mas eu temia ouvir algo que me fizesse sentir-me um lixo. Eu sabia que em algum momento, teríamos que falar sobre aquilo... Eu não queria ficar com dúvidas... Resolvi tomar coragem e perguntar:

- Gabriel...

- Sim? - Ele se mostrou super interessado no que eu tinha a dizer.

- Olha, eu não sei como falar sobre isso mas... - Eu desviei meu olhar e encarei o chão. - Você de lembra de alguma coisa que aconteceu ontem à noite depois que nos deitamos?

Silêncio! Um silêncio que tirava todo o restante da minha calma e fazia meu estômago revirar pairou sobre nós. Minha vontade era sair correndo e pular da janela, mas agora já era tarde, tinha que permanecer forte até o fim, mesmo que o que o loiro tivesse a dizer não fosse nada agradável de se ouvir.

O Belo e O Fera: Despertar [Livro 2]Onde histórias criam vida. Descubra agora