Capítulo 8

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A noite de sono foi agitada. Ela dormiu menos do que o necessário, na ansiedade pela primeira missão no dia seguinte. Virou de um lado para o outro, pensando no que Isabel lhe revelara há alguns dias. Queria compreender melhor as motivações da mãe, mas o tempo não permitiria.

Antes de ir trabalhar, Leonel a deixou no Centro de Treinamento, desejando-lhe boa sorte. Desceu do carro e respirou fundo, alisando a camiseta da cor da nação mais para conter o nervosismo do que qualquer coisa. Usava uma calça preta e coturnos, igual a todos. O cabelo foi trançado.

Alguns recrutas já se encontravam ali, esperando a hora de iniciar. A cumprimentaram, assim como Alexandre, que acenou com a cabeça. Logo Mônica chegou, entusiasmada, e depois Heitor, que parou ao lado dela, perguntando se estava bem.

— Sim, por quê?

— Parece preocupada — encolheu os ombros. — Vai dar tudo certo.

Aline assentiu antes que ele fosse para o lado do amigo. No segundo seguinte, Mônica a cutucou.

— Acho que ele gosta de você — cobriu a boca para dar uma risadinha.

— Não comece... — soltou o ar pelo nariz, já cansada da pressão de ter que se interessar por alguém.

— Credo, como você é chata — Mônica voltou a cutucá-la. — Só estou brincando.

Suspirou. Por mais que a amiga estivesse brincando, percebia intenções reais em Heitor, algo que não pretendia corresponder.

O subtenente Igor Silva foi o próximo a chegar, chamando por ela e Alexandre. Enquanto todos aguardavam no portão, ele os levou para dentro. Durante o caminho, deu recomendações, explicando como os recrutas deveriam ser divididos, sempre com alguém responsável pelo equipamento que escanearia a área e por guiar a equipe.

— Vocês escolherão esses líderes — Igor entrou em uma sala, sendo seguido pelos dois. — Aqui — pegou de dentro da caixa próxima um aparelho pequeno e preto e de formato retangular, assim como a tela. Colocou-o nos braços de Aline e deixou alguns com ela. Fez o mesmo com Alexandre. — Entreguem para os recrutas que julgarem mais capacitados — ambos concordaram. — Agora quero que repassem comigo o objetivo da missão.

Tanto Aline quanto Alexandre tomaram ar para falar, porém, após se olharem, ele soltou o ar devagar, deixando que ela começasse a explicar.

— O objetivo é escanear a área, fazer o devido reconhecimento e atualizar o mapa que temos.

— Exatamente — Igor cruzou os braços. — Precisamos saber como vocês serão em campo com adversidades e possíveis problemas.

— É verdade que pode ter rebeldes por lá? — Alexandre já tinha um largo sorriso.

Igor riu e o tocou no ombro.

— É o que dizem para todos os pelotões, mas nunca encontraram. Quem sabe este ano... — analisou-os atentamente. — Ah, vocês não farão parte de um grupo, devem ficar juntos.

— Por quê? — Aline precisou controlar a insatisfação que aquela novidade lhe trouxe.

— Nunca questione uma ordem superior — apesar da repreensão, Igor tinha um fino sorriso. — O líder sempre fica sozinho na primeira missão — deu de ombros. — É a melhor forma de mostrar que é mais capacitado do que os outros. Como neste ano temos dois... — piscou. — Passem as informações para os demais. Daqui a pouco os encontro para as últimas recomendações.

Alexandre saiu andando na frente. Aline foi atrás, quase arrastando os pés, incrédula, sem acreditar que passaria a missão toda ao lado dele. O que fizera para ter de conviver com aquela criatura?

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