Capítulo 21

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As luzes piscaram mais de uma vez, deixando ainda mais macabro o cenário onde se encontravam. Quando estabilizaram, nada poderia esconder o que acabara de acontecer.

Com a atenção em Mônica, Aline viu-a em choque, parada na entrada do cômodo. Sem tempo de fazer algo, acompanhou-a se aproximar hesitante. Quando as lágrimas lhe desceram pelo rosto, quis poupá-la da cena, de ver o namorado morto.

A mão dela que carregava o revólver vacilou, e Aline levantou-se rapidamente, conseguindo amparar a amiga antes que desabasse. Sentou-se no chão com ela em seus braços chorando copiosamente. Abraçou-a sem saber o que dizer. Sangue que estava em suas mãos marcaram os braços de Mônica.

Em poucos segundos, pessoas começaram a chegar, todos soldados que participavam do baile. O alvoroço se instaurou, com conversas e olhares curiosos. Até ouviu um comentário maldoso a respeito de terem interrompido a festa por causa de um simples soldado morto.

Aline engoliu em seco, com as lágrimas lhe voltando aos olhos. Virou-se para Alexandre, implorando com o olhar que fizesse algo. Ele assentiu discretamente para ela e se levantou.

— Todos para fora agora! — empurrava os que estavam mais perto da cena do crime. — Se querem ajudar, não fiquem aí parados. Nosso colega acaba de ser morto, e o culpado ainda está por perto. Vamos, se mexam!

Eles obedeceram e saíram da sala. Ainda abraçada a Mônica, pôde ouvir o capitão perguntar o que tinha acontecido. Da porta, Alexandre lhe contou. Quando César adentrou o gabinete, observou todos os detalhes possíveis, parando por último no corpo de Raul. Aproximou-se dele, pegou-o pelo pulso e lhe abriu os olhos. César suspirou pesadamente e virou para o lado a cabeça do falecido, analisando o corte na garganta.

— Degolado — contorceu os lábios. — Venha aqui, Alexandre — o garoto obedeceu, ajoelhando-se ao lado do corpo. César ergueu a barra da própria calça e pegou duas facas muito bem presas à canela, entregando uma para Alexandre. — Corte esse lado da calça dele que eu cortarei o outro.

Rasgaram o tecido ao mesmo tempo, indo dos pés até o cinto. Após abrirem caminho, notaram que havia dois suportes de facas presos às canelas de Raul, ambos vazios. O capitão ainda mexeu na lateral do corpo do soldado e encontrou o coldre vazio.

— Ele está sem as armas — o capitão constatou. — Foi desarmado e morto em seguida.

Aline recordou-se de Raul ter comentado algo a respeito de uma câmera fotográfica que carregaria consigo. Ao ver o capitão revistá-lo, chegou à conclusão de que nenhum equipamento fora encontrado.

César pressionou a mão sobre a orelha.

— Aqui é o capitão César Mendes — identificou-se. — Fechem todas as saídas do Complexo. Temos um assassino a solta — virou-se para Aline e Alexandre. — Vocês estão no comando das buscas. Organizem os grupos. Encontrem esse assassino.

Concordaram. César dava ordens pelo comunicador enquanto Aline ficou em pé, levando Mônica consigo. Escorou a amiga na parede, que esfregou o rosto.

— Você está dispensada se quiser — colocou uma mecha do cabelo dela atrás da orelha.

Mônica negou com a cabeça por mais que lágrimas ainda lhe marcassem o rosto. De olhos vermelhos, assim como o nariz, arrumou a postura, pronta para agir.

Pensou em ordenar que ela ficasse fora daquilo, mas não teve coragem. Se estivesse no lugar dela, faria de tudo para encontrar o assassino. Virou-se para a entrada ao ouvir Alexandre orientando os soldados que permaneceram no corredor.

— Vistam os uniformes e peguem as armas! Temos uma missão a cumprir!

Fechou os olhos por breves segundos, organizando os pensamentos. Com isso, lembrou-se de Heitor e da função dele dentro do Complexo Militar. Por isso, caminhou decidida para fora da sala e pegou a arma que deixara cair na entrada. Viu-o no meio do pelotão que se afastava para cumprir as ordens de Alexandre.

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