Capítulo 9

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Mônica apertou o equipamento nas mãos, que tremeram levemente. Ele só mostraria o lugar de encontro quando concluíssem a parte que lhes cabia da missão. Fechou os olhos e respirou fundo. Sabia o que fazer, só precisava de alguns segundos para colocar as ideias no lugar.

— Você, lave a ferida dela com água e a deite — ordenou logo que se sentiu pronta para isso, indicando um dos garotos. Ele obedeceu. — Fique com ela e leve a cobra junto, assim poderão saber qual é o veneno. Vou com o resto da equipe mapear o lugar, só depois conseguiremos ir até o local de encontro e chamar o resgate. Corram, temos pouco tempo!

O rapaz arrastou a colega ferida, tirando-a da lama e a levando para uma área mais firme. Mônica seguia liderando o restante do grupo, correndo contra o relógio. Torcia para que tivessem o máximo de tempo antes que o veneno a levasse a óbito.

O trajeto indicado pelo escâner, que seria percorrido com mais cautela, foi feito às pressas, em menos de uma hora, com todos os recrutas correndo. Esbaforida e até um pouco tonta, olhou para o mapa aliviada, o ponto de encontro piscando na tela. Quis muito descansar, respirar com tranquilidade, mas ainda não podia. Voltou a correr à frente do grupo, que a seguiu.

O lugar de destino era uma clareira. Ali parou, olhou para os lados sem encontrar mais ninguém além dos membros do próprio grupo. Mesmo assim, ordenou que os demais fossem buscar a garota ferida e a trouxessem rapidamente. Logo que partiram, torceu para que, se houvessem mais feridos, chegassem logo, pois só havia dois aparelhos para chamar o resgaste. Tirou da bolsa o que estava com ela e apertou o botão.

***

Alexandre teve a perna puxada por uma corda que se encontrava no chão e o prendeu de ponta cabeça, próximo a uma árvore do mangue. Rodou diversas vezes e chocou-se com a árvore outras tantas. Aline apenas apoiou as mãos na cintura e esperou que ele parasse.

— Me tira daqui, sua idiota! — gritou, tentando se desvencilhar da corda presa à perna esquerda, sem sucesso.

— Idiota é você! — rebateu, sequer se movendo. — Como foi cair nessa armadilha? Um bom militar não se deixa pegar dessa forma.

— Cala a boca e me tira daqui!

— Só se pedir por favor — cruzou os braços e sorriu vitoriosa.

Alexandre contraiu os lábios, a raiva lhe deixando mais vermelho. Bufou e falou baixo, de olhos fechados.

— Por favor...

— O quê? — colocou a mão na orelha em forma de concha e inclinou-se para frente. — Não ouvi o que disse, fale mais alto.

— Por favor! — esbravejou. — Me tira daqui, Aline!

O sorriso de satisfação lhe iluminou o rosto. Subiu na árvore rapidamente e cortou a corda. Com isso, Alexandre caiu de cabeça na lama. Os cabelos dele foram tomados pela cor marrom. Aline gargalhou diante daquilo.

— Dizem que lama faz bem para a pele.

— Cala a boca, garota! — irritado, tentava se limpar inutilmente.

— Não vai adiantar. Venha, tem um rio logo adiante.

Saiu andando e Alexandre a seguiu. Quanto mais se aproximavam da água, mais lama havia e, consequentemente, o caminhar se tornava quase impossível. Isso sem contar as raízes expostas que às vezes pareciam ter sido postas ali justamente para dificultar o acesso.

Com lama já acima do joelho, alcançaram a água. Subiram nas raízes de uma árvore e se lavaram. Aline molhou o rosto, livrando-se do suor, e, ao erguer a cabeça, avistou ao longe a mesma fumaça de antes. Alexandre também tinha a atenção nela e logo ficou em pé, indicando-a.

País Imerso [completo]Onde histórias criam vida. Descubra agora