Capítulo 32

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O sol aparecia timidamente no horizonte, e militares do Complexo de São Paulo levavam os equipamentos para dentro dos caminhões. Após acomodarem todas as coisas, cada um preocupou-se em se armar da melhor maneira possível.

Aline, trajada devidamente para a missão, usava calça preta, camiseta da cor azul, cujo tecido fora projetado para resistir a lâminas, e coturnos; vestiu também o colete a prova de balas; por cima, uma jaqueta com o símbolo da nação em um braço e a divisa militar no outro. Apanhava facas, granadas, pistolas e o fuzil, sem se esquecer das munições. Prendeu algumas coisas no cinto e outras colocou na mochila. Trançava o cabelo quando César adentrou ­­­a sala de armamento e os avisou que deveriam partir. Ajeitou pela última vez os pertences, conferindo se não se esquecera de nada, e respirou fundo, colocando o quepe.

Todos seguiram para os veículos e subiram na parte traseira de diversos caminhões com a cor da nação. Uma lona impedia que fossem vistos pelas pessoas de fora. Acomodaram-se em compridos bancos que ladeavam o lugar e aguardaram. Em poucos minutos, já ganhavam as ruas da cidade e se dirigiam para o local da missão.

Passou os olhos pelas pessoas ali presentes, a maioria era de patente mais alta do que a dela, tanto que não as conhecia. Os únicos soldados eram Mônica e mais dois rapazes, e ela e Alexandre os únicos cabos.

Durante todo o caminho, procurou ocupar a mente com outros assuntos, mas não conseguia pensar em nada. Só tentava imaginar como seria a invasão, as mortes... Fechou os olhos, um pouco frustrada consigo mesma. Sequer era capaz de controlar os próprios pensamentos, quem dirá as emoções.

Virou-se para o lado esquerdo e viu Mônica com o olhar vazio, em um azul-escuro desolado. Já reparara naquele olhar antes e tinha certeza de que pensava em Raul, ainda mais ao notar que lágrimas dançavam por ali sem escorrer. Perguntou-se o que a amiga faria se as evidências de que alguém do exército matara Raul viessem à tona. Será que continuaria nas forças armadas? Será que desertaria?

Sem ter como saber as respostas, apenas a segurou pela mão e sorriu carinhosamente quando ela a olhou, transmitindo todo o apoio possível. Queria dizer que tudo ficaria bem, que estavam ali por um objetivo, pelo Raul, e com certeza descobririam o que aconteceu com ele. Mônica esboçou um leve sorriso, entendendo o recado, e uma lágrima escorreu, sendo secada rapidamente. Aline apertou com mais força a mão dela, e assim ficaram por boa parte do caminho.

Cerca de mais de duas horas depois, o veículo saiu da rodovia asfaltada e entrou em uma estreita estrada de terra. Se olhasse pelos pequenos buracos da lona, era possível ver a paisagem: altas árvores e grama bem cortada, possivelmente fazendas de alimentos.

Logo que chegaram ao destino, os militares se colocaram para fora do caminhão levando os armamentos que trouxeram. Mesmo que estivessem em pleno inverno, o sol mostrava toda a sua grandeza no céu limpo e sem nenhuma nuvem. Porém um vento frio chocava-se contra as faces descobertas das pessoas. As bochechas de Mônica já ganhavam a tonalidade avermelhada.

Diante de onde os caminhões foram estacionados, avistou um acampamento militar e um grande toldo, onde guardavam os equipamentos. César, o responsável pela missão, fez sinal para que todos o seguissem até o lugar indicado. Aline apressou o passo, pois não queria perder o capitão de vista. Se possível, gostaria de conversar com ele.

Os militares que já estavam ali os cumprimentaram com acenos de cabeça enquanto andavam. Assim que entrou no lugar coberto, surpreendeu-se com a quantidade de equipamentos eletrônicos, desde monitores com câmeras mostrando as vizinhanças até outros para comunicação.

O capitão aproximou-se de um homem, também trajado com a roupa para a missão, e bateu continência, o sujeito fez o mesmo. César virou-se para o seu pelotão e falou para que todos escutassem:

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