Capítulo 11

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Acordou em uma cama. Piscou repetidas vezes e se sentou. Apesar de ainda estar vestida com as roupas da missão, se sentia bem, algo que jurou impossível. Tocou-se em várias partes para ter certeza de que mais nenhum mal-estar a acometia. Só interrompeu os movimentos quando uma moça entrou no quarto.

— Que bom que já acordou. Estão todos empolgados com a captura. Ninguém imaginava que houvesse rebeldes lá — aproximou-se de Aline com um enorme sorriso. — Há roupas no banheiro. Creio que queira tomar banho — indicou uma porta.

— Como posso estar me sentindo tão bem depois de tudo o que aconteceu? — sentou-se na beirada do colchão.

— As drogas do exército são muito eficientes. E você só precisava dormir um pouco e se alimentar. Alexandre, por exemplo, nem parece que levou um tiro. Pena que Heitor não teve a mesma sorte — balançou a cabeça em negativa.

— O que aconteceu com ele? — saiu da cama, atenta.

— Um ferimento com sequela — suspirou. — Você poderá vê-lo. Está no quarto ao lado.

Chegou a dar passos em direção à saída, porém parou e voltou a se olhar. Continuava suja, com vestígios da missão. Por isso, primeiro traçou o caminho do banheiro. O banho foi rápido e reconfortante. Ao terminar, vestiu-se com roupas iguais às que usava, só que limpas.

Quando retornou ao quarto, encontrou Alexandre na porta de entrada conversando com Mônica. Logo que a viu, a amiga foi até ela e a abraçou. Contudo, os olhos de Aline permaneceram em Alexandre, que também a encarava.

— Você está bem mesmo? — Mônica se afastou do abraço.

— Sim, estou — confirmou com a cabeça. Virou-se para Alexandre. — E você?

— Bem — sorriu de canto e colocou as mãos nos bolsos. — Só precisei de uns pontos. Já estou pronto para outra.

Mônica riu, porém Aline sequer se manifestou. Não era engraçado. Como se percebesse que falara mais do deveria, ele comentou que só queria vê-la, ter certeza de que estava realmente bem. Depois, mal se despediu antes de ir embora.

— Senti um clima? — Mônica a encarou com segundas intenções.

— Por que você insiste nisso? — exaltou-se um pouco, o que fez a amiga arquear as sobrancelhas. Ainda tomou ar para dizer mais coisas, só que estava cansada demais para lidar com toda uma sociedade que, na primeira oportunidade, a empurraria para alguém do sexo oposto com quem deveria se casar o quanto antes e ter filhos. Apenas suspirou. — Preciso ver o Heitor — comentou antes de sair do quarto. Mônica a seguiu.

— Então você já soube o que houve com ele?

— Mais ou menos — parou em frente à porta do quarto onde ele deveria estar. — Algo que eu deva saber antes de entrar?

Mônica deu de ombros.

— Converse com ele sozinha. Ficarei aqui esperando.

Assentiu e entrou. O cômodo idêntico ao que estava segundos atrás só tinha uma cama, na qual viu Heitor deitado. Precisou limpar a garganta para que ele abrisse os olhos e a visse ali. O rubor no rosto dele não passou despercebido. Parou ao lado e perguntou o que havia acontecido. Durante os minutos de relato, ouviu-o com atenção. Ele ainda puxou o lençol para mostrar a perna enfaixada.

— Pelo que disseram, ficarei manco — encerrou com os olhos cheios de lágrimas.

Mesmo sem alongar a explicação, ela sabia o que aquilo significava. Por isso, segurou-o pela mão, afagando o dorso. Um militar precisava ser perfeito. Todos aqueles que se feriam de forma mais séria estagnavam na carreira. Heitor seria um eterno soldado designado às funções consideradas menores.

País Imerso [completo]Onde histórias criam vida. Descubra agora