Capítulo 41

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 Mônica fechou melhor o grosso casaco por causa do vento frio e cruzou os braços diante do corpo. Recostou-se em uma pilastra e observou as luzes da cidade. As residências em sua maioria estavam na mais completa escuridão, só sobrando a iluminação pública das ruas.

Depois de um espirro, esfregou o nariz, deixando-o vermelho, e olhou no relógio preso ao pulso. Não faltava muito para o resgate começar. Contudo, no momento em que a caixa de som localizada no alto da guarita chiou, chamando a atenção dos outros dois soldados ali com ela, seu coração disparou, ainda mais ao ouvir a voz de Heitor mandando Aline fugir.

Os soldados se entreolharam e depois se viraram para Mônica, que sem perder tempo já tinha o revólver em mãos. Sem titubear, atirou naqueles à sua frente, mas em vez de usar a arma de choque, pegou a letal. O instinto de matar vinha latente. Mirou na cabeça sem piedade.

Os corpos caíram praticamente ao mesmo tempo. Atirou também na câmera de vigilância só por precaução. Só depois disso soltou o ar que percebeu estar segurando. Olhou para os lados e não viu ninguém, só a extensão do muro e de longe outras guaritas, além dos corpos, é claro. Com certeza não viram o que acabara de acontecer, mas ouviram os tiros. Não tinha muito tempo.

Achando inútil o uso da arma de choque, desfez-se dela ali. Agachou-se ao lado do primeiro corpo e lhe pegou as pistolas. Colocou duas nos coldres e manteve outras duas nas mãos. Levantou o alçapão e desceu a escada de metal. Ao alcançar o gramado, conferiu se carregava os explosivos. Estavam ali. Começou a correr. Aline precisaria dela.

***

Aline andava pelo terceiro andar quando a voz de Heitor tomou o ambiente silencioso. Todos os seus músculos ficaram tensos e o ar faltou ao redor. O que deu errado? Duas moças que passavam por ali no instante do aviso pararam e olharam curiosas a terceiro-sargento. Aline fechou os olhos, respirou fundo e fez a primeira coisa que lhe veio à mente: correu.

As soldados, desconfiadas, foram atrás dela, gritando para que parasse. Lógico que isso não aconteceu. Virou uma esquina e entrou na primeira sala que viu. Sorte não haver ninguém ali dentro. Sacou a arma de choque e recostou-se à parede ao lado da entrada do ambiente escuro para tomar fôlego. Escutou quando as militares se aproximaram e aguardou que entrassem. A porta foi aberta lentamente, permitindo que a luz do corredor invadisse o cômodo. Quando a primeira mulher entrou, Aline atirou.

Com um grito estridente, a moça caiu com espasmos percorrendo todo o corpo. A companheira dela, ainda do corredor, puxou a arma e atirou. Aline jogou-se no chão, desviando-se do disparo, ao mesmo tempo que apertava o gatilho. Conseguiu acertá-la, que caiu da mesma forma que a outra.

Respirando rapidamente, sequer parou para refletir. Apenas puxou as duas para dentro da sala e as deixou ali. Quando voltou ao corredor, encontrando-se sozinha no andar, é que se permitiu pensar em como deveria agir. A única certeza do momento era de que precisava tirar Giovana de lá. Torceu para que Heitor estivesse bem.

Assim, com a arma de choque em riste, tinha como destino o subsolo. Andou devagar pelo ambiente, atenta a qualquer som, esgueirando-se. Chegou ao segundo andar e teria continuado a descer as escadas se não tivesse ouvido vozes. Saiu para o corredor e se escondeu atrás de uma parede de uma esquina.

Para a sua infelicidade, as vozes seguiram o mesmo caminho que ela. Logo cessaram, sendo possível escutar apenas os coturnos contra o piso. Fechou os olhos num lamento, pois sabia que teria de agir.

A presença próxima a fez sair do esconderijo e atirar no primeiro soldado que viu. O rapaz do pelotão que liderou caiu no chão agonizando, pegando de surpresa os demais. Sem esperar, investiu contra outro, acertando-lhe um chute na barriga, o que o derrubou. Os outros dois, jovens como ela, miraram, só que hesitaram por um segundo, tempo suficiente para Aline partir para cima de ambos. Acertou o primeiro com uma rasteira e o segundo com o choque.

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