Capítulo 18

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Aline saiu para o jardim de grama extremamente verde e bem aparada após conversar com César. De ombros curvados, ainda sentia o peso das palavras dele, que repetiu, incansavelmente, que o descontrole de ambos não era bem-visto tanto pelos superiores quanto subordinados. Se continuassem a se comportar de tal forma, teriam sérios problemas dentro do exército e até poderiam ser expulsos. Dar-se bem com Alexandre não era mais uma opção, e sim uma obrigação. Afinal, foram os líderes do pelotão, cumpriram a primeira missão com maestria, capturando um rebelde e sendo condecorados por isso, e os olhos de todos estavam sobre eles. Intrigas de cunho pessoal deveriam ser deixadas de lado.

Ela entendia e concordava com tudo o que o capitão lhe disse. Realmente perdera o controle, pois Alexandre foi, naquele momento, toda a personificação da sociedade que a pressionava cada vez mais. Respirando fundo, acomodou-se em um banco qualquer e abaixou a cabeça. De um lado, ter de se dar bem com ele de qualquer forma não lhe agradava. Seria muito mais fácil evitá-lo para sempre, sem contato, o que era impossível. Por outro, torceu para que o sermão que César passaria em Alexandre fosse mais repetitivo que o dela e que ele compreendesse que não poderia tratar as pessoas como vinha fazendo. Heitor foi amigo dele por anos, merecia respeito, e ela não queria ficar com ele, o que também precisava ser respeitado.

Ergueu a cabeça ao escutar o próprio nome. Mônica e Raul se aproximavam. Sentando-se na ponta do banco, abriu espaço para que ambos ali se acomodassem. Com uma expressão aflita, Mônica comentou o que ouviu das pessoas, querendo que Aline confirmasse alguns fatos.

— É tudo verdade — suspirou. — O beijo, o descontrole do Alexandre e o meu.

— Nunca imaginei que você gostasse do Heitor...

Percebeu que havia um tom de reprovação na voz dela, algo que tentava controlar. Rapidamente, trocou olhares com Raul, que, mesmo sem palavras, lhe disse que precisava convencer as pessoas de que era apaixonada por Heitor. O leve acenar de cabeça precedeu a explicação.

— Eu... me interessei por ele desde o treinamento... — limpou a garganta, muito constrangida de tocar naquele assunto, ainda mais por ser mentira. — Preferi guardar isso para mim por um tempo para ter certeza do que sentia. E depois do acontecido com o Alexandre, percebi que não dava mais para esperar, que eu precisava me acertar com o Heitor — esfregou as bochechas, sentindo-as quente.

— Ainda não acredito que você dispensou o Alexandre para ficar com ele — a indignação se expressava no corpo, na negação com a cabeça. Ainda tomou ar para continuar falando, porém não o fez quando Raul a segurou pela mão. Com a atenção voltada para o namorado, Mônica concordou com algo que não foi dito em palavras. — Tá, desculpa — virou-se para Aline. — Você tem que ficar com quem achar melhor. Da próxima vez, só me conta quando estiver apaixonada — de forma divertida, empurrou-a com o braço.

— Tomara que não tenha uma próxima vez — sorriu, cansada. — Esse negócio de envolvimento dá muito trabalho.

Os três riram, o que quebrou o clima pesado que os cercava.

— O que o César falou para você? — Raul ajeitou-se melhor no banco, estendendo o braço pelo encosto, passando-o atrás de Mônica para acariciar o braço da namorada.

Contou com detalhes o sermão que recebeu, sem tirar a razão do capitão.

— E César nos colocou para interrogar o rebelde que capturamos. Parece que vão trazer ele para cá ainda hoje. O capitão vai nos observar o tempo todo.

— Mas por que isso? — Mônica cruzou os braços diante do peito, sem compreender o motivo daquilo.

— Ele só quer ter certeza de que os dois podem trabalhar juntos — Raul concluiu, e Aline assentiu. Afinal, era exatamente aquele o motivo.

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