Capitulo 77 - Palavras não ditas

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Oi galerinha, voltei com o capitulo.

Dessa vez é verdade, porque já teve um alarme falso mais cedo (eu estava de boa na creche que trabalho escrevendo enquanto a maioria das crianças dormia e deixei o celular no colchão no chão para pegar alguma coisa, quando voltei um aluno meu tinha apertado e postado o capitulo inacabado) -- Prefiro pensar que ele achou tão bom que deveria compartilhar com vocês logo.

Então, graças a ele, eu tive inspiração para terminar o capitulo. E aqui está ele pra vocês.

Espero que gostem. Comentem, votem, compartilhem etc...
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O dia ensolarado e a brisa leve que deixava o clima ameno, tornava aquele o dia perfeito para um casamento no jardim do castelo. Os convidados esperavam a chegada da noiva de pé, formando um corredor por onde ela teria que passar.

Ao final dele, Lord Narcisse tentava disfarçar a inquietação que o nervosismo lhe proporcionava. Porém ele sabia que não era somente o fato de se casar com Lola que o deixara nervoso. O encontro com Olga havia lhe afetado, não porque ele ainda gostava dela, afinal, como ela havia feito questão de enfatizar, faziam 24 anos que eles não se viam. A palavra certa para o que ele sentia talvez fosse mágoa, ele estava disposto a deixar tudo por Olga e ela não foi capaz de lhe dar uma única explicação antes de desaparecer.

As trombetas soaram anunciando a aproximação da rainha e a noiva. Como de costume, a rainha entrou primeiro e assumiu seu lugar perto dos noivos. Lady Kenna e Lord Sebastian estavam ao lado de Narcisse e Lady Greer e Lord Castleroy estavam do outro lado, como padrinhos. Os filhos de Lord Narcisse estavam mais ao fundo, Luc sorria com orgulho pelo pai, já Darnley não se preocupava em esconder sua desaprovação por seu pai se casar com uma moça que tinha praticamente a sua idade. Henry apenas estava preocupado com a hora em que poderia descer dali.

Um sorriso instantâneo se formou nos lábios de Narcisse quando ele viu Lola no começo do corredor. Ela estava linda, usando um vestido branco de mangas compridas que marcava sua cintura fina. A melodia tocada pelos músicos embalou seus passos até o altar.

A cerimônia ocorreu de forma tranquila. Vez por outra, Lola e Narcisse trocavam olhares cúmplices e apaixonados, porém não eram os únicos. O olhar de Francis encontrava o de Mary a cada instante, para ele, não havia mais nada que valesse a pena ser olhado. A rainha tentava focar sua atenção na cerimônia, mas o sentia o peso dos olhos azuis de Francis sobre si, acendendo mil faíscas em seu corpo, fazendo-a corar.

Os noivos trocaram os votos e a união foi selada com um beijo. Em seguida, todos se dirigiram ao salão do castelo, onde aconteceria a festa. A música soava animada e os noivos se dirigiram para o meio do salão, posicionando-se para a dança.

Os outros convidados se posicionaram em volta do casal, parando para observá-los. Mary estava mais a frente, perto de Lady Greer e Lord Castleroy, porém resolveu sentar-se perto de Lady Kenna que já havia ido para seu lugar em um divã que ficava posicionado em um canto do salão que lhe proporcionava uma boa visão de tudo que acontecia. Sebastian não estava com Kenna, provavelmente deveria ter ido buscar algo para a esposa comer.

No caminho, Mary não pôde deixar de notar alguns olhares julgadores que o casal recém-casado recebia. Eles podiam ter esclarecido toda a história e o fato de Lola e Narcisse não serem traidores de verdade, mas isso não mudava o fato de que eles haviam fugido juntos antes do casamento.

- O que foi? - indagou Kenna, quando viu o olhar nenhum pouco feliz de Mary.

- Os olhares que Lola e Narcisse recebem são cruéis - suspirou a rainha, sentando-se ao lado da amiga.

- Bem-vinda a corte - ironizou Kenna.

- Acho que os olhares são piores do que os boatos.

- No começo sim - admitiu Kenna, acariciando a barriga.

Não foi nada fácil para Kenna retornar à corte depois de sua lua de mel, pois sua barriga já começava a dar sinais e com isso, começaram os comentários sobre ela já estar grávida antes do casamento. Havia perdido as contas de quantas vezes havia chorado nos braços de Sebastian por conta dos olhares que recebia.

- As pessoas podem ser cruéis - suspirou - mas depois você aprende a não se importar. Olhe como eles estão felizes.

Mary seguiu o olhar de Kenna para encontrar Narcisse e Lola ainda dançando no meio do salão, a expressão deles era da mais pura felicidade. Bash se juntou às meninas, depositando um beijo na cabeça de sua esposa e lhe entregando alguns petiscos em um prato de vidro.

Em seguida ele acariciou a barriga de Kenna. O olhar de Mary passeou pelo salão, passando mais uma vez por Lola e Narcisse e depois encontrando Lady Greer e Lord Castleroy que, assim como outros casais, haviam se juntado à dança. Era bonito de se ver o carinho e a paixão existente entre eles.

Involuntáriamente, Mary procurou por Francis na multidão. Ele estava parado com Leith perto de outros soldados, apesar de não estarem em serviço. Não foi preciso mais que alguns segundos para que ele sentisse que era observado e seus olhos azuis fossem puxados como imãs para os olhos escuros de Mary.

Naquele momento, o tempo pareceu parar. Havia tanta coisa expressa naquele olhar, tanto sentimento que não podia ser demonstrado, tantas palavras que não podiam ser faladas.

- Kenna tem razão - disse Bash, tirando Mary de seu transe - depois você aprende a não se importar com as pessoas.

Havia um olhar cúmplice nos olhos de Bash.

- É tudo tão complicado - choramingou  ela.

- Sempre foi - concordou Kenna - mas isso não impediu vocês dois de fugirem para tentar se casar.

Ambos riram, um tanto envergonhados. Parecia que a fuga deles havia sido a tanto tempo. Muita coisa havia mudado de lá para cá, ambos haviam amadurecido e tinham seguido caminhos diferentes. Agora Mary sentia o peso da coroa, sentia a pressão da responsabilidade de governar dois países, ainda mais sabendo que um deles era tomado a cada dia. Ela sentia que muitos esperavam que ela desce um passo em falso para que puxassem  seu tapete e isso a deixava insegura. Mesmo tendo sido criada para governar e fazer com que os outros se dobrassem à sua vontade, até mesmo seu futuro marido. No entanto, sentia-se impotente de uma maneira que ela nunca imaginou que se sentiria, afinal fora criada para ser forte.

- As coisas pareciam mais fáceis naquela época - disse Mary.

- Elas não eram - rebateu Sebastian - a gente só não se importava tanto com as consequências.

- Talvez você devesse voltar a pensar assim - sugeriu Kenna - pelo menos em alguns momentos ou em assuntos específicos.

A dama olhou diretamente para Francis, tendo o olhar acompanhado por Mary e por Bash, que acenou, concordando com a esposa.

- Você tem fortes aliados - disse ele, encorajador.

- Vocês tem razão - disse Mary, levantando-se decidida.

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Palmas para esse casal sensato.

O que será que a Mary vai fazer?

My Reign [Concluída]Onde histórias criam vida. Descubra agora