De olhos fechados

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CAPÍTULO VINTE E QUATRO

(música recomendada: To Build a Home - The cinematic orchestra)

Olhava para o seu corpo parado na cama do hospital. Estava tão calma e parada que todo o movimento que se via dela era sua respiração. Raven e Octavia dormiam uma em cima da outra nas cadeiras no canto da sala. Seus rostos ainda vermelhos e inchados pelo choro. Eu sentava na outra das cadeiras. Também tinha tentado dormir, mas não consegui. Toda vez que fechava os olhos tudo que via era a casa pegando fogo e os gritos de ajuda de Madi.

Diferente das outras duas, eu ainda chorava. Minha barriga começou a doer depois de um certo tempo, então agora não soluçava, não fazia barulho. Só deixava lágrimas silenciosas deslizarem pelo meu rosto sem parar. Já haviam passado algumas horas desde o momento que chegamos no hospital. Jasper voltou a festa para buscar Monty já que ele não estava conosco na hora da notícia. A porta abriu e Bellamy passou por ela. Ele se aproximou e se agachou na minha frente.

-Como você tá? – Perguntou com a voz suave. Normalmente, essa seria a hora em que as muralhas que eu construo se ergueriam, mas elas sempre fracassavam quando o assunto era ele. Apoiei os cotovelos nas minhas pernas e descansei com a cabeça na palma das mãos.

-Horrível. Bellamy, a minha filha tá no hospital por minha causa. Eu quebrei minha promessa. Eu... no dia que ela nasceu eu segurei ela nos meus braços e prometi que a protegeria. E não cumpri com isso, eu deixei com que isso acontecesse com ela. Que tipo de mãe... – Nesse ponto as lágrimas já desciam descontrolávelmente. Antes que terminasse, ele interrompeu.

-Clarke, isso não é culpa sua. Ninguém podia ter previsto isso. Você tem todo o direito de desabar agora. Mas você é uma ótima mãe. A melhor que conheço. – Ele botou a mão em meu joelho. - Você não queria que isso acontecesse. Não é sua culpa, ok? – Eu assenti, por mais que não concordasse. – Você quer alguma coisa?

-Eu tô com sono, mas não consigo dormir. Um café cairia bem agora.

-Seu pedido é uma ordem. – Levantou lentamente. – Eu já volto. – Ele saiu. Eu voltei a olhar para a pequena. Enquanto uma única lágrima descia pelo meu rosto, eu andei até onde ela estava e peguei sua mão. A dei um leve aperto e sussurrei.

-Desculpa. – A encarei por um segundo. Desviei meu olhar dela quando um homem desconhecido entrou na sala.

-Clarke Griffin? Posso falar com você por um momento? – Concordei e ele indicou para que saíssemos do quarto para não atrapalhar as que dormiam. Ele fechou a porta atrás de mim e prosseguiu. – De acordo com a perícia o incêndio não foi criminoso. Houve um curto circuito na iluminação por sobre carga que levou ao fogo. É uma causa super comum. – Ele checou a segunda folha em sua prancheta. – Nós sugerimos uma troca dos fios elétricos para evitar a repetição desse incidente. Só uma pequena parte de sua cozinha pegou fogo. Felizmente, os seus vizinhos notificaram o corpo de bombeiros do incêndio antes que se espalhasse e causasse consequências mais sérias. A sua filha teve uma queimadura de segundo grau no braço esquerdo e desmaiou devido a inalação das toxinas geradas pelo fogo. Em pouco tempo ela acordará e vocês estarão fora daqui. Porém vamos precisar que você limpe a região infetada e enfaixe diariamente. Depois da cicatrização da queimadura a senhorita só tem que se certificar da hidratação da área e o braço dela estará novo em folha. – Eu dei um sorriso fraco. Se era tudo isso que eu precisava fazer, estava tudo bem. Tinha uma mãe médica, conhecia as queimaduras e os procedimentos. De acordo com o tratamento que ele recomendou, a queimadura era superficial.

-Obrigada. – Ela balançou a cabeça e seguiu o seu caminho. Observei enquanto o homem se distanciava. Estremeci ao toque de Bellamy em meu braço.

Missão Impossível (Bellarke)Onde histórias criam vida. Descubra agora