O que seria de Clarke Griffin sem Raven Reyes?

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CAPÍTULO TRINTA E DOIS



Dor. Mas não só emocional. Física também. Depois de chorar por horas seguidas, seu peito começa a doer de ter que lutar por ar. Então agora, chorava silenciosamente em meu quarto. Era o segundo ano como mãe de Madi quando perdi as esperanças de Bellamy jamais saber sobre sua filha. Mas, quando vi ele naquele campo de futebol após todo esse tempo, um medo junto com esperança surgiu em mim de novo dele descobrir. Só nunca pensei que seria desse jeito. Quando chegasse o momento certo, eu teria contado a ele talvez. Porém nunca imaginei ele descobrindo sem ser eu ou Octavia e Raven contando. E honestamente, ele não podia ter descoberto que era um pai de um jeito pior do que esse.

Por mais que eu quisesse ficar brava com ele, não conseguia. Ele não tinha feito nada de errado. Deveria ter ficado magoada com ele com as palavras que ele disse ontem à noite, no entanto estava magoada comigo mesma por ter feito isso com ele. Não me magoava as suas palavras cruéis porque acreditava que as merecia. Ele estava certo. Eu era a vilã da história. Eu não devia ter quebrado a sua confiança. Talvez o certo seria ter o contado assim que descobri sobre a gravidez. Mas isso não faria sentido, eu não podia contar e estragar com o seu futuro. Se ele soubesse, não estaria onde está agora. Não teria se formado. Não seria o diretor da escola. Teria uma vida completamente diferente. E eu também.

Não tinha nada que podíamos fazer agora. O ódio e desgosto em seus olhos de ontem não saiam de minha mente. Já tínhamos brigado antes, mas nada desse tipo. Não conseguia parar de pensar sobre como tinha arruinado tudo. Depois de todo esse tempo, Bellamy voltou. Eu finalmente tinha ele de volta em minha vida. E ele confessou gostar de mim de novo. Nós tínhamos tudo que precisávamos. Pena que o universo não é um conto de fadas com um final feliz. Minha vida com certeza não era uma com um final feliz, não depois de tudo que tive que passar por. Não depois da minha mãe... Não depois do que ela fez comigo. Tudo tinha ido errado desde aquele infeliz dia. Até eu ganhar Madi. Ela era tanto como o pai que parecia completar o pedaço que faltava em mim. Nunca, em um milhão de anos, eu me arrependeria de ter Madi.

Talvez tenha sido cedo demais, porém ela ainda era o meu maior orgulho. A única coisa na minha vida que eu não estraguei. Não posso dizer o mesmo da minha relação com Bellamy. Ou com a minha mãe, por mais que isso tenha sido culpa dela.

O barulho do despertador me tirou de meus pensamentos. Era de manhã já, mais precisamente a hora de acordar. Eu tinha passado a noite inteira em claro. Chorando. Ótimo. Após o barulho se repetir várias vezes, o desliguei e lentamente enquanto me levantava.

Fui ao banheiro e lavei meu rosto, tentando esconder as lágrimas e as grandes olheiras debaixo de meus olhos. Encarei o meu reflexo no espelho por um momento. Eu estava horrível. Parecia destruída. E estava. Voltei para o quarto e botei novas roupas, seguindo para o quarto de Madi. Abri a porta, mas antes de acorda-la, a observei dormir. Por sorte, quando todos os gritos e escândalos de ontem aconteceram, ela já dormia. Ainda não sabia de nada. Me aproximei e a balancei levemente. Não demorou muito para que ela abrisse os olhos.

-Bom dia, mãe.

-Bom dia. Vamos, tá na hora de levantar. – Ela suspirou e sentou na cama. – Bota o seu uniforme enquanto eu te faço uma torrada, ok? – Ela afirmou com a cabeça e saiu para o banheiro. Caminhei até o andar de baixo, chegando na cozinha. Apesar das coisas não estarem boas pra mim, não podia deixar Madi na mão. Teria que ser forte por ela. Estava tão concentrada no que fazia que não percebi ela chegar.

-Mãe. – Me assustei a ouvir a sua voz e me virei. Tinha uma expressão preocupada. – Você tá bem?

-Claro. – Menti enquanto botava a comida em sua frente.

Missão Impossível (Bellarke)Onde histórias criam vida. Descubra agora