Só existia ele e ela

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CAPÍTULO QUARENTA E UM



O natal se aproximava. Todas as lojas já haviam decorações natalinas, assim como a maioria das casas. Tinha algo encantador sobre esse feriado. Não a história boba para crianças do velhinho de vermelho que entrega presentes, mas o jeito como tudo se iluminava.

Piscas-piscas se estendem a todo lado, trazendo uma luz aconchegante para acompanhar o leve frio que normalmente vinha no final do ano. E é isso que torna essa data tão especial. O jeito que tudo ganha um pouco mais de cor e vida. O jeito que a gentileza das pessoas se multiplica. O jeito que os sorrisos aparecem nos rostos familiares e desconhecidos, de adultos e crianças.

Quando criança, o natal era seu dia favorito do ano. Era tudo tão mágico. Seu pai costumava fazer os mais diversos pratos, sempre resultando em uma refeição maravilhosa. Sua mãe a pegava no colo e a contava sobre os natais passados na família Griffin, até que as duas começassem a cantar músicas natalinas. Até o dia que não era mais mágico. Até o dia que Clarke acordou e não viu nenhum presente debaixo da árvore. Até o dia em que sua mãe foi para o hospital fazer turnos extras ao invés de ficar com a família em casa. Até o dia onde o natal virou um dia como qualquer outro.

Essa manhã, depois que Clarke saiu do trabalho, Bellamy e ela decoraram sua casa. Ela mesma tinha pedido quando estavam na casa de Raven, e ele não era alguém que desistia de suas promessas. A busca pelo presente de Octavia ainda acontecia, com a data marcada para o amigo oculto batendo na porta.

-Então, eu falei com a Octavia sobre a Raven como você me pediu. – Ele anunciou enquanto se sentava cansado no sofá. Os dois haviam acabado de terminar a decoração. Depois de desenterrar as caixas do porão, eles montaram a árvore em sua sala, a enfeitando com diversas luzes e bolas de natal. Vários piscas-piscas foram pendurados pela casa. Passaram horas e horas decorando tudo, mas também conversando e talvez se beijando um pouco...

-É? – Ela perguntou surpresa. Colocou o controle remoto de lado, ignorando a busca por um filme. Mudou sua posição no sofá, tentando ficar confortável caso essa fosse uma conversa demorada.

-É. – Afirmou. – Assim que eu mencionei o nome de Raven pra ela, Octavia congelou e começou a tropeçar pelas palavras. Ela tentou me despistar com o "Nada aconteceu entre nós duas. Estamos bem" mais falso que eu já ouvi. Eu tentei fazer mais perguntas, porém ela completamente me deixou de fora.

-Sério? Octavia não te contou mais nada?

-Não que eu me lembre. – Respondeu ele enquanto olhava para o ar, como se estivesse revivendo a cena. – Ela começou a falar um bando de palavra em cima da outra, parecia que ia explodir. Mencionou algo sobre um bar e que nunca mais beberia na vida.

-Um bar? Essa história fica cada vez mais complexa. – Confessei. Nem Raven, nem Octavia conversavam com ela sobre a outra. As três não saem mais juntas faz semanas. E para ser honesta, ela sentia muitas saudades.

-Tem alguma ideia do que aconteceu? – Bellamy questionou. Ele claramente podia ver como essa situação incomodava sua irmã, e como o incrível irmão que ele é, não podia descansar até ela estar feliz novamente.

-Não. Talvez elas ficaram bêbadas e uma delas acabou falando algo que não devia. Raven e O sempre foram tão unidas, não sei o que pode ter as separado desse jeito.

-Nem eu. Mas vai ficar tudo bem. – Me assegurou enquanto passava seu braço por cima de minha cabeça e o apoiava no meu ombro, me puxando para mais perto de si mesmo. Eu me abracei em seu lado e Bellamy beijou minha cabeça.

Era isso, os pequenos beijos e palavras e abraços, que ela adorava. Os pequenos atos de afeto e carinho, as demonstrações de que se importava. Não que ela já não soubesse, porque os dois sabem o quanto eles se importam um com o outro. Mas eram essas coisinhas que apagava todas suas inseguranças e dúvidas bobas.

Missão Impossível (Bellarke)Onde histórias criam vida. Descubra agora