Casa de Raven - Parte II

541 48 5
                                    

CAPÍTULO TREZE

Virava e me remexia, mas não conseguia dormir. Estava a algumas horas já tentando pegar no sono, mas aquela memória não me deixava em paz. "Eu não te amo mais." Cobri os meus ouvidos com minhas mãos como se isso fosse impedir a imagem de continuar a passar em minha cabeça. A ligação. As lágrimas. O colapso.

Levantei da cama e cuidadosamente fui até a porta, a abrindo. Do lado de fora do quarto somente a luz da lua através do vidro das janelas iluminavam o meu caminho. Desci as escadas segurando no corrimão para que não tropeçasse e caísse. Logo que cheguei no andar de baixo, avistei ele. Estava dormindo encolhido no canto do sofá. Permiti um sorriso escapar de mim.

Me agachei e peguei um cobertor que antes estava com Monty, mas agora estava tacado no chão e cobri Bellamy. Ele estava tão pacífico e calmo. Me sentei no braço do sofá e passei meu indicador pela pequena mecha de cabelo que estava caída em sua testa para leva-la a onde deveria ficar. E naquele momento, senti uma faísca de inspiração percorrer o meu corpo. Quando tinha essas ondas de vontade artística, tinha que aproveitar o momento por que elas normalmente demoravam para voltar.

Vi uma folha e um lápis em cima de uma mesa e me apressei para lá. Assim que sentei, comecei a rabiscar o que minha cabeça mandava. Não sabia ao certo o que estava desenhando, mas parecia que meu cérebro sabia os comandos exatos para dar a minha mão. Como adorava detalhar os meus desenhos, eles demoravam uns bons minutos se não chegasse a horas. E lentamente, senti meus olhos começarem a pesar e a fecharem, até que eu estivesse adormecida sobre a folha branca de papel.

BELLAMY POV.

Abri meus olhos enquanto o sol invadia a minha visão. Ainda estavam todos dormindo, o que era de se esperar. Além dos meus amigos serem um bando de preguiçosos, eu ainda estava acostumado com o diferente fuso horário, causando com que eu acabasse acordando mais cedo que os outros. 

Estiquei os meus braços para me espreguiçar e estranhei a sentir o tecido quente sobre o meu corpo. Havia pego uma coberta antes de ir dormir? Será que alguém invadiu a casa e me cobriu? Pera, porque alguém invadiria a casa pra me cobrir, isso não faz sentido. Me levantei procurando por algo que respondesse as minhas perguntas mentais e achei a resposta não muito longe dali.

Clarke estava debruçada sobre a mesa de vidro de Raven, em um sono que parecia desconfortável. Estava feliz por poder estar perto dela novamente. Mas não conseguia sobreviver mais um segundo sem a beijar. Ver como ela reagiu ontem a noite provou minhas suspeitas. Eu havia a machucado muito. Não queria ter feito isso, qualquer um sabia que a ultima coisa que queria fazer era magoar Clarke. Mas não tive escolha. Só queria que ela soubesse disso para que parasse de me odiar. Por mais que queria o seu amor de volta, não podia contar-lhe sobre a ação da mãe. Saber que a sua própria mãe fez isso com ela não a faria nenhum bem.

Me aproximei da loira e percebi que tinha algo em baixo de sua cabeça. Puxei com delicadeza para não a acordar e sorri ao reconhecer o que estava desenhado na folha de papel. Éramos nós todos de baixo de nossa árvore do ensino médio. Todos estavam rindo de algo e Clarke estava sentada ao meu lado enquanto eu tinha minha mão em sua cintura.

Como eu sentia saudades de poder segura-la desse jeito. E de andar segurando a sua mão para evitar os olhares curiosos dos garotos nela. E de ficar encarando os seus grandes e profundos olhos azuis. E como eu sentia saudades do carinho em minha cabeça que ela fazia sempre que deitava em seu colo. Com o desenho ainda em minhas mãos, olhei para ela e disse, mesmo sabendo que ela não me ouviria:

-Eu não vou desistir de nós ainda, Princesa.

Deposite um pequeno beijo em sua bochecha e segui o meu caminho para a cozinha para que fizesse o meu café da manhã.

Missão Impossível (Bellarke)Onde histórias criam vida. Descubra agora