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CAPÍTULO TRINTA E SEIS



*Bellamy pov*

As aulas acabariam em poucos minutos. O dia como diretor tinha sido cansativo, mesmo que ainda fossem 14:27. Em nenhum minuto ou qualquer segundo Clarke saiu da minha cabeça. Desde que Octavia me contou sobre a verdade, não consegui pensar em outra coisa além da loira. Ela, mesmo depois do que eu tive que fazer com ela, me protegeu. E eu ainda a culpei por isso. Todas as palavras cruéis que disse pra ela, as sentia como um gigante peso pairando sobre mim. Agora não fazia mais sentido nenhum qualquer das coisas que falei dela. Eu fui burro de me precipitar e não deixar ela explicar.

Clarke sempre trouxe um certo brilho a minha vida. O seu sorriso era capaz de me deixar flutuando por horas. Eu não tive uma infância muito boa, tive que crescer muito rápido, então criei desde cedo uma muralha em volta de mim. Mas ela, ela foi capaz de destruir essa muralha por completo. Cada olhar, cada beijo, cada toque trazia uma sensação incrível. Ela era uma droga e cada célula do meu corpo estava viciada. Ela nunca falhava em tornar tudo mais leve e vívido. Com ela no cômodo, as cores se intensificavam. Ela simplesmente tornava tudo melhor. E mesmo depois de tudo que fez por mim, eu a acusei como se fosse uma criminosa. Como pude ser tão idiota?

A verdade é que eu não a mereço. Não mereço a incrível, carinhosa e perfeita mulher que ela é. Já Clarke, merece algo muito melhor que eu. Alguém que a trate com respeito e amor. Que a faça rir. Que a segure quando ela precisar chorar. Que a prove o quanto ela é maravilhosa em todos os dias de sua vida. E saber que essa pessoa poderia não ser eu, era algo horrível de se saber.

Os 6 anos sem ela passaram em branco, completamente sem cores. Claro, eu tinha a minha irmã qual eu amava muito, mas Clarke ainda fazia uma enorme falta. Como se vive sem alguém que se tornou o seu tudo? As coisas simplesmente se transformaram obsoletas e sem graça.

Eu fodi tudo. Na hora estava com raiva, no entanto deveria ter me controlado por ela. As coisas poderiam ter ido de uma maneira completamente diferente, uma que não a machucasse. Uma que não a fizesse chorar.

Eu odiava ver Clarke chorar. Era como se alguém estivesse rasgando meu coração. Ver seu rosto vermelho e inchado, com seus dois olhos encharcados, era um completo pesadelo. E só pensar agora, que eu era um dos motivos dela chorar, fazia com que minha respiração se desiquilibrasse. Ela podia estar em casa agora, enterrada em sua solidão e tristeza, com lágrimas deslizando pelas suas bochechas. Não saber como ela está era sufocante.

Nesses últimos dois dias, Octavia tem sido minha informante. Me falado sobre ela, sobre o que faziam, sobre o que ela falava e como se sentia. Mas não era o suficiente. Eu precisava vê-la, falar com ela, precisava ouvir dela mesma. Porém eu estava com medo. Com medo de a olhar nos olhos como sempre e ver algo diferente. Com medo de a perder. Não podia a perder, não novamente.

Estava sentado, encostado contra o tronco, bem embaixo da árvore. A mesma árvore onde nós todos costumávamos sentar durante horas e falar até não conseguirmos mais. A mesma árvore onde abraçava e beijava Clarke. A mesma árvore onde a disse a primeira palavra depois de 6 anos. Aquela árvore sempre teve um significado especial para todos nós, mas especialmente eu e ela.

Era um alívio a ver ainda de pé. Tinha servido de abrigo para 7 adolescentes por tanto tempo. Durante todo esse tempo, ela havia crescido. Tinha agora praticamente o dobro do tamanho. Estar ali, no mesmo lugar de 6 anos atrás, trazia várias memórias à tona.

O sol radiante aquecia o meu corpo, por mais que somente algumas frestas escapassem da grande folhagem da árvore. Uma brisa refrescante se espalhava por aí. Hoje era um dia bonito, com o céu azul e poucas nuvens.

Missão Impossível (Bellarke)Onde histórias criam vida. Descubra agora