...tempestade.

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CAPÍTULO TRINTA E UM
(título 3/3)


Bellamy pov.

Abri meus olhos enquanto a luz invadia minha vista. Depois de uma semana inteira, essa foi a única vez que Clarke não dormiu em cima de mim. E não iria negar a ninguém, senti saudades do calor de sua cabeça em meu peito. Ela havia dormido rapidamente logo após a nossa dança, então não tivemos tempo para conversar. Nenhuma palavra tinha sido trocada entre nós dois desde ontem a noite.

Eu queria não ter obedecido Abby naquele dia. Nós podíamos ter dado um jeito pro futuro de Octavia, ela podia fazer faculdade fora. Ou até comigo. Qualquer coisa. Não, isso não seria uma coisa que eu faria. Entre minha felicidade e da O, a dela era sempre mais importante. Sempre. Virei meu corpo para o outro lado da cama e fiquei surpreso a não ver Clarke ali. Algo que não tinha duvidas de, era que ela amava dormir. Com certeza não teria acordado antes de mim. As chances disso eram mínimas, se não impossíveis.

Me forcei a levantar e fui para a sala. Cada vez que me aproximava, ouvia mais alto um leve som. Ela cantava, murmurando baixamente. Estava em pé em frente a grande parede de vidro na sala. Observava o mundo com calma, vendo todas as pessoas e prédios. E eu, bem, observava ela. Algo que fazia com mais frequência do que deveria. Podia ficar por horas e dias só a olhando. Me trazia paz. Sabia que assim que falasse uma palavra, ela pararia de cantar. E ficaríamos de novo no estranho e distante clima de ontem a noite.

Assim que disse o que sentia por ela, ficou muda. Parecia chocada e, não sei, talvez relutante? Agora, tinha seus dois braços cruzados em sua barriga e passou a murmurar somente uma harmonia agradável e calma. Cantar, como eu amo quando ela canta. Ela pode ser viciada na minha comida, mas eu era viciada em sua voz. Em sua tão linda e doce voz. Ela demorou um longo tempo até acreditar quando dizíamos que cantava bem, e depois disso, nunca a deixei parar. Abaixou a sua cabeça e botou uma mecha atrás de sua orelha, enquanto virava e começava a andar. Seus olhos subiram e encontraram os meus. Imediatamente, parou de andar.

-Bell. – Suspirou.

-Bom dia, princesa. – Nenhum dos dois sabia o que dizer. Um silencio constrangedor se estendia a cada frase.

-Parece que vamos ter um dia chuvoso hoje. – Disse mostrando com a cabeça os finos pingos de chuva contra o vidro. Concordei com a cabeça. Enquanto ainda olhava naquela direção, percebi que ela girava agitadamente o anel em seu dedo. Estava nervosa. Não desviava o seu olhar da janela, provavelmente tentando evitar contato visual.

-Desde quando Clarke Griffin acorda antes de todo mundo?

-Desde que ela não consegue dormir. – Confessa. – Muito pra pensar para conseguir. – Soltei um "Oh" e voltamos ao silencio. Aquela porcaria de silencio.

-Clarke, nós deveríamos falar sobre ontem a noite. Eu...

-Bellamy, não tem nada de errado. – Me interrompeu e respirou fundo. – Olha, quando você foi embora – Falou com dificuldade. – e depois disso, eu passei por umas coisas muito difíceis. Eu... eu só não quero voltar para aquela ligação. Eu não quero arriscar algo tão grande assim de novo.

-Eu sinto muito. Por aquela ligação. Eu nunca quis te machucar.

-Eu sei. Mas não é sua culpa. Eu não podia te forçar a ficar com alguém que você não amava mais.

-Eu... – ainda te amava, queria corrigir. Não podia. Pois se fizesse, buracos se criariam na história. E Clarke tentaria os preenche-los. E ela descobrir a verdade não a faria bem. Descobrir que sua própria mãe a apunhalara nas costas. Caímos em um silencio novamente. Mas dessa vez, não um silencio de constrangimento, e sim um de palavras que queriam sair, mas não eram ditas.

Missão Impossível (Bellarke)Onde histórias criam vida. Descubra agora